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Revista M&T - Ed.151 - Outubro 2011
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Infraestrutura

Uma corrida de R$ 1,5 trilhão

Durante o Sobratema Fórum Cidades, especialistas apresentam maneiras bem-sucedidas de aplicar os investimentos em infraestrutura previstos para os próximos anos

Os investimentos previstos em infraestrutura no Brasil foram revisados neste ano. E para cima: diferente do R$ 1,2 trilhão mapeado no ano passado, o número agora é de R$ 1,48 trilhão, montante que deve ser aplicado até 2016, como demonstra a pesquisa anual da Sobratema sobre o setor. Isso significa que não serão mais 9.550 obras e sim 12.265, como demonstra o relatório consolidado dessas informações, produzido pela CriActive e pela exit8.

Os detalhes sobre esse resultado pautaram a abertura do Sobratema Fórum Cidades 2011, realizado nas instalações da Fecomércio no dia 18 de outubro, onde os participantes compartilharam um clima de otimismo acerca do setor de construção civil e da solidez econômica do País. “Tão importante quanto os investimentos previstos para os próximos anos é sabermos que as reservas econômicas do Brasil, de U$ 350 bilhões, garantem que alguma crise financeira dificilmente partirá daqui”, contextualizou Afonso Mamede, presidente da Sobrateama.

A sinergia da economia do País com o setor de infraestrutura também tem a mão inversa quando compara-se o crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB), com média de 1,7% desde 1998, e picos significativos como os 6,1% de 2007. Basta lembrar que nessa época houve a nítida influência do primeiro Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1) sob o resultado positivo do PIB. Assim, o lançamento do segundo PAC, em 2010, igualmente transparece a sua contribuição para o crescimento de 7,5% do PIB em 2010 e na projeção de incremento de 5% para 2011, mesmo considerando as crises sofridas por países europeus e os Estados Unidos.

As metrópoles brasileiras são o termômetro desse avanço como servem de exemplo os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, detentores das duas maiores regiões metropolitanas. O primeiro deve ser responsável pelo maior volume de investimentos isoladamente: R$ 277 bilhões, grande parte devido aos eventos esportivos. Já São Paulo tem a segunda colocação no ranking nacional de investimentos, concentrando R$ 185,4 bilhões dos aportes previstos para os próximos cinco an


Durante o Sobratema Fórum Cidades, especialistas apresentam maneiras bem-sucedidas de aplicar os investimentos em infraestrutura previstos para os próximos anos

Os investimentos previstos em infraestrutura no Brasil foram revisados neste ano. E para cima: diferente do R$ 1,2 trilhão mapeado no ano passado, o número agora é de R$ 1,48 trilhão, montante que deve ser aplicado até 2016, como demonstra a pesquisa anual da Sobratema sobre o setor. Isso significa que não serão mais 9.550 obras e sim 12.265, como demonstra o relatório consolidado dessas informações, produzido pela CriActive e pela exit8.

Os detalhes sobre esse resultado pautaram a abertura do Sobratema Fórum Cidades 2011, realizado nas instalações da Fecomércio no dia 18 de outubro, onde os participantes compartilharam um clima de otimismo acerca do setor de construção civil e da solidez econômica do País. “Tão importante quanto os investimentos previstos para os próximos anos é sabermos que as reservas econômicas do Brasil, de U$ 350 bilhões, garantem que alguma crise financeira dificilmente partirá daqui”, contextualizou Afonso Mamede, presidente da Sobrateama.

A sinergia da economia do País com o setor de infraestrutura também tem a mão inversa quando compara-se o crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB), com média de 1,7% desde 1998, e picos significativos como os 6,1% de 2007. Basta lembrar que nessa época houve a nítida influência do primeiro Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1) sob o resultado positivo do PIB. Assim, o lançamento do segundo PAC, em 2010, igualmente transparece a sua contribuição para o crescimento de 7,5% do PIB em 2010 e na projeção de incremento de 5% para 2011, mesmo considerando as crises sofridas por países europeus e os Estados Unidos.

As metrópoles brasileiras são o termômetro desse avanço como servem de exemplo os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, detentores das duas maiores regiões metropolitanas. O primeiro deve ser responsável pelo maior volume de investimentos isoladamente: R$ 277 bilhões, grande parte devido aos eventos esportivos. Já São Paulo tem a segunda colocação no ranking nacional de investimentos, concentrando R$ 185,4 bilhões dos aportes previstos para os próximos cinco anos. E a aposta do Governo do Estado é na combinação de investimentos públicos com parcerias público-privadas (PPP). “O mundo moderno é, além de urbano, metropolitano e por isso estamos trabalhando para desenvolver metrópoles no Estado, onde 92% da população é declaradamente urbana”, avaliou Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, durante palestra âncora do evento.

A organização das ações acerca do objetivo apontado por ele estão sob coordenação da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano, criada especificamente para esse fim. A missão dessa área também engloba o aporte de até 3% da receita líquida do Estado para a destinação de PPPs. “Mas até agora só temos utilizado 7% do total que poderíamos com parcerias publico-privadas. Isso significa que temos R$ 25 bilhões anuais para investimentos com esse fim e já começamos a liberá-los”, diz Alckmin.

Os investimentos na malha ferroviária da capital paulista têm forte representatividade no total previsto para o Estado. Somente na ampliação de metrô devem ser aplicados R$ 4,9 bilhões para a construção de mais de 30 km de linhas. Atualmente, São Paulo tem 71 km de metrô, construído nos últimos 30 anos. Isso significa que foram construídos 2 km de linhas de metrô ao ano nesse período. “Com os aportes previstos, a nossa meta é construir 8 km de metrô anualmente nos próximos quatro anos”, afirma Alckmin.

Nas linhas de trens metropolitanos (CPTM), os investimentos devem totalizar R$ 1 bilhão somente em 2011 e os trechos sul e norte do Ferroanel – linha férrea que passará no entorno do Rodoanel – já seguiram para licitação. “Essa última obra representará um avanço significativo na movimentação de cargas que seguem para o Porto de Santos”, avalia ele, complementando ainda que se o projeto do Trem de Alta Velocidade ligando a cidade de Campinas ao Rio de Janeiro não sair do papel a nível Federal, o Estado de São Paulo irá construir o Expresso Bandeirantes que não é trem bala, mas é de alta velocidade e ligará a cidade do interior à capital.

No rol de investimentos em grandes obras no Estado está também a duplicação de 53 km da Rodovia dos Tamoios, cujo intuito é melhorar a ligação do Vale do Paraíba ao Porto de São Sebastião, no Litoral Norte do Estado. De acordo com o governador, os aportes previstos para esse projeto são de R$ 4,3 bilhões.

Planejamento urbano é fundamental

A metropolização das cidades paulistas defendida por Alckmin deveria, primeiramente, ser melhor definida na capital. Essa é a visão do arquiteto Mario Biselli, diretor da Biselli + Katchborian Arquitetos. Para ele, a verticalização é o caminho para resolver não somente problemas de concentração urbana, o que facilita a universalização do transporte público, mas também para minimizar o déficit habitacional. “Sim, pelo contrário do que parece, São Paulo ainda tem muito espaço para concentrar novos moradores”.

Para justificar a sua afirmação, o especialista compara a cidade de Nova Iorque com a capital paulista. “Em PIB, a capital financeira dos EUA registar US$ 1,4 trilhão enquanto São Paulo tem U$ 0,38 trilhão. Isso é resultado da cidade concentrada, gerando renda”, diz Biselli. Ele explica que enquanto Nova Iorque, com território de 789 km², concentra 10,5 mil habitantes por km2, em São Paulo a densidade demográfica é de 7,4 hab/km². “Com um território duas vezes maior do que Nova Iorque (1.522 km²), a capital paulista tem espaço para abrigar muito mais pessoas do que habita atualmente. Obviamente que essa iniciativa só poderá ser bem sucedida se os investimentos em transporte público acompanharem a concentração populacional, o que não vem acontecendo”, diz ele, comparando que enquanto São Paulo tem 71 km de metrô e pretende expandir para 102 km citados por Alckmin até 2015, Nova Iorque tem quase 400 km de redes ativas.

Investimentos Setorizados

Em conjunto com as obras ferroviárias e rodoviárias detalhadas pelo Governo de São Paulo, outros investimentos em mobilidade urbana, transporte fluvial, ampliação de portos e saneamento básico devem completar o montante previsto até 2016 e relatado no início desta reportagem. Eles também consolidam a vanguarda da região Sudeste, que mantém a maior parte quantitativa de obras no País. São 3,2 mil projetos no total, os quais somam investimentos de R$ 835 bilhões nos quatro estados da região.

O Nordeste tem a segunda posição em termos de investimentos por região, com R$ 344,6 bilhões distribuídos em dois grupos de Estados: quatro deles concentram os maiores valores, com os outros cincos complementando o bolo. No quarteto, destaque para o Ceará, que concentra R$ 89 bilhões, seguido pela Bahia, com outros R$ 68,5 bi.

A pesquisa de 2011 sobre o mercado de infraestrutura da Sobratema também apresentou a separação dos investimentos por 10 segmentos. “Essa separação é uma novidade, incluída na edição deste ano da pesquisa”, reforça Mario Humberto Marques, vice-presidente da Sobratema e apresentador da pesquisa no Fórum sobre Cidades. Essa divisão permite avaliar que o principal responsável pelo crescimento no volume de investimentos previstos é o setor de combustíveis, com forte representatividade das empresas privadas.

Esse segmento deve receber aportes deUS$ 300 bilhões até 2020, sendo que a Petrobras sozinha já teria anunciado R$ 224 bilhões entre 2011 e 2015. Um exemplo são os projetos de dutos para transporte de álcool, que somariam cerca de 1,3 mil novos quilômetros. Contando todas as empresas envolvidas, a área de exploração e produção de petróleo deve consumir US$ 117,7 bilhões, sendo 65% desse total carreado para o desenvolvimento produtivo do setor. A área de exploração ficaria com 18%, seguida de investimentos em infraestrutura (17%). O setor de gás demandaria outros US$ 9 bi, investidos em projetos para atender ao consumidor final, ampliar as termelétricas e nas plantas de transformação.

Já o segmento de energia deverá demandar investimentos de R$ 190 bilhões em geração e outros R$ 46 bilhões em transmissão, ambos valores distribuídos entre 2011 e 2020. As hidrelétricas respondem por metade desse montante (51%), seguida pelos projetos em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) de biomassa, parques eólicos (36%) e termelétricas (13%). Somente na área de PCHs, a Aneel estaria examinando cerca de 1 mil novos projetos. A energia renovável a partir dos ventos também já teria R$ 4,1 bilhões em projetos analisados pelo BNDES e haveria outros R$ 3 bilhões na fila para avaliação.

Os números do setor de saneamento, que foi o terceiro bloco apresentado na pesquisa, indicam que há um longo caminho a ser percorrido, pois o Brasil precisaria investir R$ 220 bilhões até 2022 caso quisesse universalizar o sistema de coleta e tratamento de esgoto. Hoje, cerca de 54% dos domicílios têm acesso ao serviço de esgoto, mas 33% deles usam soluções inapropriadas. Os investimentos seriam positivos, pois a cada R$ 1 bilhão apliado no setor, há o potencial de geração de 42 mil empregos diretos e indiretos. Os dados consolidados da pesquisa, porém, indicam o total de R$ 85,4 bilhões de investimentos previstos para o setor, divididos em 7,4 mil obras.

Na analise do professor da FGV e sócio da GO Associados, Gesner Oliveira, o setor de saneamento é o de maior atraso no contexto de infraestrutura e isso demonstra a importância de parcerias publico-privadas para desentravar o seu desenvolvimento. “Estamos 50 anos atrasados nesse setor e para recuperar esse tempo deveríamos investir R$ 80 bilhões por ano até 2016”, avalia ele. “Mas não é o que vem acontecendo: temos investido apenas R$ 7 bi”, afirma.

Nesse setor, a região Sudeste também sai na frente, concentrando quase metade (R$ 40 bilhões) dos investimentos totais previstos para o setor nos próximos cinco anos. A Companhia de Saneamento Básico de São Paulo, na representatividade do seu coordenador de empreendimentos, Flávio Durazzo, mostra que as tecnologias são essenciais para promover o avanço do setor: “atualmente, cerca de 80% das obras executadas pela Sabesp na capital paulista são por Métodos Não Destrutivos (MND)”. Segundo ele, essa metodologia tem sido aplicada desde a década de 70 em função do adensamento urbano da cidade de São Paulo, onde a abertura de valas tornou-se inviável. “De 1974 a 2008, implantamos quase 320 km de redes por MND”, sintetiza ele.

Durazzo revela que as tecnologias utilizadas nesse processo foram diversas e vêm evoluindo ao passar dos anos. “A principal técnica que utilizamos foi a MTBM (tuneladora), mas também tivemos boas experiências com lameira (slurry system) e perfuratriz guiada com rosca helicoidal (GBM)”, diz ele, avaliando que o Brasil ainda possui pouca oferta de tecnologias para instalação de redes de esgoto por MND.

Transportes e habitação

Menos latente do que no saneamento básico, o déficit em transportes ainda é grande no País. Para reduzi-lo, planeja-se investir a totalidade de R$ 343 bilhões até 2016. Mas há detalhes nesse volume que devem ser avaliados como um caso à parte. É o caso do Trem de Alta Velocidade (TAV), cuja construção demandaria R$ 34,6 bilhões, ou seja, praticamente 10% dos aportes estimados para o setor.

O PAC, por sua vez, prevê investimentos de R$ 42 bilhões em infraestrutura logística somente para 2012, dos quais R$ 16,8 bilhões seriam destinados a transporte e outros R$ 12, 6 bi para obras rodoviárias. Dos projetos de metrô, São Paulo representa liderança novamente com a construção da linha 5 (lilás), com R$ 5 bilhões de investimentos e 20 km de extensão.

No Rio de Janeiro não se trata de recorde volumétrico e sim de desafio vencido pela engenharia nacional com a construção do teleférico do Complexo do Alemão. Com custo total de R$ 210 milhões, o projeto recebeu tecnologia francesa, nunca antes aplicada no Brasil, e passa por 3,5 km de extensão, ligando os morros da Baiana, do Adeus, do Alemão, Itararé/Cruzeiro e Fazendinha/Palmeiras à estação ferroviária de Bonsucesso. Tudo em 15 minutos. “Foi uma obra desafiadora para a engenharia nacional, com pilares que foram de 12 a 40 metros, o que exigiu remanejamentos de linhas elétricas, além da desapropriação de 2 mil famílias”, lembra Icaro Moreno Jr., presidente da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop).

Já as obras habitacionais, também abarcadas na pesquisa, devem receber investimentos públicos que totalizam R$ 17,8 bilhões.

A primeira fase do programa Minha Casa, Minha Vida vai entregar, até 2012, 60% das residências contratadas (429 mil unidades). A segunda etapa poderá envolver até R$ 125,7 bilhões em investimentos, sendo R$ 72,6 bilhões na forma de subsidio e o restante na modalidade de financiamentos para construir 1,3 milhão de novas moradias.

O setor industrial, assim como hotéis e resorts e até mesmo os shopping centers representam os outros grupos de investimentos abordados pela pesquisa da Sobratema. A infraestrutura esportiva, cujos projetos de estádios para a Copa somam sozinhos R$ 6,4 bilhões, tem a sua representatividade de estimulo para as demais áreas de infraestrutura. Prova disso é que R$ 14,8 bilhões devem ser aplicados em 59 obras distintas, como hospitais, edifícios públicos, universidades, penitenciárias e outros empreendimentos, algo que vem como consequência dos avanços exigidos para receber dignamente os turistas que vierem assistir aos jogos no País do futebol.

 

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