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Revista M&T - Ed.234 - Junho 2019
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Equipamentos Compactos

Transição tecnológica

Equipamentos totalmente elétricos vêm ganhando espaço nos canteiros ao redor do mundo, mas ainda requerem alguns avanços técnicos e um melhor custo de aquisição
Por Antonio Santomauro

Presente nas mais variadas vertentes da indústria da mobilidade, o movimento de expansão dos equipamentos elétricos também começa a atingir as soluções da Linha Amarela. Isso ficou evidente na mais recente edição da bauma, em que diferentes marcas apresentaram versões elétricas de seus equipamentos compactos, ampliando assim uma oferta que já contava com alguns produtos anunciados previamente.

Mesmo que esses modelos ainda não tenham chegado ao Brasil, isso é mera questão de tempo e, evidentemente, de um reaquecimento do setor. Afinal, embora ainda enfrentem alguns desafios tecnológicos e mercadológicos – como uma autonomia limitada das baterias e o preço elevado de aquisição –, eles oferecem diferenciais competitivos consideráveis em relação aos modelos a combustão.

Tais diferenciais já não se restringem aos mais conhecidos, como ausência de emissão de gases, ademais afeita às exigências crescentes de sustentabilidade ambiental. Há ainda outros, capazes de favorecer os modelos elétricos até mesmo em comparativos focados no desempenho, no mínimo equivalente ao dos equipamentos a diesel.

Há até quem fale em desempenho superior, como é o caso de Mario Neves, gerente de desenvolvimento de distribuidores da Wacker Neuson para a América Latina. “Em motores a combustão, o torque máximo – que na construção é mais importante que a potência – é atingido somente em determinada rotação, enquanto nos elétricos está disponível o tempo todo”, explica. “Além disso, a eficiência energética dos elétricos é de cerca de 90%, enquanto os motores a combustão convertem em energia um máximo de 40% do combustível, em circunstâncias favoráveis.”


Presente nas mais variadas vertentes da indústria da mobilidade, o movimento de expansão dos equipamentos elétricos também começa a atingir as soluções da Linha Amarela. Isso ficou evidente na mais recente edição da bauma, em que diferentes marcas apresentaram versões elétricas de seus equipamentos compactos, ampliando assim uma oferta que já contava com alguns produtos anunciados previamente.

Mesmo que esses modelos ainda não tenham chegado ao Brasil, isso é mera questão de tempo e, evidentemente, de um reaquecimento do setor. Afinal, embora ainda enfrentem alguns desafios tecnológicos e mercadológicos – como uma autonomia limitada das baterias e o preço elevado de aquisição –, eles oferecem diferenciais competitivos consideráveis em relação aos modelos a combustão.

Tais diferenciais já não se restringem aos mais conhecidos, como ausência de emissão de gases, ademais afeita às exigências crescentes de sustentabilidade ambiental. Há ainda outros, capazes de favorecer os modelos elétricos até mesmo em comparativos focados no desempenho, no mínimo equivalente ao dos equipamentos a diesel.

Há até quem fale em desempenho superior, como é o caso de Mario Neves, gerente de desenvolvimento de distribuidores da Wacker Neuson para a América Latina. “Em motores a combustão, o torque máximo – que na construção é mais importante que a potência – é atingido somente em determinada rotação, enquanto nos elétricos está disponível o tempo todo”, explica. “Além disso, a eficiência energética dos elétricos é de cerca de 90%, enquanto os motores a combustão convertem em energia um máximo de 40% do combustível, em circunstâncias favoráveis.”

Prevista para chegar ao mercado em outubro, a miniescavadeira EZ17e é uma das apostas elétricas da Wacker Neuson

O primeiro equipamento elétrico da marca foi introduzido em 2016, com a chegada da pá carregadeira WL20e. Hoje, seu portfólio de equipamentos movidos por baterias inclui, entre outros, alguns modelos de dumpers, placas e rolos de compactação e vibradores de concreto, além de uma miniescavadeira híbrida. “Em outubro, lançaremos a miniescavadeira EZ17e, mas também já está em desenvolvimento a EZ26e, ambas 100% elétricas”, complementa Neves, referindo-se a soluções com pesos operacionais de 1,7 e 2,6 t, respectivamente.

Além da questão energética, os equipamentos elétricos podem apresentar vantagens também no quesito manutenção, justamente por serem mais eficientes, com motores que dispensam os radiadores necessários à refrigeração dos modelos a diesel. Também prescindem de motor de partida, bicos e bombas de injeção, válvulas de admissão e de escape, dentre outros componentes que requerem cuidados nas versões a combustão.

Além disso, em intervalos variáveis entre 250 e 500 h as máquinas a diesel devem parar para troca do óleo do motor e, eventualmente, dos filtros. “Já as máquinas elétricas concentram a manutenção e a lubrificação nos sistemas hidráulicos e nos mecanismos de movimentação”, ressalta Pedro Medeiros, gerente da Bobcat no Brasil. Na última bauma, a empresa lançou a miniescavadeira E10e, uma versão totalmente elétrica de um de seus principais carros-chefes, o modelo E10, de 1 t. “Essa máquina tem a mesma performance do equipamento a combustão”, garante Medeiros.

ADEQUAÇÃO
Por si só, as reduzidas dimensões dos compactos já os tornam mais adequados ao trabalho em ambientes urbanos. A nova miniescavadeira da Bobcat, por exemplo, tem cerca de70 cm de largura, o que a torna capaz de passar até mesmo por uma porta. Todavia, os motores elétricos potencializam ainda mais esse uso, pois são significativamente mais silenciosos. “Isso é muito útil para que os equipamentos possam trabalhar durante a noite”, ressalta Boris Sánchez, gerente de suporte a vendas da Volvo CE para a América Latina.

Na bauma deste ano, a marca apresentou seus primeiros compactos totalmente elétricos da Linha Amarela, incluindo a miniescavadeira ECR25 e a carregadeira compacta L25. Ambas começam a ser comercializadas em 2020, marcando o início da substituição dos motores a combustão, ao menos no segmento dos compactos da empresa. De acordo com Sánchez, “no próximo ano a Volvo CE iniciará a descontinuaçãogradativa de máquinas compactas a diesel, lançando exclusivamente modelos com propulsão elétrica”.

Soluções como a miniescavadeira Bobcat E10e prometem o mesmo desempenho das similares a diesel

Voltando às características técnicas, o gerente de produto da JCB do Brasil, Ricardo Nery, observa que, no caso dos equipamentos da marca britânica, a menor emissão de ruído dos equipamentos elétricos pode chegar a cerca de cinco vezes menos que a dos modelos com motor a diesel. Desde meados de 2018, a empresa disponibiliza a miniescavadeira elétrica 19C-1 E-TEC, com capacidade de 1,9 t. “Com baterias totalmente carregadas, essa máquina apresenta o mesmo desempenho de uma similar a diesel em quesitos como velocidade de escavação e força de desagregação”, reforça.

TRANSIÇÃO
Relativamente aos modelos a diesel, os equipamentos elétricos geram benefícios também na operação, pois, como destaca Neves, respondem mais rapidamente aos comandos. “E diferentemente dos motores a combustão, que normalmente permanecem ligados em marcha lenta por curtos intervalos durante a operação, os motores elétricos não consomem energia nem se desgastam nesses intervalos”, acrescenta.

Neves também prevê que esses equipamentos tendem a ganhar um espaço cada vez maior na Linha Amarela, embora ainda não seja crível falar em fim dos motores a combustão. “Mas é praticamente certo que este tipo de motor perderá o absoluto protagonismo que tem hoje”, destaca.

Já Nery, da JCB, crê que “ao menos por um bom tempo” os dois modelos conviverão no mercado, até por ainda ser difícil trabalhar com equipamentos elétricos em locais mais afastados, onde não há disponibilidade de energia. Mesmo assim, a JCB em breve disponibilizará novas máquinas elétricas, ampliando sua oferta. “Em junho lançaremos a versão elétrica de um teletruck (espécie de empilhadeira com braço telescópico), atualmente disponível somente em versões diesel e GNV”, antecipa o executivo.

Por sua vez, Medeiros, da Bobcat, vê os equipamentos elétricos ainda como uma “tendência”, considerando prematura a previsão do fim dos motores a combustão. “Até pelas regulações existentes nos vários mercados, a transição das tecnologias pode ser lenta e, por isso, não acredito que os motores a combustão desapareçam no curto ou médio prazo”, justifica.

A Bobcat, conta Medeiros, começou a comercializar uma miniescavadeira elétrica logo após a bauma, porém em escala ainda reduzida. “Ainda não pensamos no lançamento no Brasil, mas já percebemos interesse em clientes daqui, onde esse equipamento pode ser utilizado em aplicações noturnas, em ambientes urbanos e em locais que exigem silêncio, como nas proximidades de hospitais”, diz.

Para Sánchez, da Volvo CE, as máquinas elétricas constituem “o futuro”, embora não seja possível prever a velocidade e a intensidade de sua integração às demais tecnologias. No entanto, já estão definitivamente inseridas no processo de P&D da Volvo CE. “Hoje, temos em curso três correntes de mudanças tecnológicas: eletromobilidade, máquinas inteligentes e canteiros de obra automatizados”, detalha Sánchez.

Fornecedora global de sistemas de transmissão e componentes para motores, a Dana também vem intensificando sua presença no mercado de soluções elétricas. Além de participar do desenvolvimento de uma miniescavadeira da Mecalac, no início deste ano a marca lançou as linhas Spicer Electrified e-Axle e e-Gearbox, versões elétricas de sistemas de transmissão off-road antes disponíveis apenas para modelos a combustão.

A miniescavadeira Mecalac e12 utiliza drive system com componentes elétricos da Dana

Para essa fabricante, os motores elétricos apresentam outras vantagens além de eficiência e manutenção. “Trazem função de frenagem regenerativa e, por serem constantes, garantem condução mais agradável”, explica Cezar Montenegro, diretor de engenharia da Dana, que também não crê no fim dos motores a combustão, preferindo apostar em um processo de “hibridização” dos equipamentos.

“Esse modelo combina o melhor de cada fonte de força, beneficiando-se também dos sistemas de captura de energia cada vez mais presentes nos veículos”, pondera.

OBSTÁCULOS
Mas a ainda insuficiente durabilidade das baterias é um dos principais obstáculos que os equipamentos elétricos enfrentam, sendo um dos fatores capazes de garantir um tempo de vida mais longo às máquinas a diesel. Afinal, é complicado carregar essas baterias – hoje feitas de íons de lítio – em muitos dos locais onde os equipamentos de Linha Amarela são necessários.

Por outro lado, é preciso considerar que os motores a diesel também estão evoluindo. “Na Europa, já se caminha para o Tier V, com emissão zero de poluentes”, lembra Nery, da JCB. Segundo ele, o equipamento elétrico da JCB pode operar 4 h em ritmo contínuo, ou até 8 h em ritmo normal de trabalho. “Esse intervalo é praticamente o tempo que dura o combustível no tanque de um equipamento a diesel”, acentua.

Exibida na bauma, a miniescavadeira ECR25 encabeça projeto de eletrificação da Volvo CE

Também a miniescavadeira elétrica da Bobcat pode operar durante um turno de 8 h, com a recarga feita em uma rede padrão de 230 V. Mas o equipamento dispõe de um opcional externo que permite a recarga de 80% da capacidade da bateria em menos de 2 h. “Em um futuro próximo as baterias deixarão de constituir um desafio, tanto tecnológico quanto no custo”, prevê Medeiros.

Por falar nisso, neste início de substituição tecnológica os equipamentos compactos elétricos ainda têm um custo de aquisição que, em muitos casos, pode girar entre 50% e 100% acima das versões convencionais. Mas essa diferença também é impactada por acessórios e características específicas de cada modelo, o que relativiza a desproporção. “Hoje, nossa versão elétrica tem um custo equivalente ao da versão Premium a diesel, que entre outros itens traz painel de segurança – para bloqueio automático – e cabine fechada com ar condicionado”, exemplifica Nery.

Como acontece com qualquer nova tecnologia, o custo inicial de aquisição tende a diminuir com o inevitável ganho de escala. Segundo Neves, da Wacker Neuson, quando foram lançadas as empilhadeiras elétricas tiveram seu desempenho comercial prejudicado pelo custo, mas agora são demandadas inclusive por empresas que não têm problemas com emissões, mas reconhecem sua durabilidade e ganhos na manutenção. “Atualmente, alguns distribuidores vendem mais empilhadeiras elétricas que a diesel”, arremata.

Eletrificação começa a chegaràs máquinas de maior porte

No início deste ano, a Caterpillar divulgou uma parceria com o distribuidor holandês Pon Equipment, que desenvolveu o protótipo da escavadeira Z-Line (de emissão zero), baseada no modelo 323F de 26 t e movida a baterias de íons de lítio. Segundo o comunicado, a construtora norueguesa Veidekke planeja adquirir 8 unidades desses equipamentos, o que pode marcar mais um passo em direção a um futuro elétrico nos canteiros. “Com capacidade de 300 kWh, somente o pacote de baterias da escavadeira pesa 3,4 t, podendo fornecer energia por um período de 5 a 7 h”, diz a divulgação.

Equipada com pacote de baterias de 3,4 t, a escavadeira elétrica Cat da série Z-Line atuará na Noruega

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