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Revista M&T - Ed.239 - Novembro 2019
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Coluna do Yoshio

Trabalhos que nada ensinam

"Quando uma atividade profissional ou mesmo um mero emprego não produz outro benefício senão a remuneração, o seu valor é muito limitado, quase inútil para a vida.”

O trabalho é um dos processos educativos mais importantes na vida de um cidadão. Quando uma atividade profissional ou mesmo um mero emprego não produz outro benefício senão a remuneração e seus acessórios para o cidadão, o seu valor é muito limitado, quase inútil para a vida.

Um dos exemplos mais contundentes disso é o emprego “deseducador” que existia há alguns anos nos shopping-centers mais sofisticados do Brasil. Na época, havia uma moça que anotava cada venda da loja, totalizando seu faturamento para cobrança da comissão do shopping.

Tal atividade existia porque os lojistas não reportavam suas vendas corretamente à administração. Mas creio que nunca houve uma preocupação sobre a influência desta experiência nos jovens que exerciam tal atividade. Nunca se questionou que oferecer um emprego sem valor agregado e com aprendizado nulo seria o mesmo que enganar a pessoa, confundindo a razão da remuneração.

Certa vez, recomendei a uma destas moças que procurasse um emprego produtivo o mais rápido possível. Afinal, se viesse a habituar-se a este emprego e nele permanecesse por algum tempo, no fundo ela só teria perdido tempo na vida em troca de uma baixa remuneração. Nada de útil teria aprendido com a experiência.

Contudo, pensar que este fato é parte do passado e que não há mais empregos sem valor agregado e sem aprendizado é um grande equívoco. Há poucos dias, por exemplo, estive em Brasília, onde o funcionalismo ainda tem práticas históricas. Na recepção de uma agência a moça do atendimento demonstrou em poucos segundos uma falta de atenção e qualificação que só continua sendo aceita em uma repartição pública. Certamente, a falha desta funcionária diz tudo sobre incompetência de sua chefia.

Em outra oportunidade, ao participar de um curso notei que havia um


O trabalho é um dos processos educativos mais importantes na vida de um cidadão. Quando uma atividade profissional ou mesmo um mero emprego não produz outro benefício senão a remuneração e seus acessórios para o cidadão, o seu valor é muito limitado, quase inútil para a vida.

Um dos exemplos mais contundentes disso é o emprego “deseducador” que existia há alguns anos nos shopping-centers mais sofisticados do Brasil. Na época, havia uma moça que anotava cada venda da loja, totalizando seu faturamento para cobrança da comissão do shopping.

Tal atividade existia porque os lojistas não reportavam suas vendas corretamente à administração. Mas creio que nunca houve uma preocupação sobre a influência desta experiência nos jovens que exerciam tal atividade. Nunca se questionou que oferecer um emprego sem valor agregado e com aprendizado nulo seria o mesmo que enganar a pessoa, confundindo a razão da remuneração.

Certa vez, recomendei a uma destas moças que procurasse um emprego produtivo o mais rápido possível. Afinal, se viesse a habituar-se a este emprego e nele permanecesse por algum tempo, no fundo ela só teria perdido tempo na vida em troca de uma baixa remuneração. Nada de útil teria aprendido com a experiência.

Contudo, pensar que este fato é parte do passado e que não há mais empregos sem valor agregado e sem aprendizado é um grande equívoco. Há poucos dias, por exemplo, estive em Brasília, onde o funcionalismo ainda tem práticas históricas. Na recepção de uma agência a moça do atendimento demonstrou em poucos segundos uma falta de atenção e qualificação que só continua sendo aceita em uma repartição pública. Certamente, a falha desta funcionária diz tudo sobre incompetência de sua chefia.

Em outra oportunidade, ao participar de um curso notei que havia um rapaz dedicado a coletar as assinaturas dos participantes em uma prancheta, o que me fez lembrar a minha época de ensino primário (o ensino básico de hoje), em que alguém carimbava diligentemente a caderneta diária de presença de cada aluno. Eis aí outro trabalho sem qualquer valor agregado, gerando um aprendizado inútil. Mas que diz muito sobre a chefia da área, que certamente reclama da falta de recursos e de condições de trabalho.

Como conclusão, posso deduzir que a grande responsabilidade dos gestores atuais continua sendo desenvolver e capacitar continuamente seus colaboradores. Negligenciar esta função é subtrair aos colaboradores as oportunidades da vida. Se aqueles que trabalham em sua equipe e convivem com você diariamente não obtiverem ao menos um bom aprendizado, considere-se um chefe incompleto e, sobretudo, medíocre.

*Yoshio Kawakami
é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

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