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Revista M&T - Ed.212 - Maio 2017
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Intermodal 2017

Sumidade em transporte

Corredores lotados da 23a Intermodal South America surpreendem até os mais céticos, prenunciando o reaquecimento do comércio exterior no segundo semestre
Por Camila Waddington

Sob a alcunha de maior evento das Américas direcionado aos setores de logística e transportes, a Intermodal South America mais uma vez ocorreu em um momento marcado pela turbulência político-econômica no país. Não por outro motivo, a expectativa trazia roupagem sóbria, sem grandes adornos para celebração.

Mas a 23a edição da feira surpreendeu até mesmo os mais cautelosos. Organizada entre os dias 4 e 6 de abril em São Paulo, neste ano a feira recebeu mais de 25 mil visitantes, a maioria de passagem única, sendo disputados por mais de 400 expositores oriundos de 26 países de todos os continentes. Apesar dos números mais modestos – afinal, em 2016 foram 600 expositores e o mesmo volume de visitantes –, é importante lembrar que, quando de sua realização no ano passado, a crise não havia alcançado os patamares em que está hoje.

Já na cerimônia de abertura, o evento deu o tom do que viria nos três dias de sua realização. Autoridades de todo o mundo, como Geert Bourgeois, ministro-presidente de Flandres, e Ana Paula Vitorino, ministra do Mar de Portugal, uniram-se a Maurício Quintella, ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, para apresentar suas perspectivas sobre o evento – e, claro, destacar sua importância para o setor. O presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate, presenciou o discurso e afirma ter recebido bons retornos do ministro. “Ele tem uma postura muito positiva, proativa”, declarou.

INVESTIMENTOS

De fato, malgrado os atrasos nos processos de licitações, o que se deve à “burocracia que temos neste país”, o dirigente da Abifer vê com bons olhos o que vem acontecendo no país. “A questão das PPI’s, por exemplo, inclui três projetos cujas audiências para definir os critérios do edital devem acontecer ainda neste semestre: as ferrovias Ferro-Grão, Norte-Sul e FIOL (Ferrovia de Integração Oeste Leste)”, destacou.

De acordo com ele, a primeira estava prevista ainda para abril, mas, ao que tudo indica, deve acontecer mesmo agora em maio, assim como a audiência sobre a Norte-Sul. A FIOL, por sua vez, embora ainda não conste qualquer menção sobre possíveis datas, deve entrar no mesmo ritmo das outras duas. “É algo mu


Sob a alcunha de maior evento das Américas direcionado aos setores de logística e transportes, a Intermodal South America mais uma vez ocorreu em um momento marcado pela turbulência político-econômica no país. Não por outro motivo, a expectativa trazia roupagem sóbria, sem grandes adornos para celebração.

Mas a 23a edição da feira surpreendeu até mesmo os mais cautelosos. Organizada entre os dias 4 e 6 de abril em São Paulo, neste ano a feira recebeu mais de 25 mil visitantes, a maioria de passagem única, sendo disputados por mais de 400 expositores oriundos de 26 países de todos os continentes. Apesar dos números mais modestos – afinal, em 2016 foram 600 expositores e o mesmo volume de visitantes –, é importante lembrar que, quando de sua realização no ano passado, a crise não havia alcançado os patamares em que está hoje.

Já na cerimônia de abertura, o evento deu o tom do que viria nos três dias de sua realização. Autoridades de todo o mundo, como Geert Bourgeois, ministro-presidente de Flandres, e Ana Paula Vitorino, ministra do Mar de Portugal, uniram-se a Maurício Quintella, ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, para apresentar suas perspectivas sobre o evento – e, claro, destacar sua importância para o setor. O presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate, presenciou o discurso e afirma ter recebido bons retornos do ministro. “Ele tem uma postura muito positiva, proativa”, declarou.

INVESTIMENTOS

De fato, malgrado os atrasos nos processos de licitações, o que se deve à “burocracia que temos neste país”, o dirigente da Abifer vê com bons olhos o que vem acontecendo no país. “A questão das PPI’s, por exemplo, inclui três projetos cujas audiências para definir os critérios do edital devem acontecer ainda neste semestre: as ferrovias Ferro-Grão, Norte-Sul e FIOL (Ferrovia de Integração Oeste Leste)”, destacou.

De acordo com ele, a primeira estava prevista ainda para abril, mas, ao que tudo indica, deve acontecer mesmo agora em maio, assim como a audiência sobre a Norte-Sul. A FIOL, por sua vez, embora ainda não conste qualquer menção sobre possíveis datas, deve entrar no mesmo ritmo das outras duas. “É algo muito promissor”, afirma Abate. “Isso ocorrendo, acredito que ainda no terceiro trimestre saia o edital e, até o fim do ano, estes trechos sejam leiloados.”

Outro aspecto positivo do PPI (Programa de Parcerias de Investimento), que prevê tais leilões, são as renovações antecipadas de cinco ferrovias concedidas, da Rumo (malha paulista), MRS, VLI e duas da Vale, a Vitória-Minas e a Vale-Carajás. É o que avalia Abate. “Embora ainda haja muito a ser feito, temos uma perspectiva otimista com esse novo ciclo de investimentos”, avalia. “Os projetos escolhidos têm as licenças de operação e estão maduros, equacionados. Isso garante consistência ao programa já que, no passado, muita coisa foi planejada, mas muito pouco executado.”

Somente nestas cinco renovações, listadas em caráter de urgência, o governo espera contabilizar algo na casa dos R$ 25 bilhões em investimentos, ao que Abate acrescenta: “E com a elevação da Resolução 752 à condição de Medida Provisória, que regulamenta as renovações das concessões, também prevista para ser votada pelo Congresso em maio, temos um respaldo jurídico que deve imprimir maior celeridade aos processos de outras empresas na mesma situação.”

Hoje, diga-se de passagem, a demora na aprovação das renovações de concessão, bem como na validação de critérios para leilões de novos trechos, é o maior entrave ao desenvolvimento do segmento ferroviário.

Além dos esforços dedicados à malha ferroviária brasileira, a renovação de sete terminais portuários, conforme apontou o ministro Quintella durante sua explanação, deve atrair mais de R$ 1 bilhão em investimentos para o setor. Tudo isso integra a segunda etapa de projetos de infraestrutura previstos no PPI, que tomou o lugar de seus antecessores PIL (Programa de Investimentos em Logística) e do próprio PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), perpetrados pelo governo anterior.

Preocupação perene dos governos brasileiros, o sistema de transporte e infraestrutura também está na pauta do BNDES. O executivo Edson Dalto, gerente do Departamento de Transportes e Logística do órgão estatal, apresentou na feira um breve balanço dos montantes investidos ao longo dos últimos três anos nestas áreas. E ponderou que, apesar do valor ter caído de R$ 188 bilhões em 2014 para R$ 88 bilhões no ano passado, o Banco não deixou de investir proporcionalmente em cada setor, de acordo com a demanda específica. “No ano passado, 39% do valor foram investidos em rodovias, 30% em ferrovias e 15% em portos e terminais”, detalha. “Ainda é pouco, pelas tantas obras necessárias, mas é importante ressaltar que, mesmo diante de um cenário recessivo, mantivemos os aportes.”

Se tudo correr bem, até 2020 o BNDES pretende investir R$ 85 bilhões em infraestrutura como um todo, englobando todos os modais.

PROJETOS

Dentre os anúncios feitos na Intermodal 2017, a Infraero apostou no sucesso dos recentes leilões de aeroportos para creditar seus novos projetos. Ao todo, são onze complexos logísticos, a serem situados em Manaus (AM), Teresina (PI), Recife e Petrolina (PE), João Pessoa (PB), Uberlândia (MG), Londrina e Foz do Iguaçu (PR), Joinville e Navegantes (SC) e Uruguaiana (RS).

Destes, o que se encontra em estágio mais avançado é o da capital pernambucana, o Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional de Recife-Guararapes, cujo edital, que contempla uma área de mais de 14 mil m2 disponível para exploração por dez anos pelo concessionário, foi publicado em março. Integram os planos da Infraero, ainda, a prospecção, junto a parceiros locais de negócios, dos terminais de carga de Goiânia (GO) e Curitiba (PR), com licitações já concluídas, e de Vitória (ES) e São José dos Campos (SP), ainda em fase de homologação.

Outro destaque nesta edição foi a presença da GLP, empresa global de construção, implantação e gestão de instalações logísticas, que apresentou seu gigantesco projeto de hub logístico em construção em Guarulhos (SP). Com mais de 400 mil m2 de área construída em um total de cerca de 1 milhão de m2, a apresentação do espaço na Intermodal foi feita de uma forma, no mínimo, diferente. Um simulador de voo, instalado em um helicóptero colocado dentro do estande, levava o “passageiro” a um passeio sobre as instalações da empresa – no futuro, já que ainda estão em construção. A GLP tem um portfólio com mais de 3,6 milhões de m2 de área no Brasil, dos quais 2,5 milhões de m2 construídos e mais de 1 milhão de m2 em carteira, esperando para serem alugados.

Outra conquista que chama a atenção, principalmente em um ano de forte recessão, é a da MRS. A empresa ampliou seu portfólio com 23 novos clientes em operações de transporte de produtos agrícolas e contêineres, alcançando um crescimento de 23% na comparação entre o volume transportado em 2016 sobre o de 2015. Segundo a companhia, tal resultado é fruto da estratégia de diversificação de seus segmentos de atuação, que inclui o desenvolvimento de soluções específicas para cada perfil de carga. Além da retomada do uso da hidrovia Tietê-Paraná, no ano passado, que impactou com um aumento de 21,9% no fluxo de soja transportada por ali, a companhia passa a operar em um terminal rodoferroviário da Multilift em Sete Lagoas (MG), de olho no escoamento de grãos e cargas secas – estas oriundas das inúmeras fábricas presentes naquela região mineira. Por meio da malha da VLI, a parceria dentre MRS e Multilift pretende dar acesso direto aos produtores e fabricantes aos portos de Santos (SP) e do Rio de Janeiro (RJ).

SERVIÇOS

Na toada de novos serviços, a DHL trouxe à luz a modalidade de transporte via balsa oceânica, meio ideal para transporte de cargas superdimensionadas e/ou com carga excedente, acima de 40 toneladas, como pás e torres eólicas, que frequentemente tumultuam o tráfego nas rodovias do país.

Enquanto um caminhão carrega apenas uma destas enormidades, uma balsa é capaz de transportar até 32 unidades por vez. Geradores, bobinas, produtos metalúrgicos em geral, ou mesmo grandes volumes de cargas industriais consolidadas, também são candidatos ao serviço, disponível em rota fixa para os portos do Rio e de Vitória, com origem em qualquer terminal hidroviário interior – ou, ainda, conforme a demanda do cliente, de acordo com o projeto.

A Columbia foi outra operadora que trouxe novidades para a Intermodal. E não se trata apenas de um serviço ou nova rota de transporte, mas de todo um complexo logístico imbuído de uma proposta ousada de estabelecimento de um novo hub no país. Comemorando 75 anos neste ano, a Columbia aposta, do alto de sua experiência, na recuperação do polo da Bahia como um novo centro de distribuição de cargas, como já se tentou – e quase se conseguiu – no passado, por ocasião da instalação da fábrica da Ford, em Camaçari, dentre outros inúmeros projetos que vieram posteriormente.

Desta vez, no entanto, a proposta tem indícios de maior robustez, uma vez que a Columbia Nordeste, adquirida recentemente em sua totalidade pela holding Columbia, já está instalada na região há quase duas décadas. Em seu portfólio, o conglomerado baiano traz unidades de transporte, armazéns gerais, centro de distribuição de produtos secos, depot avançado, porto seco (armazém alfandegado), área para cargas de projeto e/ou superdimensionadas, além de centro de distribuição de produtos refrigerados. A aposta da Columbia no novo centro é de que, no momento de retomada econômica, o grupo esteja pronto para responder à demanda do mercado com uma proposta diferenciada na região nordeste do Brasil, hoje – e sempre – tão carente de serviços.

EMPILHADEIRAS A BATERIA GANHAM DESTAQUE NA FEIRA

Empilhadeiras dispensam operador e uso de combustível fóssil

Tendo como palco a maior feira de transporte e logística do continente americano, a chinesa BYD apresentou sua família de empilhadeiras ao público brasileiro. As máquinas dispensam operador e combustível fóssil de qualquer natureza, o que praticamente exclui o risco de acidentes. Também não precisam de bateria reserva por possuírem carregador portátil que, além de permitirem a recarga total do equipamento em até duas horas – ou ainda parcial, sem causar efeito memória –, têm garantia de cinco anos de fabricação. No Brasil a empresa oferece um portfólio com nove modelos: T14 (na foto), T20, ECB16, ECB18, ECB20, ECB25, ECB30, ECB35 e T50. “As baterias de lítio promovem o dobro de autonomia em comparação às baterias de chumbo ácido, com ganho patente de produtividade”, afirma a fabricante. “As empilhadeiras também têm um custo muito reduzido de manutenção, podendo chegar a R$ 27 mil de economia, já que o desgaste dos componentes do motor a energia é ínfimo.”

EVENTO MIGRA PARA O SÃO PAULO EXPO EM 2018

Após mais de uma década no Transamérica Expo Center, a partir do próximo ano a Intermodal South America passa a ser realizada no São Paulo Expo, também na capital paulista. Buscando adequar-se melhor ao calendário internacional e, assim, aumentar seu potencial de promover negócios, a edição também terá nova data – entre os dias 12 e 15 de março –, marcando um novo posicionamento da feira no país. “A mudança é uma antiga demanda do mercado que finalmente podemos atender”, afirma Jean-François Quentin, presidente da UBM Brazil, organizadora da feira. “O novo local permitirá, ainda, que o evento continue a crescer sustentavelmente, trazendo novos expositores e tecnologias ao mercado brasileiro.”

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