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Revista M&T - Ed.173 - Outubro 2013
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Coluna do Yoshio

Sobre nosso suposto apagão de engenheiros

Mais que um apagão de engenheiros, o que ocorre no país é um apagão na política de educação em todos os setores, que deve ser urgentemente revisada.

Recentemente, a mídia nacional deu grande destaque ao fato de que muitos estudantes de engenharia desistem do curso por uma série de razões, sendo a dificuldade das disciplinas uma das principais. Segundo tais análises, o índice de evasão já ultrapassaria 55% nos cursos de engenharia, criando um déficit anual de mais de 150 mil engenheiros no mercado brasileiro.

Também é interessante notar que, depois de formados, menos da metade permanece na atividade, em flagrante contraste com os médicos, por exemplo, setor no qual mais de 80% dos diplomados atuam na profissão. Tamanha volatilidade profissional do engenheiro chama a nossa atenção. Eu mesmo sou um destes profissionais que não permaneceram na área. Deveria sentir-me culpado por isso?

É corrente no mercado que os engenheiros são profissionais versáteis, que servem para quase tudo nas empresas. De fato, conheci engenheiros atuando em áreas tão diversas quanto as de Recursos Humanos, Finanças, Vendas, Marketing e Gestão ou Administração. Mas há ainda outro dado interessante. Nas universidades privadas, 60% dos alunos desistem do curso, enquanto nas públicas, 40% dos alunos não concluem. A diferença é atribuída às pesadas mensalidades das escolas privadas.

Pois bem, ao se propor também a importação de engenheiros (a exemplo dos médicos), mais uma vez as autoridades dão um encaminhamento equivocado a um problema conjuntural. Com certeza, os efeitos de uma solução tão imediatista só pode ser danosa, tanto para os médicos, quanto para os engenheiros.

A situação atual apenas indica que a proliferação de cursos sem qualidade, sem recursos para uma boa formação, sem bons professores e, muitas vezes, sem mercado ou remuneração justa para os profissionais, não oferece uma solução satisfatória. Verdadeiras fábricas de diplomas, muitas escolas privadas criam um efeito quantitativo, mas agregam muito pouco em termos qualitativos.

Em educação, como em outras áreas, produzir mais não significa necessariamente ter mais. Para se produzir bons engenheiros, assim como médicos e professores, é importante criar uma boa base, desde os primeiros anos de escola. Mas, com um modelo sem reprovações no ensino básico, é possível treinar futuros profissionais competentes?

Se


Recentemente, a mídia nacional deu grande destaque ao fato de que muitos estudantes de engenharia desistem do curso por uma série de razões, sendo a dificuldade das disciplinas uma das principais. Segundo tais análises, o índice de evasão já ultrapassaria 55% nos cursos de engenharia, criando um déficit anual de mais de 150 mil engenheiros no mercado brasileiro.

Também é interessante notar que, depois de formados, menos da metade permanece na atividade, em flagrante contraste com os médicos, por exemplo, setor no qual mais de 80% dos diplomados atuam na profissão. Tamanha volatilidade profissional do engenheiro chama a nossa atenção. Eu mesmo sou um destes profissionais que não permaneceram na área. Deveria sentir-me culpado por isso?

É corrente no mercado que os engenheiros são profissionais versáteis, que servem para quase tudo nas empresas. De fato, conheci engenheiros atuando em áreas tão diversas quanto as de Recursos Humanos, Finanças, Vendas, Marketing e Gestão ou Administração. Mas há ainda outro dado interessante. Nas universidades privadas, 60% dos alunos desistem do curso, enquanto nas públicas, 40% dos alunos não concluem. A diferença é atribuída às pesadas mensalidades das escolas privadas.

Pois bem, ao se propor também a importação de engenheiros (a exemplo dos médicos), mais uma vez as autoridades dão um encaminhamento equivocado a um problema conjuntural. Com certeza, os efeitos de uma solução tão imediatista só pode ser danosa, tanto para os médicos, quanto para os engenheiros.

A situação atual apenas indica que a proliferação de cursos sem qualidade, sem recursos para uma boa formação, sem bons professores e, muitas vezes, sem mercado ou remuneração justa para os profissionais, não oferece uma solução satisfatória. Verdadeiras fábricas de diplomas, muitas escolas privadas criam um efeito quantitativo, mas agregam muito pouco em termos qualitativos.

Em educação, como em outras áreas, produzir mais não significa necessariamente ter mais. Para se produzir bons engenheiros, assim como médicos e professores, é importante criar uma boa base, desde os primeiros anos de escola. Mas, com um modelo sem reprovações no ensino básico, é possível treinar futuros profissionais competentes?

Se os “educadores” não revisarem suas políticas à luz dos fatos e resultados práticos, como esperar que os jovens mostrem-se interessados e prossigam como profissionais? As desistências ocorrem pelas dificuldades do curso e das mensalidades, é fato. Mas, muitas vezes, o mercado também não dá o devido valor à formação, que custa tanto para ser obtida. E educação também é um bem perecível.

O fato é que, mesmo não atuando mais como engenheiro, não vejo um apagão de engenheiros no país. O que ocorre, e talvez seja até mais grave, é um apagão na política de educação em todos os setores, que deve ser urgentemente revisada. Em todo o mundo, fomentar o interesse das crianças e dos jovens para que se tornem engenheiros e cientistas tem sido um grande desafio. E este é apenas o enunciado do problema, que exige respostas muito além da mera importação de profissionais.

*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

 

 

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