P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR
Revista M&T - Ed.201 - Maio 2016
Voltar
Entrevista

"O Brasil tem pressa"

Atual presidente do Conselho de Administração da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e do Sindimaq (Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas), o executivo Carlos Pastoriza é engenheiro químico formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/SP), com MBA em administração de empresas pela Universidad de Navarra, em Pamplona, na Espanha.

Além de dirigente de uma entidade que representa 7,8 mil empresas no Brasil, Pastoriza também é sócio-diretor da associada Multivibro Indústria e Comércio, fabricante de sistemas industriais de peneiramento e classificação de materiais situada em Várzea Paulista (SP). E, preocupado com a acentuada queda nas encomendas de equipamentos e máquinas registrada nos últimos quatro anos no país, ele sentencia: “O Brasil parou. É preciso solucionar rápido estas questões políticas para o país voltar a crescer”.

Nesta entrevista exclusiva à M&T, o executivo faz um balanço da atual situação da indústria brasileira e das dificuldades que as empresas enfrentam para garantir a competitividade no mercado internacional. “O país tem pressa, a atual crise ética e política têm sido catastrófica para a indústria e para os trabalhadores no Brasil, sendo imprescindível restabelecer a governabilidade, sejam quais forem os desdobramentos do processo de impeachment que atualmente tramita no Congresso Nacional”, diz ele.

Acompanhe os principais trechos.

Como avalia o desempenho do setor de máquinas nos últimos anos?

Pelo quarto ano consecutivo a indústria de máquinas e equipamentos brasileira reduziu seu faturamento e encerrou o ano passado com queda de 13,7% no faturamento total, em uma redução de 82,47 bilhões de reais para 71,19 bilhões de reais. E os dados do mês de fevereiro acompanharam a tendência, mantendo-se abaixo do resultado observado nos últimos anos. Portanto, ratificando o cenário de contração dos investimentos, que apontam para mais um ano de crise. A indústria brasileira de bens mecânicos de capital acumula forte queda nas receitas de 24,1%, comparada ao bimestre anterior, que já registrou retração de 28,7%.

Quais são os caminhos possíveis para o setor retomar o crescimento?

<>

Atual presidente do Conselho de Administração da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e do Sindimaq (Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas), o executivo Carlos Pastoriza é engenheiro químico formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/SP), com MBA em administração de empresas pela Universidad de Navarra, em Pamplona, na Espanha.

Além de dirigente de uma entidade que representa 7,8 mil empresas no Brasil, Pastoriza também é sócio-diretor da associada Multivibro Indústria e Comércio, fabricante de sistemas industriais de peneiramento e classificação de materiais situada em Várzea Paulista (SP). E, preocupado com a acentuada queda nas encomendas de equipamentos e máquinas registrada nos últimos quatro anos no país, ele sentencia: “O Brasil parou. É preciso solucionar rápido estas questões políticas para o país voltar a crescer”.

Nesta entrevista exclusiva à M&T, o executivo faz um balanço da atual situação da indústria brasileira e das dificuldades que as empresas enfrentam para garantir a competitividade no mercado internacional. “O país tem pressa, a atual crise ética e política têm sido catastrófica para a indústria e para os trabalhadores no Brasil, sendo imprescindível restabelecer a governabilidade, sejam quais forem os desdobramentos do processo de impeachment que atualmente tramita no Congresso Nacional”, diz ele.

Acompanhe os principais trechos.

Como avalia o desempenho do setor de máquinas nos últimos anos?

Pelo quarto ano consecutivo a indústria de máquinas e equipamentos brasileira reduziu seu faturamento e encerrou o ano passado com queda de 13,7% no faturamento total, em uma redução de 82,47 bilhões de reais para 71,19 bilhões de reais. E os dados do mês de fevereiro acompanharam a tendência, mantendo-se abaixo do resultado observado nos últimos anos. Portanto, ratificando o cenário de contração dos investimentos, que apontam para mais um ano de crise. A indústria brasileira de bens mecânicos de capital acumula forte queda nas receitas de 24,1%, comparada ao bimestre anterior, que já registrou retração de 28,7%.

Quais são os caminhos possíveis para o setor retomar o crescimento?

Só podemos avançar novamente com uma reforma política, tributária, administrativa e estruturante. Apostamos que essa situação do governo possa se resolver nos próximos meses, fazendo com que o cenário político melhore e devolva a competitividade à nossa indústria. Até aqui, infelizmente, tudo o que foi anunciado pelo governo só piora o Custo Brasil.

O setor trabalha em sintonia para desenvolver um plano de ação?

Neste momento, isso é mais complicado. A nossa expectativa é que essa crise atual se resolva de um jeito ou de outro. É preciso haver uma política que possa viabilizar a indústria. Com o dólar baixo, o governo não dava ouvidos ao setor, mas isso também ficou mascarado porque, ao mesmo tempo que a indústria estava encerrando parte das suas atividades, o desemprego caiu.

E quais foram os motivos?

Ao invés de fechar, a indústria se transformava em importadora. As empresas trocavam o nome e tocavam a vida. Mas, com isso, perdeu-se valor agregado e bons empregos. Outro mascaramento ocorreu por conta do Bolsa-Família e de outros programas, que criaram uma massa de consumidores e geraram empregos em maior número em comparação às perdas na indústria. Em dez anos, reduzimos o número de empregos na indústria e aumentamos a demanda de mão de obra no setor de serviços com baixo valor agregado.

É possível aumentar as exportações nesse momento de crise?

Não é tão simples virar a chave. Há um longo caminho a ser percorrido para isso. Esse segmento está em uma crise muito grande, sendo profundamente afetado por vender muito para o governo. E agora o governo está sem dinheiro, os estados estão tão quebrados que há dificuldades até mesmo para pagar a folha de pagamento. Com isso, os investimentos em infraestrutura desapareceram. O setor de construção civil também saiu da bonança e está em queda livre. E, obviamente, isso foi amplificado com a operação Lava Jato e a crise política.

Quais mercados a indústria nacional pode explorar?

Com a alta do dólar, algumas empresas voltaram a estabelecer contatos com os seus clientes e serem competitivas no mercado externo. Se pegarmos todo o parque fabril de máquinas e equipamentos (M&E), pela ordem, exportamos para América Latina, Europa e Estados Unidos, sendo que há um forte aumento para a China, que saiu de uma participação de 1% para quase 11% no total exportado. No Chile, cerca de 10% de todo o maquinário industrial é de fabricação brasileira. O câmbio abre oportunidades para ampliar as exportações.

Já é possível prever uma retomada?

Não existe uma solução mágica. No curto prazo, acredito em explorar o dólar e brigar por market share no mercado interno. É o único instrumento disponível ao setor produtivo na tentativa de substituir bens importados, até ganhar mais espaço no mercado externo. Também vamos pressionar o governo para regular e liberar as PPP’s, para entrar dinheiro de fora e irrigar a economia. Além disso, há outras questões. Tem muita gente querendo investir no Brasil, mas não querem esperar cinco anos para aprovar uma licença ambiental, por exemplo.

Quais são os cenários possíveis para o restante do ano?

O ano começou com uma queda monumental, completamente ruim. O consumo aparente de máquinas e equipamentos caiu 26,6% em relação ao mês de fevereiro de 2015. O comparativo piora se considerarmos que o ano passado já não foi bom. No acumulado, viemos de quatro anos muito ruins. Enquanto não virarmos a página desse cenário político, fica muito difícil fazer estimativas. A impressão é de que teremos um ano muito difícil. Na Abimaq, cerca de 200 associados estão com problemas de recebimento e fluxo de caixa. E, se não recebem, também não pagam impostos, atrasam fornecedores e postergam até salários dos trabalhadores. Diante dos fatos, é difícil prever qualquer estatística.

As oscilações do dólar não ajudam a ganhar fôlego financeiro?

Sem dúvida. Por outro lado, as exportações não apresentaram recuperação e também não houve tempo para que a indústria pudesse aproveitar esse dólar valorizado. Isto leva tempo. É preciso que o dólar se estabilize, pois gera uma grande insegurança para a indústria fechar negócios. Mas há espaço para melhorar no próximo ano.

Quais são as expectativas para o setor agrícola?

Sem dinheiro para financiar bens de capital, fica difícil vender. Mas o governo assegura que não faltarão recursos à principal linha de crédito de máquinas agrícolas. Estamos aguardando o anúncio, por parte do governo, de remanejamento de recursos do BNDES para o Moderfrota. A linha de crédito receberia recursos de outras duas linhas subutilizadas, uma para silos de armazenagem e outra para agricultura de médio porte. Juntas, garantiriam 2 bilhões de reais para o financiamento de máquinas agrícolas, o que entendemos ser suficiente para chegar ao fim do ano-safra.

 

 

P U B L I C I D A D E

ABRIR
FECHAR

P U B L I C I D A D E

P U B L I C I D A D E