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Revista M&T - Ed.195 - Outubro 2015
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Entrevista

"A infraestrutura é o motor para o crescimento"

Novo presidente da JCB no Brasil, José Luis Gonçalves iniciou sua gestão com grandes desafios, como aumentar a quantidade de equipamentos nacionalizados, elevar o volume de vendas dos maquinários, investir na rede de distribuição e aprimorar os serviços pós-venda.

Com mais de 20 anos de experiência na área técnica e comercial de diversas empresas com atuação global, o executivo já atuou em diferentes países da América Latina, assim como na Suécia e nos Estados Unidos. Aos 17 anos, Gonçalves ingressou na indústria automobilística e, desde então, passou por empresas de distintos segmentos, como Denso, Electrolux e Grupo Volvo. Antes de entrar na JCB, foi presidente para a América Latina da FPT Industrial.

Nesta entrevista, o executivo avalia a importância que o mercado brasileiro representa para a matriz da empresa, que investiu 350 milhões de reais em uma nova fábrica no país, que foi inaugurada em 2012 e tem capacidade produtiva de 10 mil máquinas por ano.

Para ele, esses investimentos evidenciam o interesse que a marca mantém pelo Brasil, mesmo com o país atravessando um período de incertezas e acentuada queda de vendas no mercado de equipamentos para construção. Nessa linha, Gonçalves também discorre sobre os principais desafios que o país enfrenta na atualidade e, de quebra, detalha o planejamento de sua gestão para chegar ao futuro. A seguir, acompanhe os principais trechos.

Qual é a posição da JCB no mercado atual?

Atualmente, a JCB é o terceiro produtor mundial de máquinas da Linha Amarela, produzindo cerca de 60 mil máquinas por ano. O DNA da empresa tem como base os setores da construção, mineração, aplicações industriais e florestais. Ela surgiu com retroescavadeiras e hoje fornece uma em cada duas dessas máquinas utilizadas no mundo. Além das retroescavadeiras, a fabricante tem uma presença forte com manipuladores – a cada três manipuladores produzidos, um é da marca. A empresa mantém operações em todo mundo, incluindo unidades na Inglaterra, Índia, EUA, China e Brasil, inaugurada em 2012.

E qual é a missão da marca no Brasil?

Tanto como provedora de soluções quanto como empresa, a JCB tem uma visão e uma missão muito si


Novo presidente da JCB no Brasil, José Luis Gonçalves iniciou sua gestão com grandes desafios, como aumentar a quantidade de equipamentos nacionalizados, elevar o volume de vendas dos maquinários, investir na rede de distribuição e aprimorar os serviços pós-venda.

Com mais de 20 anos de experiência na área técnica e comercial de diversas empresas com atuação global, o executivo já atuou em diferentes países da América Latina, assim como na Suécia e nos Estados Unidos. Aos 17 anos, Gonçalves ingressou na indústria automobilística e, desde então, passou por empresas de distintos segmentos, como Denso, Electrolux e Grupo Volvo. Antes de entrar na JCB, foi presidente para a América Latina da FPT Industrial.

Nesta entrevista, o executivo avalia a importância que o mercado brasileiro representa para a matriz da empresa, que investiu 350 milhões de reais em uma nova fábrica no país, que foi inaugurada em 2012 e tem capacidade produtiva de 10 mil máquinas por ano.

Para ele, esses investimentos evidenciam o interesse que a marca mantém pelo Brasil, mesmo com o país atravessando um período de incertezas e acentuada queda de vendas no mercado de equipamentos para construção. Nessa linha, Gonçalves também discorre sobre os principais desafios que o país enfrenta na atualidade e, de quebra, detalha o planejamento de sua gestão para chegar ao futuro. A seguir, acompanhe os principais trechos.

Qual é a posição da JCB no mercado atual?

Atualmente, a JCB é o terceiro produtor mundial de máquinas da Linha Amarela, produzindo cerca de 60 mil máquinas por ano. O DNA da empresa tem como base os setores da construção, mineração, aplicações industriais e florestais. Ela surgiu com retroescavadeiras e hoje fornece uma em cada duas dessas máquinas utilizadas no mundo. Além das retroescavadeiras, a fabricante tem uma presença forte com manipuladores – a cada três manipuladores produzidos, um é da marca. A empresa mantém operações em todo mundo, incluindo unidades na Inglaterra, Índia, EUA, China e Brasil, inaugurada em 2012.

E qual é a missão da marca no Brasil?

Tanto como provedora de soluções quanto como empresa, a JCB tem uma visão e uma missão muito significativas para o Brasil. A matriz da empresa investiu cerca de 350 milhões de reais na fábrica de Sorocaba (SP), tornando-a uma das mais modernas da Linha Amarela no Brasil. Tal nível de investimentos é a maior prova do compromisso com o país e com o mercado brasileiro. De 2015 a 2017, a empresa deve investir mais de 50 milhões de reais em programas de nacionalização, o que significa apostar em ferramental, engenharia, validações de testes, enfim, todos os processos que visam a trazer componentes para serem fabricados localmente.

Quais são os seus principais desafios como presidente?

Meu principal papel é fazer com que a fábrica no Brasil aumente a produção. A planta tem uma produção que varia de 20 a 25% da capacidade instalada. Hoje, estamos fazendo em torno de 1.500 a 1.800 máquinas, sendo que a capacidade total pode chegar a 10 mil máquinas (com três turnos de trabalho) e capacidade normal de 6 mil máquinas. Ou seja, ainda temos um bom espaço para crescer e capacidade para atender ao mercado. Outro ponto chave do processo de crescimento no país é obter a nacionalização dos equipamentos.

O que já foi possível obter nesse sentido?

A JCB tem mais de 300 linhas de produtos e, no Brasil, estamos explorando apenas 20, ou seja, temos um portfólio muito interessante para avaliar para o Brasil, de acordo com a necessidade do país. Porém, o mais importante é assegurar que as máquinas que já produzimos por aqui tenham acesso ao Finame e possuam bons índices de conteúdo nacional. Na nossa planta no Brasil já produzimos cinco linhas, incluindo a retroescavadeira e a escavadeira que já possuem Finame, além de recentemente termos conseguido Finamizar a pá carregadeira 422ZX. Produzimos também manipuladores telescópicos e rolos compactadores, mas ainda sem Finame. Geograficamente, a JCB está presente em todos os estados do país e, como fábrica, somos exportadores para a América Latina.

Qual é a estratégia adotada para aumentar a participação no país?

No Brasil, temos cerca de 8 a 9% de participação de mercado. Isso deixa claro que, em termos de estrutura, a JCB quer se comprometer com o país, investindo em novos produtos e fazendo com que os equipamentos produzidos na Inglaterra se tornem brasileiros por meio de nacionalização. Aqui, ainda não somos lideres em retroescavadeira e manipuladores, por exemplo, mas acredito que a JCB está buscando reverter esse cenário. Contamos com uma rede de concessionárias com 17 grupos e mais de 50 pontos espalhados pelo país, uma estratégia essencial para o nosso desenvolvimento. Afinal, eles representam a nossa bandeira frente aos clientes. Nossa rede tem investido de forma contínua em treinamento técnico, peças e ferramental para realizar a manutenção e acompanhamento das máquinas. Com uma estratégia clara e tendo uma equipe de primeiro nível – tanto dentro da JCB como na rede – seremos capazes de alcançar a liderança. Não podemos esquecer que a JCB é uma das mais novas empresas de Linha Amarela no país. Os grandes do setor têm entre 30 e 50 anos no Brasil, enquanto a JCB tem apenas 15 anos de atuação. Ainda estamos entre os mais novos, temos tempo para chegar ao nível de desempenho que já alcançamos mundialmente.

Além da retroescavadeira, quais produtos são mais competitivos aqui?

Sinceramente, creio que todos. Os manipuladores contam com uma participação significativa, ao passo que as demais máquinas, como escavadeiras, rolos compactadores e pás carregadeiras ainda têm participação tímida apenas porque foram lançados recentemente com produção local. Mas, com a estrutura firmada no país, podemos aumentar a participação desses produtos.

As máquinas trazidas para o Brasil são tropicalizadas?

De modo geral, toda máquina que trazemos passa por uma validação, sendo adaptadas às condições locais, como temperatura e tipo de operação. Na Europa ou nos EUA, as máquinas trabalham em torno de 600 a 800 h por ano, enquanto aqui temos máquinas que operam mais de 2.000 h. Por isso, temos de fazer com que essas máquinas atendam às nossas reais necessidades, sendo mais duráveis e com pouca manutenção. E elas se adaptam bem às exigências dos clientes brasileiros.

Como analisa o mercado de equipamentos no Brasil?

O Brasil é um mercado extremamente competitivo, sendo um dos países com mais marcas de equipamentos, não necessariamente com plantas, mas em comercialização. No país, temos fabricantes das Américas, Europa e Ásia, todos atuando em uma vasta gama. É um mercado competitivo e de alta demanda, sendo um bom conhecedor de máquinas, fazendo com que a concorrência brigue de forma acirrada. Mas, ao mesmo tempo, é um mercado que ainda não atingiu o seu potencial, que tem um bom caminho para chegar ao ápice.

O mercado brasileiro passa por mudanças? De que tipo?

Sim, o mercado brasileiro está sofrendo uma transformação. Antes, o empreiteiro, o locador e o construtor compravam uma retroescavadeira devido à versatilidade, pois fazia todo o trabalho. Até quatro anos atrás, fazia-se uma vala de 20 cm com uma retro que escavava 80 cm, ou seja, era um custo muito alto, só que as margens permitiam absorver. A partir do momento em que o mercado passou a exigir custos menores, o cliente começou a perceber que pode optar por uma máquina menor que faça aquele trabalho específico, porém com redução de custo e economia de combustível. Assim, os clientes passaram a buscar máquinas menores e específicas para determinadas tarefas. Além disso, com a exigência de máquinas menores em grandes centros urbanos, passou a crescer o volume de equipamentos compactos no país.

Como a JCB avalia o agronegócio no país?

No exterior, a JCB tem uma forte participação agrícola. E o compromisso com o Brasil é trazer a força que a JCB tem em outros países, especialmente nesse setor. E, um dos primeiros passos foi firmar a parceria com a Cooperativa de Produtores Rurais (Coopercitrus), considerada uma das maiores cooperativas do país na comercialização de insumos, máquinas e implementos agrícolas, como o primeiro distribuidor do segmento agrícola da marca no Brasil. A ideia de apostar nesse setor no Brasil surgiu há dois anos, quando buscamos fortalecer uma rede dedicada para atender exclusivamente ao segmento. Equipamentos como o manipulador telescópico, com uma série de acessórios como garfos, garras e caçambas, estão sendo utilizados em diferentes setores da agropecuária, como na manipulação de bags de grãos e fardos de algodão, carregamento de fardos de palha de cana em usinas etc., além de atuarem na cadeia de produção de biomassa, aumentando a produtividade, pois substituem outras máquinas como tratores adaptados e pás carregadeiras, que não contam com a mesma capacidade de carga e elevação.

Quais serão os próximos passos?

Acredito que podemos dividir em dois principais: o primeiro é passar da melhor forma possível por essa situação que temos em 2015, com a queda do mercado e demanda reduzida. Nosso desafio é ultrapassar esse momento dimensionando e mantendo nossa operação da melhor forma possível, sem causar qualquer prejuízo ao cliente. E, em segundo lugar, no médio e longo prazo a JCB Brasil visa a buscar retorno ao que a matriz investiu em solo brasileiro, firmando-se em uma posição de liderança em retroescavadeira e manipuladores, além de crescer em outras linhas.

Em relação ao mercado, quais são as expectativas para 2016?

Esperamos um ano igual ou um pouco melhor do que 2015. O grande motor para o crescimento é a infraestrutura e, ao percorrer o país ao longo da minha carreira, pude verificar que o Brasil ainda tem muito a fazer nesse sentido. Com a visão de infraestrutura, você começa a revigorar o país, não só pelo volume de máquinas trabalhando, mas também com a possibilidade de abrir caminho para todo o resto. É um ciclo virtuoso, pois a infraestrutura é a base de tudo, é o motor que gera empregos em todos os setores da construção, desde os serviços operacionais, como pedreiros e operadores de máquinas, até geólogos e engenheiros mecânicos. Além disso, ao construir um aeroporto, por exemplo, provavelmente haverá a construção de hotéis, centros comerciais, transportes. Ou seja, é um efeito em cadeia poderoso. Se não tivermos essa visibilidade e, sobretudo, condições para que se comece a fazer esse tipo de projeto, será difícil retomar o crescimento.

 

 

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