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Revista M&T - Ed.137 - Julho 2010
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Hidrelétrica de Jirau

Novo recorde para a engenharia brasileira

Com mudanças no projeto e um planejamento de obra voltado à máxima produtividade no canteiro, a hidrelétrica de Jirau começará a gerar energia no prazo de 33 meses após o início da sua construção
Por Melina Fogaça

O  relógio aponta 2h00 da madrugada e o ronco dos motores dos equipamentos pesados interrompe o silêncio da floresta Amazônica no entorno da obra. Para implantar a maior usina hidrelétrica em execução no Brasil desde a construção de Tucuruí – e 14ª maior do mundo – a construtora Camargo Corrêa mobiliza uma frota de cerca de 2.000 equipamentos de grande porte, entre escavadeiras hidráulicas, tratores, caminhões, guindastes, carretas de perfuração e outros, que operam ininterruptamente durante 22 horas por dia, em dois turnos de trabalho.

Até concluir a construção da usina hidrelétrica de Jirau, a construtora deverá acrescentar alguns recordes a sua extensa lista de projetos desse tipo. Um deles certamente será o prazo de execução. Entre a data da licença de instalação (LI) da obra, obtida em junho de 2009, e o início da operação das primeiras unidades geradoras, previsto para março de 2012, terá transcorrido pouco mais de dois anos e meio. Sem dúvida, trata-se de um feito inédito para uma usina do porte de Jirau, que terá 3.450 MW de potência instalada e vai gerar uma energia assegurada de 2.000 MW médios.

A redução no prazo de execução da obra deve ser atribuída ao projeto inovador apresentado pela empresa Energia Sustentável do Brasil, que venceu a licitação para implantação e operação de Jirau. Com pequenas mudanças no projeto, que incluíram o deslocamento da usina de sua localização original, ela reduziu o volume de obras civis previsto inicialmente (veja quadro na página ao lado). Como resultado, além do custo da hidrelétrica ter diminuído, ela resultará em menor impacto ambiental e ainda permitirá a navegabilidade do rio Madeira, onde fica localizada.

Duas obras em uma
Juntamente com a hidrelétrica de Santo Antônio, Jirau faz parte do aproveitamento energético do rio Madeira, em Rondônia, cuja construção figura como um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O empreendimento pertence à empresa Energia Sustentável do Brasil, controlada pela Suez Energy (50,1%), Eletrosul (20%), Companhia Hidroelétrica do São Francisco – Chesf (20%) e grupo Camargo Corrêa (9,9%), que deverá investir R$ 11 bilhões na sua construção.

As obras civis estã


O  relógio aponta 2h00 da madrugada e o ronco dos motores dos equipamentos pesados interrompe o silêncio da floresta Amazônica no entorno da obra. Para implantar a maior usina hidrelétrica em execução no Brasil desde a construção de Tucuruí – e 14ª maior do mundo – a construtora Camargo Corrêa mobiliza uma frota de cerca de 2.000 equipamentos de grande porte, entre escavadeiras hidráulicas, tratores, caminhões, guindastes, carretas de perfuração e outros, que operam ininterruptamente durante 22 horas por dia, em dois turnos de trabalho.

Até concluir a construção da usina hidrelétrica de Jirau, a construtora deverá acrescentar alguns recordes a sua extensa lista de projetos desse tipo. Um deles certamente será o prazo de execução. Entre a data da licença de instalação (LI) da obra, obtida em junho de 2009, e o início da operação das primeiras unidades geradoras, previsto para março de 2012, terá transcorrido pouco mais de dois anos e meio. Sem dúvida, trata-se de um feito inédito para uma usina do porte de Jirau, que terá 3.450 MW de potência instalada e vai gerar uma energia assegurada de 2.000 MW médios.

A redução no prazo de execução da obra deve ser atribuída ao projeto inovador apresentado pela empresa Energia Sustentável do Brasil, que venceu a licitação para implantação e operação de Jirau. Com pequenas mudanças no projeto, que incluíram o deslocamento da usina de sua localização original, ela reduziu o volume de obras civis previsto inicialmente (veja quadro na página ao lado). Como resultado, além do custo da hidrelétrica ter diminuído, ela resultará em menor impacto ambiental e ainda permitirá a navegabilidade do rio Madeira, onde fica localizada.

Duas obras em uma
Juntamente com a hidrelétrica de Santo Antônio, Jirau faz parte do aproveitamento energético do rio Madeira, em Rondônia, cuja construção figura como um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O empreendimento pertence à empresa Energia Sustentável do Brasil, controlada pela Suez Energy (50,1%), Eletrosul (20%), Companhia Hidroelétrica do São Francisco – Chesf (20%) e grupo Camargo Corrêa (9,9%), que deverá investir R$ 11 bilhões na sua construção.

As obras civis estão sob responsabilidade da Camargo Corrêa e a montagem eletromecânica será realizada pela Enesa, com equipamentos fornecidos pelas empresas Alstom, Bardella, Voith Siemens e Andritz. Esse consórcio, entretanto, responde pelos equipamentos instalados apenas no vertedouro e na casa de força da margem direita, já que as turbinas previstas para a casa de força da margem esquerda serão fornecidas pela fabricante chinesa Dong Fang.

Hidário Martins, gerente executivo da Camargo Corrêa, explica que o cumprimento de prazos tão apertados exige atenção ao cronograma e ao planejamento de produção no canteiro. “Tratamos o projeto como duas obras ind ependentes, que são executadas simultaneamente nas margens direita e esquerda do rio”, diz ele. O maior volume de atividades se concentra atualmente na margem direita, que irá abrigar o vertedouro e uma casa de força com 28 turbinas. Na outra margem ficará a segunda casa de força, com 18 turbinas, interligada à primeira pela barragem de enrocamento.

Execução antecipada
Devido a essa estratégia, o canteiro conta atualmente com duas centrais de britagem – uma com capacidade para 400 t/h, na margem direita, e outra dimensionada para produzir 160 t/h, na margem esquerda – e cinco usinas de concreto, também distribuídas entre os dois lados do rio (veja quadro na página 22). As instalações operam de forma autônoma, de acordo com as necessidades de produção em suas respectivas áreas de abrangência.

“Além disso, locamos duas centrais da concreteira Wanmix, para atender à grande demanda de produção de concreto na margem direita do rio”, diz João Lázaro Maldi Junior, superintendente de equipamentos da Camargo Corrêa. Essa quantidade de instalações se justifica pelo planejamento da obra. Apesar dos serviços transcorreram simultaneamente nas duas margens do rio Madeira, as estruturas do lado direito terão sua conclusão antecipada, para que as turbinas da primeira casa de força entrem em operação em março de 2012.

A antecipação no cronograma das obras da margem direita também se deve à localização do vertedouro, que será usado para desvio do rio. Somente após a construção dessa estrutura e o desvio do rio, em 31 de julho de 2011, a construtora poderá avançar na execução da barragem de enrocamento, que terá altura mínima de 23 m e máxima de 56 m. “As alterações no projeto e a redução no prazo de execução da obra implicaram mudanças no planejamento de execução da obra”, justifica Hidário Martins.

Segundo ele, a construção da usina está com cerca de 40% de avanço físico. “Temos que concentrar a maior parte dos trabalhos nessa época do ano, pois a região Amazônica se caracteriza por intensas chuvas entre os meses de novembro e abril, que inviabilizam as escavações e lançamentos de grandes volumes de concreto.” Para atender ao planejamento de produção, as escavações de solo e rocha mobilizam escavadeiras hidráulicas de maior porte, de 50 t e 60 t de peso operacional. Elas também atuam no carregamento de caminhões 8x4, que realizam o transporte dos materiais para bota-foras, para a produção de brita ou áreas de estoque, de onde serão retirados para futuro aproveitamento na obra.

Barragem com asfalto
Seguindo o conceito de “administrar a obra com dois canteiros independentes”, os deslocamentos são planejados para que os caminhões percorram um trajeto médio de 2 km, de forma a proporcionar maior produtividade ao ciclo de carga e transporte. “Também mobilizamos uma frota de caminhões articulados, já que nesse momento da obra algumas pistas tornam inviável o tráfego de caminhões rodoviários”, completa João Lázaro.

Apesar de sua política voltada ao uso de frota própria, principalmente em projetos de grande porte, a construtora está lançando mão de grande quantidade de equipamentos de terceiros para atender aos volumes de produção da obra. A estratégia não se resume apenas às carretas usadas na perfuração de rocha, mas também à locação de muitos caminhões e demais equipamentos de terraplenagem. Vale ressaltar que essa frota não inclui os rolos compactadores e demais equipamentos mobilizados na construção da barragem de enrocamento, que se encontra em fase inicial.

“Começamos a executar as fundações pela margem direita, mas seu avanço está condicionado ao desvio do rio”, explica Martins. Segundo ele, a Camargo Corrêa estuda uma alteração no projeto da barragem, substituindo o uso de argila por asfalto no núcleo da estrutura. “Usamos essa tecnologia com sucesso na hidrelétrica Foz do Chapecó, reduzindo consideravelmente o tempo necessário para a compactação dos materiais.” Em Jirau, essa mudança pode representar uma alternativa diante dos prazos da obra e dos prolongados períodos de chuvas na região, que interrompem os serviços de movimentação de solos.

Pessoal mobilizado
Hidário Martins explica que a construção da hidrelétrica ainda não atingiu o pico das atividades, quando mobilizará cerca de 19 mil funcionários, entre profissionais da própria Camargo Corrêa e das empresas subcontratadas para serviços especiais de engenharia. Nessa etapa, prevista para meados do próximo ano, a obra deverá gerar cerca de 40 mil empregos, incluindo as empresas instaladas em Porto Velho, capital de Rondônia, ou no próprio canteiro de obras, para o fornecimento de insumos, peças e o suporte às máquinas utilizadas nos serviços de terraplenagem, concretagem e montagem eletromecânica.

Do total de trabalhadores mobilizados no empreendimento, cerca de 2.000 estão atuando na operação de equipamentos, entre profissionais da própria construtora e das empresas subcontratadas. “Temos um projeto, em parceria com o Senai, que forma cerca de 200 pessoas por mês e já capacitou 5.000 profissionais, entre pedreiros, serralheiros, operadores de máquinas e outras atividades”, afirma Martins. Mesmo assim, ele ressalta as dificuldades na contratação de profissionais especializados, principalmente num projeto que tem o compromisso de empregar 80% de mão de obra local.

“Procuramos contratar o maior percentual possível de mão-de-obra local, mas, para desempenhar algumas atividades muito especializadas, como engenheiros, técnicos e supervisores, somos obrigados a deslocar profissionais da construtora lotados em outras regiões do País”, confirma João Lázaro. Apenas na área de equipamentos, a obra conta com nada menos de 2.200 funcionários, que atuam na gestão da frota, nas oficinas mecânicas, manutenções em campo e na operação das instalações fixas, como usinas de britagem e concretagem (veja quadro na página 20).

Grandes concretagens
Assim como na terraplenagem, a construção das estruturas de concreto foi planejada com foco na máxima produtividade. “Nos blocos menores, como os pilares dos vertedouros, lançamos os concreto por bombeamento”, diz Hidário Martins. Com isso, a construtora registra um avanço médio de 20 a 25 m/h na execução das estruturas, que é a velocidade de deslocamento das formas deslizantes. “Em compensação, nos blocos maiores, que consomem grande volume de concreto e não apresentam restrições à velocidade de lançamento, utilizamos caminhões equipados com esteira telescópica”, ele completa.

Martins se refere ao equipamento Telebelt, fornecido pela Putzmeister, que estende um transportador de correias a partir do chassi de um caminhão, para lançamento do concreto até o ponto de aplicação. Além de possibilitar grandes volumes de concretagem, o sistema viabiliza o lançamento de materiais mais secos e não bombeáveis – concretos com baixo fator água/cimento ou com agregados maiores. “Estamos operando com um equipamento desse tipo, mas no pico da obra teremos sete unidades”, ressalta João Lázaro. Nesse período, o consumo de concreto será de 120 mil m3/mês, contra os cerca de 70 mil m3/mês demandados atualmente.

Se o lançamento de grandes volumes confere alta produtividade ao empreendimento, ele também exige maior controle na temperatura do concreto, para que as estruturas não sofram fissuras decorrentes de calor de hidratação (durante a cura). Por esse motivo, a obra conta com duas centrais de gelo – uma em cada margem do rio – que permitem produzir concreto a uma temperatura de lançamento de 15ºC a 17ºC, ou seja, até 8ºC abaixo do usual em concretagens convencionais.

“São centrais montadas em contêineres, com operação totalmente automatizada, que produzem gelo em escama para utilização em lugar de água na composição do concreto”, diz João Lázaro. Os equipamentos foram adquiridos da alemã KAB-Ice, recentemente incorporada ao grupo Schwing Stetter, e também se caracterizam pela configuração modular, facilitando sua montagem nos canteiros. “Além de gelo, eles produzem água gelada para baixar a temperatura dos agregados usados no concreto.” A operação é realizada por meio de sprinklers, que borrifam essa água sobre a brita durante a alimentação da central.

Início das montagens
Hidário Martins explica que as estruturas da usina estão sendo construídas com um traço de concreto usual em obras de hidrelétricas, a uma taxa de armação de 62 kg/m3, nas casas de força, e de 48 kg/m3, no vertedouro. “Nessa área, o destaque fica para os sete guindastes de torre montados sobre trilhos, que são usados para a instalação das formas e armações nos locais de concretagem”, ressalta João Lázaro. O maior deles, usado para a instalação de formas, tem uma capacidade de carga de 120 tm (toneladas x metro).

A frota de equipamentos para levantamento de cargas também conta com guindastes móveis, sendo que o maior deles, de 160 t de carga, está sendo usado na montagem de uma central de concreto.

Atualmente, as obras da hidrelétrica se encontram em estágio adiantado na concretagem das estruturas do vertedouro e da casa de força da margem direita. No final de julho, o empreendimento registrou o início da montagem das primeiras turbinas, com a instalação das virolas – estruturas de aço com cerca de 14 t, que servem para blindar a área de escape da turbina de forma a não comprometer a geração de energia.

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