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Revista M&T - Ed.143 - Fevereiro 2011
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Construção Portuária

Novas tecnologias viabilizam a expansão de Pecém

Instalação de um novo terminal no Porto de Pecém (CE) vai quintuplicar a capacidade de escoamento de alguns produtos, mas projeto exigiu superação da engenharia brasileira
Por Camila Waddington

Orçada em R$ 372 milhões, a construção do novo Terminal de Múltiplo Uso (TMUT) do Porto de Pecém (CE) prossegue em ritmo acelerado para que seu cronograma seja cumprido à risca, com a entrega do empreendimento até junho deste ano. O projeto, pertencente à Secretaria de Infraestrutura do Ceará (Seinfra) e à Companhia de Integração Portuária do Ceará (Cearáportos), vem sendo executado pelo consórcio composto pelas construtoras Marquise e Ivaí Engenharia, com o emprego de tecnologias pioneiras para a engenharia brasileira.

O projeto envolve a ampliação do quebra-mar e da ponte de acesso ao TMUT (píer), além da construção de mais um cais com dois berços de atracação. Um novo pátio para contêineres e equipamentos portuários também faz parte do empreendimento e será implantado sobre um aterro hidráulico de 1,6 milhão de m³, ocupando uma área de 84 mil m². Com isso, ele facilitará a movimentação de materiais ao criar áreas para o carregamento e descarregamento no novo terminal.

Um dos destaques da obra é a ponte de acesso ao novo píer, que está sendo ampliada sobre o mar em uma extensão de 342 m – além do próprio píer em construção para atracar mais dois navios simultaneamente. Isso por que ela se apoia sobre um sistema de fundação jamais utilizado em obras do tipo no Brasil, segundo informa o consórcio construtor. “A solução consiste em uma parede metálica combinando estacas-prancha e estacas-tubo com três níveis de tirante”, sintetiza Renan Carvalho, diretor de obras da Marquise.

As estacas-tubo têm, em média, 33 m de comprimento e vêm sendo cravadas a 11 m de profundidade no solo marítimo. Outros 18 m ficam submersos e os 4 m restantes ficam acima da lâmina d’água. As estacas-prancha, que mais se assemelham a uma parede metálica inteiriça, são posicionadas entre as estacas-tubo.  “A união entre os dois tipos de estacas é feita por conectores metálicos e o atirantamento é realizado por meio de insertos, que promovem a fixação dos tirantes na cortina metálica de contenção do aterro”, salienta o especialista.

Desafios enfrentados
Ele explica que a execução dessa fundação é realizada com o uso de guindastes de 210


Orçada em R$ 372 milhões, a construção do novo Terminal de Múltiplo Uso (TMUT) do Porto de Pecém (CE) prossegue em ritmo acelerado para que seu cronograma seja cumprido à risca, com a entrega do empreendimento até junho deste ano. O projeto, pertencente à Secretaria de Infraestrutura do Ceará (Seinfra) e à Companhia de Integração Portuária do Ceará (Cearáportos), vem sendo executado pelo consórcio composto pelas construtoras Marquise e Ivaí Engenharia, com o emprego de tecnologias pioneiras para a engenharia brasileira.

O projeto envolve a ampliação do quebra-mar e da ponte de acesso ao TMUT (píer), além da construção de mais um cais com dois berços de atracação. Um novo pátio para contêineres e equipamentos portuários também faz parte do empreendimento e será implantado sobre um aterro hidráulico de 1,6 milhão de m³, ocupando uma área de 84 mil m². Com isso, ele facilitará a movimentação de materiais ao criar áreas para o carregamento e descarregamento no novo terminal.

Um dos destaques da obra é a ponte de acesso ao novo píer, que está sendo ampliada sobre o mar em uma extensão de 342 m – além do próprio píer em construção para atracar mais dois navios simultaneamente. Isso por que ela se apoia sobre um sistema de fundação jamais utilizado em obras do tipo no Brasil, segundo informa o consórcio construtor. “A solução consiste em uma parede metálica combinando estacas-prancha e estacas-tubo com três níveis de tirante”, sintetiza Renan Carvalho, diretor de obras da Marquise.

As estacas-tubo têm, em média, 33 m de comprimento e vêm sendo cravadas a 11 m de profundidade no solo marítimo. Outros 18 m ficam submersos e os 4 m restantes ficam acima da lâmina d’água. As estacas-prancha, que mais se assemelham a uma parede metálica inteiriça, são posicionadas entre as estacas-tubo.  “A união entre os dois tipos de estacas é feita por conectores metálicos e o atirantamento é realizado por meio de insertos, que promovem a fixação dos tirantes na cortina metálica de contenção do aterro”, salienta o especialista.

Desafios enfrentados
Ele explica que a execução dessa fundação é realizada com o uso de guindastes de 210 t de capacidade, mobilizados sobre flutuantes, com o auxílio de mergulhadores para o posicionamento dos tirantes e dos blocos de ancoragem em concreto pré-moldado. As estacas recebem tratamento especial para resistir à corrosão provocada pela alta salinidade dos mares cearenses. “As peças são jateadas com tinta especial, do tipo poliamida, e ainda recebem proteção catódica”, destaca Roberto Reis, superintendente de obras da Marquise.

Além dos guindastes de 210 t, usados na cravação das estacas, a operação mobiliza um equipamento de 130 t para apoio às tarefas. Todos esses guindastes operam sobre barcaças, o que, por si só, representa um desafio adicional nas agitadas águas do mar cearense (veja quadro na página 18). Nos guindastes maiores, equipados com martelos especiais para a cravação da estaca-tubo, esse implemento cede lugar a perfuratrizes hidráulicas após a instalação da estrutura, para a perfuração a ser realizada antes da concretagem submersa das estacas.

“O projeto executivo exige que todas as estacas tenham ficha mínima de 11 m abaixo do solo marítimo. Quando a cravação com martelo não chega a essa profundidade, torna-se necessária a escavação em rocha, que é realizada no interior da estaca-tubo, por meio de perfuratrizes hidráulicas com brocas diamantadas”, explica Renan Carvalho. De acordo com o especialista, outro desafio da obra consiste na concretagem submersa, que utiliza componentes tubulares do tipo Tubo Tremie para o lançamento de concreto no interior da estaca, no sentido de baixo para cima.

Os desafios na concretagem da ampliação do Porto de Pecém também se estenderam à cobertura da ponte e à execução do novo píer, que utilizou concreto de alto desempenho, menos poroso e mais resistente à corrosão provocada pela maresia. “A concretagem do píer foi realizada por meio de bombas equipadas com mangote alongado”, explica Reis. “Como não havia acesso por terra durante a sua construção, o mangote alongado foi posicionado sobre bóias, permitindo o bombeamento do material até a frente de concretagem, mesmo com a bomba posicionada no quebra-mar”, ele complementa.

Logística no quebra-mar
O quebra-mar, aliás, também foi ampliado em 1.000 m, ficando com a extensão total de 2.770 m, para abrigar o novo píer com dois berços para atracação de navios. Como as demais fases da obra, sua execução também enfrentou adversidades, sendo a principal delas o funcionamento contínuo do porto. Diante desse cenário, os caminhões basculantes – usados no transporte de rocha para a construção do quebra-mar – precisavam se deslocar sobre a ponte de acesso sem interferir na movimentação dos navios e dos caminhões utilizados para o carregamento de contêineres, que trafegavam pelo mesmo espaço.

“A estrutura do quebra-mar foi construída com uma média de 1.500 m3 de rocha por metro linear, o que totalizou um volume de cerca de 1,5 milhão de m³ de rocha do tipo gnaisse despejado em toda a área expandida”, diz Renan Carvalho. “Para movimentar todo esse material, chegamos a mobilizar 70 caminhões basculantes equipados com caçamba especial para rocha, com capacidade de 16 ou 20 m3, que trafegavam entre a pedreira, localizada a 23 km do porto, e a frente de serviço”, ele complementa.

Para manter a produtividade da operação com segurança, num cenário que mesclava caminhões transportando rocha e carregamento de contêineres, o consórcio construtor realizou minuciosos cálculos de dimensionamento da frota. Nesse planejamento, o tempo de basculamento entre um caminhão e outro precisava ser de 5 a 7 minutos. “Um minuto a mais significaria operar com máquina parada na pedreira ou na frente de serviço, onde três tratores e duas escavadeiras de 40 t movimentavam material despejado pelos caminhões”, destaca Eduardo Scherrer, gerente de obras da Ivaí Engenharia.

Na pedreira, o consórcio construtor operou com oito escavadeiras de 40 t, dedicadas integralmente à movimentação das rochas de 1 a 6 t. Vale destacar que as rochas menores foram destinadas ao núcleo do quebra-mar e as maiores foram posicionadas nas carapaças, como é de praxe na construção de molhes. Tratores de esteira também fizeram parte da frota de movimentação de carga no lançamento de materiais na ponta do quebra-mar. “Completando a frota, utilizamos ainda três perfuratrizes pneumáticas”, salienta Scherrer.

Projetando o crescimento
De acordo com os especialistas do consórcio construtor, as obras de ampliação do Porto de Pecém serão entregues em duas etapas, começando pela liberação do primeiro berço de atracação do novo píer. Essa área corresponde a um terço do total do empreendimento e deverá ser concluída até o início de abril deste ano. As demais áreas, por sua vez, têm conclusão prevista para o meio do ano, quando o Estado do Ceará poderá contar com maior capacidade para o transporte de carga pelo modal marítimo.

A intenção da Cearáportos é que as obras ampliem em até a cinco vezes a capacidade de Pecém na movimentação de alguns tipos de produtos. Entre eles se incluem as frutas, um produto cujo porto respondeu pelo embarque de 180 mil t, entre janeiro e outubro de 2010. Com isso, o porto cearense foi responsável pelo escoamento de 32% da produção brasileira de frutas por esse tipo de modal.

 

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