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Revista M&T - Ed.169 - Junho 2013
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Estádios

Na cara do gol

Na reta final de obras, Arena do Corinthians utiliza equipamentos especiais como um guindaste de 1,5 mil t, aplicado na montagem da cobertura do estádio; Conheça o passo a passo da obra que sediará a abertura da Copa

Em maio, quando esta reportagem foi produzida, 70% das obras do Itaquerão já estavam concluídas. Esse é o status consolidado de uma operação prevista para terminar em dezembro de 2013 e que já demandou 2.270 profissionais no pico das obras.

Mas o foco desta reportagem é outro. A construção também exigiu a mobilização de 164 equipamentos pesados, incluindo máquinas para terraplanagem como escavadeiras, motoniveladoras e tratores de esteiras e para içamento como gruas, plataformas elevatórias e guindastes de até 1,5 mil t. Os volumes de materiais envolvidos também são representativos, formatando uma área total construída de 189 mil m² e um investimento previsto de R$ 850 milhões.

“Tais números refletem a complexidade construtiva do Itaquerão”, avalia Frederico Barbosa, gerente operacional da Odebrecht, empresa responsável pela construção da arena paulista, que sediará a abertura da Copa do Mundo FIFA de 2014. Para ilustrar a afirmação, o engenheiro separa as obras em diversas etapas, incluindo fundações, terraplanagem, montagem das arquibancadas em concreto pré-moldado, instalação da cobertura metálica e aplicação do gramado.

FUNDAÇÕES

Com a bola rolando, foi necessário lançar mão de um mix de soluções de engenharia. “Nas fundações, por exemplo, utilizamos três soluções: estacas pré-moldadas, estacas-raiz e estacas cravadas por hélice contínua”, explica o especialista.

Barbosa revela que a operação exigiu a utilização de 3,4 mil estacas pré-moldadas, com diâmetro entre 50 cm e 70 cm cada. A instalação foi realizada com o uso de bate-estacas por queda livre ou martelo hidráulico, ambos da frota especialmente mobilizada para as obras. “Já as estacas-raiz somaram mais de 8,8 mil m perfurados, com a aplicação de 570 peças”, diz ele. As estacas-raiz foram instaladas de forma inclinada ou reta, nos locais da fundação que exigiram maior tração. Os equipamentos de hélice contínua, por sua vez, atuaram na cravação de outras 60 estacas, instaladas em áreas de suporte das rampas de acesso ao prédio principal do estádio.

Ainda na fase de terraplanagem, o engenheiro destaca a execução de um muro de contenção de aterros, com extensão de 630 m e altura variável entre 5 m e 14 m. “Essa contenção


Em maio, quando esta reportagem foi produzida, 70% das obras do Itaquerão já estavam concluídas. Esse é o status consolidado de uma operação prevista para terminar em dezembro de 2013 e que já demandou 2.270 profissionais no pico das obras.

Mas o foco desta reportagem é outro. A construção também exigiu a mobilização de 164 equipamentos pesados, incluindo máquinas para terraplanagem como escavadeiras, motoniveladoras e tratores de esteiras e para içamento como gruas, plataformas elevatórias e guindastes de até 1,5 mil t. Os volumes de materiais envolvidos também são representativos, formatando uma área total construída de 189 mil m² e um investimento previsto de R$ 850 milhões.

“Tais números refletem a complexidade construtiva do Itaquerão”, avalia Frederico Barbosa, gerente operacional da Odebrecht, empresa responsável pela construção da arena paulista, que sediará a abertura da Copa do Mundo FIFA de 2014. Para ilustrar a afirmação, o engenheiro separa as obras em diversas etapas, incluindo fundações, terraplanagem, montagem das arquibancadas em concreto pré-moldado, instalação da cobertura metálica e aplicação do gramado.

FUNDAÇÕES

Com a bola rolando, foi necessário lançar mão de um mix de soluções de engenharia. “Nas fundações, por exemplo, utilizamos três soluções: estacas pré-moldadas, estacas-raiz e estacas cravadas por hélice contínua”, explica o especialista.

Barbosa revela que a operação exigiu a utilização de 3,4 mil estacas pré-moldadas, com diâmetro entre 50 cm e 70 cm cada. A instalação foi realizada com o uso de bate-estacas por queda livre ou martelo hidráulico, ambos da frota especialmente mobilizada para as obras. “Já as estacas-raiz somaram mais de 8,8 mil m perfurados, com a aplicação de 570 peças”, diz ele. As estacas-raiz foram instaladas de forma inclinada ou reta, nos locais da fundação que exigiram maior tração. Os equipamentos de hélice contínua, por sua vez, atuaram na cravação de outras 60 estacas, instaladas em áreas de suporte das rampas de acesso ao prédio principal do estádio.

Ainda na fase de terraplanagem, o engenheiro destaca a execução de um muro de contenção de aterros, com extensão de 630 m e altura variável entre 5 m e 14 m. “Essa contenção foi feita em sistema Terramesh, que consiste num muro de suporte construído com uso de gabiões e ancoragem reforçada por geogrelhas”, diz.

TERRAPLANAGEM

No que tange à movimentação de terra, a necessidade construtiva equivale a uma boa zaga, para proteger a equipe de contra-ataques. Isso porque, na avaliação do especialista, a terraplanagem representa uma atividade crítica da obra, sujeita a condições meteorológicas que influem diretamente na relação de umidade do material escavado.

Desse modo, a equipe adotou como tática de jogo a proteção do ambiente de trabalho, o que exigiu investimento em proteção de taludes por meio de plantio de grama em placa e de hidro-semeadura. “Além disso, aplicamos concreto projetado provisório nos caminhos de serviço, o que permitiu suportar o tráfego de caminhões durante a etapa de escavação e fundação dos prédios”, diz ele. “Também executamos drenagem profunda e superficial com canaletas provisórias, para encaminhamento das águas de chuva.”

Desde a limpeza até o aterro compactado, a operação de terraplanagem executada utilizou equipamentos convencionais como escavadeiras da faixa de 30 t e caminhões basculantes com caçamba de 12 a 15 m³, para transporte do material escavado. “Nos aterros, entraram rolos compactadores lisos e com kit pé-de-carneiro, atuando em conjunto com a frota de espalhamento, homogeneização e tratamento das camadas de aterro”, detalha o gerente.

ESTRUTURA

A fase seguinte de obras diz respeito à montagem das arquibancadas e demais partes da estrutura do estádio, tudo realizado com concreto pré-moldado, sendo que as peças de maior porte, como vigas, vigas jacaré e pilares, foram produzidas no próprio canteiro de obras. Já as peças menores, como degraus e lajes, foram trazidas da fábrica de uma empresa terceirizada localizada na Região Metropolitana de São Paulo. “Optamos pelo concreto pré-moldado pela velocidade de execução, pois, com essa solução, praticamente se elimina a necessidade de cimbramento”, explica o engenheiro. “E isso foi fundamental em termos de tempo, pois, além do trabalho de montagem e desmontagem, esse processo pode demandar até 28 dias, até que o concreto ofereça a resistência suficiente para cargas.”

No total, foram aplicadas mais de 20 mil peças pré-moldadas (veja quadro ao lado), montadas em menos de um ano. Tal ritmo, segundo Barbosa, só foi possível graças a um programa de execução detalhado e aos planos de ataque executados com sucesso pela equipe. “A montagem das peças foi feita com o uso de guindastes de pequeno, médio e grande porte, conforme a necessidade de içamento”, diz o especialista, acrescentando que as peças moldadas no próprio canteiro de obras contaram com o apoio de bombas de concreto móveis, com lança, ou estacionárias.

COBERTURA

Ainda em construção, a cobertura do Itaquerão é a etapa de maior complexidade da obra.  Para atravessar um vão de 170 m e içar as seções de peças a até 50 m de altura, a equipe de engenharia da Odebrecht conta com a atuação de máquinas especiais, como um guindaste de 1,5 mil t. O cálculo dessa estrutura, que prevê a instalação de 35 mil m² de cobertura, foi realizado por uma empresa alemã, com supervisão da Odebrecht e auxílio de uma empresa especializada brasileira.

Principal desafio da obra, a cobertura será formada por telhas metálicas em aço galvanizado, em algumas partes pintadas em branco. A cobertura também terá uma camada de isolamento térmico e acústico, constituída com placas em polisocianurato de 38 mm de espessura. Essa estrutura ainda recebe uma manta de recobrimento Firestone UltraPly TPO, afixada com adesivos especiais para formar uma laje plana e que garanta a estanqueidade da cobertura.

Essa construção é feita por meio de um sistema de treliças na cobertura de cada prédio da arena (leste e oeste). Esses prédios, por sua vez, são unidos por uma cobertura em treliça sustentada por tirante metálico. “O processo é arrojado”, avalia Barbosa, “pois exige o escoramento da cobertura durante o processo executivo.”

De acordo com o gerente, as peças que compõem a cobertura metálica são fabricadas fora do canteiro de obras e recebem antecipadamente tratamento e pintura, para só então serem posicionadas e montadas no chão, constituindo a fase denominada como pré-montagem. A etapa seguinte é a elevação e montagem, na qual as seções são fixadas e imobilizadas por travamentos provisórios, permitindo a montagem de cada trecho até a formação completa da cobertura.

A estabilidade da estrutura suspensa é obtida por meio de um sistema de diagonais e contraventamentos, localizados do lado oeste da estrutura, sobre grandes paredes de cisalhamento. Além disso, a cobertura metálica possui estruturas denominadas “tesouras” nos lados leste e oeste, que são apoiadas sobre pêndulos (colunas birrotuladas). “Já as coberturas norte e sul são responsáveis por transferir a estabilidade do lado oeste para o leste, sendo compostas por uma malha de treliças planas intertravadas e contraventadas, além de um sistema de tirantes dimensionado para vencer o vão de 170 m”, explica o especialista.

BOLA NA REDE

Por fim, chega a hora mais esperada, a de montagem do palco. Com uma área total de 10,7 mil m², o gramado do Itaquerão contará com um sistema especial de refrigeração para manter a temperatura próxima ao ideal. O “tapete” verde também deve receber drenagem a vácuo, para ser acionada como redundância quando a convencional não der conta do recado.

Esse processo será realizado como última etapa de obra e deve ser implantado após o rebaixamento do terreno em cerca de 50 cm. A partir desse subleito serão criados os drenos profundos, com linhas principais e espinhas de peixe secundárias para extração da água. “Sobre esse sistema de drenos é que serão montadas as tubulações de sucção da água das chuvas, com a utilização do vácuo”, explica Barbosa.

Com a grama instalada e todas as estruturas em funcionamento, o Itaquerão deve receber a primeira partida de futebol no início de 2014, quando 48 mil torcedores poderão conferir de perto as instalações do terreno de 198 mil m², incluindo estacionamento para mais de 2,8 mil vagas, um auditório, quatro restaurantes, 59 lojas, 89 camarotes e 502 sanitários. E gritar gol, é claro.

 

 

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