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Revista M&T - Ed.234 - Junho 2019
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Entrevista

LEANDRO NILO DE MOURA

Gerente de marketing da Manitowoc para a América Latina, o executivo Leandro Nilo de Moura tem um longo histórico de atuação na indústria de equipamentos pesados, tendo atuado entre 1996 e 2010 como especialista de marketing no grupo AGCO, fabricante global equipamentos agrícolas, passando posteriormente para a CNH Industrial, conglomerado multimarcas de máquinas, onde foi coordenador de marketing, antes de ingressar na fabricante norte-americana de guindastes, em 2011.

Formado em propaganda e marketing pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), com MBA em agribusiness pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e em marketing e finanças pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Moura também amealhou expertise com programas de planejamento estratégico, treinamento e vendas, especializando-se em projeções econométricas e análise de mercado.

Nesta entrevista exclusiva concedida à Revista M&T nas dependências da nova estrutura da Manitowoc em São Paulo, o gerente discorre sobre assuntos como o reposicionamento global da empresa, o mercado latino-americano de guindastes e as novas tecnologias da indústria, dentre outros. “Hoje, é complicado reunir as pessoas”, ele comenta. “Dependendo da empresa, muitas pessoas em postos-chave saíram e este é um prejuízo difícil de recuperar”. Acompanhe.

  • Como ficou a situação da empresa após fechar a fábrica no Brasil?

A instalação industrial é um ativo que em boa parte ainda pertence à Manitowoc. O detalhe é que em 2017 a empresa fechou duas fábricas nas Américas: uma em Manitowoc (EUA) e outra em Passo Fundo (RS). Assim, ficou tudo concentrado em Shady Grove (EUA), que aumentou de tamanho. Esta unidade fica muito próxima ao porto de Baltimore, atendendo a todas as Américas e outros continentes. E nas demais regiões aconteceram situações similares, como em Portugal, onde havia duas fábricas e ficou


Gerente de marketing da Manitowoc para a América Latina, o executivo Leandro Nilo de Moura tem um longo histórico de atuação na indústria de equipamentos pesados, tendo atuado entre 1996 e 2010 como especialista de marketing no grupo AGCO, fabricante global equipamentos agrícolas, passando posteriormente para a CNH Industrial, conglomerado multimarcas de máquinas, onde foi coordenador de marketing, antes de ingressar na fabricante norte-americana de guindastes, em 2011.

Formado em propaganda e marketing pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), com MBA em agribusiness pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e em marketing e finanças pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Moura também amealhou expertise com programas de planejamento estratégico, treinamento e vendas, especializando-se em projeções econométricas e análise de mercado.

Nesta entrevista exclusiva concedida à Revista M&T nas dependências da nova estrutura da Manitowoc em São Paulo, o gerente discorre sobre assuntos como o reposicionamento global da empresa, o mercado latino-americano de guindastes e as novas tecnologias da indústria, dentre outros. “Hoje, é complicado reunir as pessoas”, ele comenta. “Dependendo da empresa, muitas pessoas em postos-chave saíram e este é um prejuízo difícil de recuperar”. Acompanhe.

  • Como ficou a situação da empresa após fechar a fábrica no Brasil?

A instalação industrial é um ativo que em boa parte ainda pertence à Manitowoc. O detalhe é que em 2017 a empresa fechou duas fábricas nas Américas: uma em Manitowoc (EUA) e outra em Passo Fundo (RS). Assim, ficou tudo concentrado em Shady Grove (EUA), que aumentou de tamanho. Esta unidade fica muito próxima ao porto de Baltimore, atendendo a todas as Américas e outros continentes. E nas demais regiões aconteceram situações similares, como em Portugal, onde havia duas fábricas e ficou uma só. Ainda há fábricas na Itália, na Alemanha e em outros países, que receberam investimentos. Na Índia, por exemplo, houve uma movimentação da fábrica para um local maior, depois houve troca de produtos entre fábricas na Europa. Tudo isso em 2016 e 2017.

  • Então não está relacionado diretamente à crise?

A empresa não saiu “do Brasil”. Como disse, foi uma coisa que também aconteceu nas Américas e na Europa. O fato de o Brasil estar enfrentando uma grande recessão, uma estagnação para esse segmento, coincide com esse movimento global que a empresa fez. E não foi só com a Manitowoc. Não podemos ficar contaminados pela situação que o Brasil está passando. Obviamente, o quadro da empresa foi reduzido, mas uma empresa como a Manitowoc – com a segunda maior frota de guindastes até dez anos ativos no país – simplesmente não pode sair do Brasil.

Segundo o executivo, a empresa concentrou a produção de guindastes para as Américas na fábrica de Shady Grove (EUA)

  • Mas isso não teve repercussão na produção?

Isso não impactou o negócio. Ajustamos a oferta ao mercado global, de modo que a empresa está hoje em uma situação mais sadia, podendo continuar a fazer fortes investimentos no desenvolvimento de produtos. Tanto que, todos os anos, praticamente 10% de um portfólio de quase 100 produtos são renovados. Levando em consideração o tamanho das máquinas, é um investimento considerável.

  • Acredita que o fechamento foi um movimento necessário?

Quando se olha para os números, faz todo o sentido o que foi feito. Dentre os grandes players, a Manitowoc não foi a única que teve a inciativa de fábrica de guindastes no Brasil. Outras empresas também tentaram, mas nenhuma prosseguiu. A Manitowoc foi a que teve mais sucesso porque efetivamente abriu a fábrica, vendeu no Brasil e exportou produtos, e não só para as Américas como também para o Oriente Médio. Naquele momento, o Brasil se tornou o quinto país do mundo a fazer um tipo de guindaste Rough Terrain, que é um dos modelos mais vendidos mundialmente. E o que acontece agora? O mundo voltou a ter apenas quatro países fazendo esse tipo de máquina. Então, esses movimentos vão acontecendo.

  • Por que é tão difícil produzir guindastes localmente?

Como profissional de marketing, eu ainda não consegui chegar a uma fórmula para entender porque produtos de maior volume e menor valor agregado têm mais sucesso quando um fabricante, seja ele qual for, decide vir para o Brasil. Não consegui chegar a um denominador comum. O que sei é que, efetivamente, para o momento em que o Brasil se encontra não estamos mais naquele passo de grandes investimentos [para obter um retorno] lá na frente. Esse tipo de postura não existe mais. E a palavra mágica [para isso voltar] é confiança de mercado.

  • Como ficou a operação a partir de então?

A última máquina grande que entrou no Brasil foi em 2016. Assim, o que vem sustentando o negócio é a parte de pós-venda e serviços. A frota garante e sustenta a nossa atividade. É um produto muito bem-aceito. Nosso market share nos principais produtos, se não é o primeiro, é o segundo.

  • É possível perceber uma recuperação?

Quando se compara a quantidade de pessoas trabalhando com o nível que havia há 16 meses, e não só no Brasil, mas também em países como o Peru, percebe-se que há mais pessoas começando a fazer coisas, contratando aqui e ali. Nós também estamos fazendo pequenos investimentos. Não são números exorbitantes, mas são ações constantes para que se obtenha um melhor atendimento. São diversos níveis que precisam de suporte e essas pessoas estão voltando. É um cenário que aos poucos vai voltando. Por outro lado, ainda não estamos vendo os pedidos. E isso vale mais para o Brasil, que representa quase metade da América Latina [em volume]. E na América do Sul, esse percentual é de 70%, ao menos para cálculo de potencial de mercado. Só que hoje, por exemplo, a demanda não está nem em 5% na América do Sul. E não estou falando apenas da Manitowoc, pois são números gerais de mercado.

Uma máquina recente como a MLC650 requer 12 caminhões a menos para fazer o transporte, destaca Moura

  • Há o risco de faltar máquina em uma eventual retomada?

Em relação às máquinas maiores, teve empresa que vendeu suas unidades. São máquinas que custam de 5 a 7 milhões de dólares – dependendo da configuração – e que têm uma demanda constante em algum lugar do mundo. Durante um período foi no Oriente Médio, depois na Ásia e mesmo nos EUA, que tiveram demanda. Então, para onde alguns clientes conseguiram mandar as máquinas, eles mandaram. Não temos números fechados, porém, mesmo que sejam três ou quatro, éum volume grande, pois não é um tipo de equipamento com centenas de unidades. Isso já dá uma ideia dessa questão. Uma obra de porte um pouco maior, como uma hidrelétrica ou um grande viaduto, requer máquinas gigantes. Se vier demanda simultânea para esse tipo de obra, o Brasil pode ficar dependente dessas máquinas, pois não se consegue [comprar] assim tão rápido.

  • Não é possível manter estoque?

Não é prático estocar um equipamento desses. Eventualmente, pode haver alguma disponibilidade na fábrica, como em modelos de quatro eixos. Como alguns componentes são intercambiáveis, não é necessário sair fazendo pedidos aos fornecedores a partir do momento em que se recebe um pedido. Mas, pela própria característica do produto, a entrega nunca vai ser imediata.

  • E se o pedido for cancelado?

Se, por qualquer motivo, um pedido é cancelado, a máquina não sai da produção, pois a movimentação de logística que tem de ser feita é muito complexa. Nesses casos, todos os mercados são avisados para redirecionar o produto. Por isso, nunca vai se encontrar na fábrica uma máquina que ficou pronta, mas que está sem cliente.

Com 250 t e 78 m de lança, o modelo GMK 5250XL começa a ser entregue no último trimestre deste ano

  • Tecnologicamente, como esses equipamentos vêm evoluindo?

Uma máquina recente como a MLC650 requer uns 12 caminhões a menos para fazer o transporte, de um total de mais de 50. Então, apenas considerando a parte de logística, já se tem um ganho considerável. Relacionado a isso há um ganho no tempo de montagem, que normalmente é de uma semana de trabalho para equipamentos desse porte. E com a máquina nova é possível ganhar ao menos um dia nesse processo. Também há avanços em procedimentos de segurança, às vezes pequenos detalhes, mas que representam um cuidado que não havia há dez anos. Fora a evolução para que a máquina tenha mesma capacidade e use menos material. Todos esses aspectos foram revistos para deixar a máquina mais segura e eficiente, sem ficar mais cara por isso. Ou seja, é possível fazer o mesmo investimento que há dez anos e ter um produto muito mais avançado.

  • Como o processo industrial tem impacto nisso?

Posso citar o processo de solda híbrido, com laser e controlado eletronicamente, mais preciso e que utiliza materiais mais finos. Em uma lança de 70 m é possível poupar 200 kg de matéria-prima solda, diretamente refletidos na tabela de carga. Então, a lança ficou mais resistente e mais leve, em um passo à frente em termos de tecnologia. Isso é resultado de um esforço de engenharia. E ainda vai demorar um pouco para aparecer alguma coisa similar no mercado.

  • Quais foram os destaques da bauma neste ano?

Foram sete lançamentos, sendo o principal destaque uma máquina extremamente versátil de cinco eixos, com 250 t e 78 m de lança, a maior do mercado na categoria. Essa máquina, a GMK5250XL-1, começa a ser entregue no último trimestre deste ano. Particularmente, trata-se de um modelo muito interessante para o Brasil, cujo mercado prefere lanças longas. Tanto que o último modelo vendido aqui tinha 300 t e 80 m de lança, que foi para o segmento de papel e celulose. Também foi mostrada na feira uma máquina menor de três eixos, a GMK 3060L, que é uma atualização com mais lança. Ou seja, as máquinas estão com lanças maiores.

  • E na parte de gruas?

Na parte de gruas, os destaques foram o novo modelo automontável da linha Hup e a Potain Cab-In, uma solução para transporte do operador até o topo do equipamento.

Saiba mais:
Manitowoc: www.manitowoccranes.com.br

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