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Revista M&T - Ed.199 - Março 2016
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Mineração

Foco total na produção

Especializada em minerais não-metálicos, uma das principais fornecedoras de areias especiais do país expande as operações com a abertura de nova unidade no Nordeste
Por Marcelo Januário (Editor)

Apesar do avanço dos sintéticos, o mercado de materiais para construção e indústria ainda tem na mineração tradicional seu centro de gravidade, pois em grande parte é abastecido a partir de matérias-primas como calcário e areais especiais. No Brasil, mineradoras como a Jundu, por exemplo, são especializadas no segmento de não-metálicos.

Em atividade desde 1959, a empresa de Descalvado (SP) foi batizada a partir de um bioma típico de dunas e praias no litoral sul do estado de São Paulo, onde iniciou suas atividades com o beneficiamento de areias quartzosas. Em 1995, a empresa associou-se ao Grupo Saint-Gobain que, por sua vez, estabeleceu em 2002 uma joint-venture com a Unimin, empresa norte-americana controlada pelo grupo belga SCR-Sibelco.

Apesar de também atuar em segmentos como cerâmica e petróleo (é praticamente a única fornecedora de areia de petróleo no país), a extração de areia industrial mantém-se como seu principal polo de atuação no país. “Somos uma mineração típica, fazemos toda a parte de prospecção, pesquisa mineral e desenvolvimento”, destaca Luís Eduardo P. Martins Pereira, diretor geral da Mineração Jundu, referindo-se a minerais como areias-base, areias especiais, sílica moída (para fundição), areias cobertas para o processo Shell molding, calcário calcítico e dolomita (para vidro). “Mineramos, processamos as matérias-primas e entregamos aos clientes.”

EXPANSÃO

De médio porte, a mineradora obteve no ano passado uma produção de 3 milhões de toneladas no conjunto de produtos, movimentando quase 5 milhões de toneladas de material. O carro-chefe são as operações de vidro, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país, desde Porto Alegre (RS) até São João del Rey (MG).

Para cobrir este território, a companhia mantém seis unidades no país, sendo três delas em São Paulo e as demais em Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Agora, estamos montando a sétima, em Sergipe, o que permitirá a expansão das operações no Nordeste”, revela Pereira. “Trata-se de uma joint-venture da Verallia (um spin-off da Saint-Gobain), atrelada a uma fábrica de vidro.”

A expansão das operações se dá em um momento sensível do mercado, é verdade, mas a empre


Apesar do avanço dos sintéticos, o mercado de materiais para construção e indústria ainda tem na mineração tradicional seu centro de gravidade, pois em grande parte é abastecido a partir de matérias-primas como calcário e areais especiais. No Brasil, mineradoras como a Jundu, por exemplo, são especializadas no segmento de não-metálicos.

Em atividade desde 1959, a empresa de Descalvado (SP) foi batizada a partir de um bioma típico de dunas e praias no litoral sul do estado de São Paulo, onde iniciou suas atividades com o beneficiamento de areias quartzosas. Em 1995, a empresa associou-se ao Grupo Saint-Gobain que, por sua vez, estabeleceu em 2002 uma joint-venture com a Unimin, empresa norte-americana controlada pelo grupo belga SCR-Sibelco.

Apesar de também atuar em segmentos como cerâmica e petróleo (é praticamente a única fornecedora de areia de petróleo no país), a extração de areia industrial mantém-se como seu principal polo de atuação no país. “Somos uma mineração típica, fazemos toda a parte de prospecção, pesquisa mineral e desenvolvimento”, destaca Luís Eduardo P. Martins Pereira, diretor geral da Mineração Jundu, referindo-se a minerais como areias-base, areias especiais, sílica moída (para fundição), areias cobertas para o processo Shell molding, calcário calcítico e dolomita (para vidro). “Mineramos, processamos as matérias-primas e entregamos aos clientes.”

EXPANSÃO

De médio porte, a mineradora obteve no ano passado uma produção de 3 milhões de toneladas no conjunto de produtos, movimentando quase 5 milhões de toneladas de material. O carro-chefe são as operações de vidro, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país, desde Porto Alegre (RS) até São João del Rey (MG).

Para cobrir este território, a companhia mantém seis unidades no país, sendo três delas em São Paulo e as demais em Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Agora, estamos montando a sétima, em Sergipe, o que permitirá a expansão das operações no Nordeste”, revela Pereira. “Trata-se de uma joint-venture da Verallia (um spin-off da Saint-Gobain), atrelada a uma fábrica de vidro.”

A expansão das operações se dá em um momento sensível do mercado, é verdade, mas a empresa mantém as expectativas de retomada. “Evidentemente, em 2015 tivemos todas as dificuldades de um ano pesado, mas nossa produção empatou com o ano anterior”, comenta Pereira, enfatizando que – mesmo tendo na Saint-Gobain sua maior demandante de produtos – a clientela é composta majoritariamente por prestadores de serviço. “Setores industriais como fundição e construção realmente sofrem mais, mas em vidro fechamos um ano bom.”

De todo modo, recentemente a empresa empreendeu uma “leve” reestruturação, muito por conta da queda geral do mercado. “Nos últimos anos, viemos ganhando produtividade, fazendo uma série de adequações nas plantas para desgargalamentos”, diz o executivo. “No geral, tiramos somente 4% do quadro nos últimos três anos.”

FROTAS

Com 95% de equipamentos próprios, em termos de frotas a Jundu tem o porte de uma pedreira grande, com um parque de máquinas espalhado pelo país, incluindo pás carregadeiras, escavadeiras e caminhões rodoviários, dentre outros maquinários pesados. Segundo Pereira, a mineradora tem buscado adquirir equipamentos mais produtivos e obtido boas respostas nesse sentido. “Optamos por caminhões rodoviários, por exemplo, e não temos nenhum OTR”, afirma. “A Sibelco é reticente quanto a isso, pois considera o negócio pequeno para o porte de equipamentos fora de estrada.”

Para compensar, a Jundu vem aumentando a capacidade dos caminhões, cada vez mais potentes e automatizados, além de lançar mão de semirreboques, substituindo as caçambas que utilizava anteriormente. “Já estamos utilizando dollies e atualmente temos caminhão rodando com 75 toneladas”, destaca Pereira. “Para isso, renovamos as estradas e adquirimos carregadeiras e escavadeiras maiores.”

Como um item importante nas planilhas, a empresa opta por não comprar tantos equipamentos importados, até “por uma questão de custo e reposição de peças”. Outro aspecto crucial é a escolha das marcas. De acordo com o especialista, a estratégia da companhia é manter um contato estreito com “os principais fornecedores de equipamentos para mineração no país, incluindo Caterpillar, Volvo e Komatsu”.

Mantendo-se em negociação constante com esses fabricantes, a empresa vem regularmente atualizando o parque de equipamentos, sem diminuir o ritmo de renovação da frota. “Desde 2010, fizemos investimentos bem fortes em equipamentos e, enquanto estivermos em velocidade de cruzeiro, manteremos os investimentos agora em 2016”, frisa. “Temos subido as aquisições ano a ano e tivemos um pico em 2015, quando fizemos o maior investimento de sustaining das operações, incluindo a troca de equipamentos e o desgargalamento de plantas.”

LOGÍSTICA

Em relação à logística, Pereira só lamenta o fato de a Jundu estar longe demais das ferrovias, uma opção que seria muito bem-vinda pela empresa. Como boa parte da produção de areia do polo Descalvado-Analândia (SP) segue para o Vale do Paraíba, até a divisa do estado do Rio de Janeiro, em Porto Real, seria mais conveniente fazer o transporte dos produtos por modal ferroviário, mas isso é definitivamente inviável, como explica o diretor. “No eixo do Vale, deveríamos passar para a Malha Regional Sudeste, mas não se consegue fazer isso, então é melhor colocar num caminhão e enviar direto para o cliente”, descreve. “E essa logística acaba encarecendo um pouco o negócio, pois é um produto de valor agregado relativamente baixo, sendo que o frete – no custo total do cliente – acaba representando mais de 50% do custo total.”

Brasil ganha centro de pesquisa e desenvolvimento inédito

Controlador da Mineração Jundu, o grupo Saint-Gobain comemorou no ano passado 350 anos de história, em uma das mais longevas trajetórias empresariais do mundo. No Brasil, onde atua há 77 anos, a data foi celebrada com a implantação de um Centro de P&D em Capivari (SP), o primeiro (e até agora único) do grupo no Hemisfério Sul.

Inaugurada em janeiro, a nova unidade possui uma área de 40 mil m² onde uma equipe de engenharia de materiais e building science realiza pesquisas de produtos industriais e para a construção. Com investimento estimado de 55 milhões de reais, o centro atuará no desenvolvimento de soluções mais adequadas ao país, a partir da parametrização das condições locais de temperatura, unidade e vento, por exemplo. “Temos de adaptar os produtos, pois muitos projetos desenvolvidos na Europa não cabem aqui”, comenta Paul Houang, diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Saint-Gobain Brasil. “Tudo é diferente, a matéria-prima, os componentes, o modo de utilização, a condição climática, a norma técnica, o mercado e até a mecanização na construção ainda é muito atrasada em relação à Europa.”

Do “berço ao túmulo”: cálculo de impacto ambiental avança no setor da construção

Atualmente, uma das tendências mais fortes no setor da construção diz respeito à Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), uma métrica que já é aplicada em mercados mais desenvolvidos, mas que, no Brasil, ainda não conta com normalização. Nos termos da indústria, trata-se de desenvolver novas tecnologias que minimizem o impacto ambiental de materiais e equipamentos. “O grande drive de inovação atual é a sustentabilidade, diminuindo o impacto ambiental dos produtos durante toda sua vida útil, com um balanço positivo relacionado”, pontua Paul Houang, diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Saint-Gobain Brasil. “Isso inclui um menor impacto na extração de matérias-primas, produtos mais bem elaborados, processo produtivo de qualidade mais constante, redução de desperdícios, menor consumo de energia, tratamento de resíduos, durabilidade, reciclabilidade etc.”

Porém, mesmo na França – onde a “construção verde” já está bem adiantada – o tema é controverso, pois são cálculos difíceis de obter. “A ACV requer muitas informações sobre cada etapa, do nascimento até a morte do produto”, comenta Gérard Chuzel, encarregado pela área de ciência e tecnologia do Instituto Francês no Brasil. “Isso inclui disponibilidade de banco de dados e avaliação acadêmica, dentre outras iniciativas coordenadas.”

 

 

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