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Revista M&T - Ed.204 - Agosto 2016
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Motoniveladoras

Fenômeno agrícola

Estimulado pelo interesse do agronegócio por tecnologia, uso do equipamento avança no campo, aumentando a participação do segmento nas vendas dos fabricantes
Por Augusto Diniz

A crescente mecanização da agricultura brasileira tem atraído cada vez mais máquinas típicas dos canteiros de obras para o campo. Também contribui para essa tendência a força da agropecuária, que vem sentindo menos a crise que atinge outros setores da economia. Os números mostram isso. Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio chegou a R$ 1.267 trilhão (ou 21,46% do total), em um crescimento de 1,8% em relação a 2014, ante uma queda do PIB nacional de 3,8%.

No caso dos fabricantes, contudo, são poucos os que falam sobre os números desse crescimento. “Por motivos estratégicos, optamos por não revelar dados de nossa participação ou a representatividade de cada segmento”, esquiva-se Roberto Marques, diretor de vendas da divisão de construção e florestal da John Deere. “O que podemos afirmar é que desde o início das nossas operações com a Linha Amarela, fomos muito bem recebidos pelos produtores rurais. Afinal, temos uma longa história de parceria com a agricultura no país.”

Para a Caterpillar, o agronegócio sempre foi um setor fundamental, e não apenas no mercado de motoniveladoras, como no de pás carregadeiras, escavadeiras, tratores e retroescavadeiras. Embora a companhia também não divulgue números de vendas por linha de produto, segundo sua assessoria de imprensa a representatividade do agronegócio no faturamento praticamente triplicou com a desaceleração da construção, “tornando-se um segmento de vital importância nos negócios”.

AVANÇO

A exceção em relação à divulgação de números é a Case CE. Segundo Gleidson Gonzaga, especialista de marketing de produto da empresa, nos últimos seis anos as vendas de motoniveladoras para uso no campo dobraram. “Nesse período, houve um crescimento da comercialização de todos os modelos para o agronegócio”, informa. “Isso elevou a participação do segmento de 2% para 18% nas vendas.”

De acordo com Vladimir Machado Filho, engenheiro de aplicação e vendas da Komatsu, o crescimento da utilização de máquinas de construção no agronegócio se deve à necessidade cada vez maior de se obter agilidade no preparo da terra, o que implica na criação e manutenção de vias de acesso. “Com a mecanização da lavoura, cada vez mais se faz n


A crescente mecanização da agricultura brasileira tem atraído cada vez mais máquinas típicas dos canteiros de obras para o campo. Também contribui para essa tendência a força da agropecuária, que vem sentindo menos a crise que atinge outros setores da economia. Os números mostram isso. Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio chegou a R$ 1.267 trilhão (ou 21,46% do total), em um crescimento de 1,8% em relação a 2014, ante uma queda do PIB nacional de 3,8%.

No caso dos fabricantes, contudo, são poucos os que falam sobre os números desse crescimento. “Por motivos estratégicos, optamos por não revelar dados de nossa participação ou a representatividade de cada segmento”, esquiva-se Roberto Marques, diretor de vendas da divisão de construção e florestal da John Deere. “O que podemos afirmar é que desde o início das nossas operações com a Linha Amarela, fomos muito bem recebidos pelos produtores rurais. Afinal, temos uma longa história de parceria com a agricultura no país.”

Para a Caterpillar, o agronegócio sempre foi um setor fundamental, e não apenas no mercado de motoniveladoras, como no de pás carregadeiras, escavadeiras, tratores e retroescavadeiras. Embora a companhia também não divulgue números de vendas por linha de produto, segundo sua assessoria de imprensa a representatividade do agronegócio no faturamento praticamente triplicou com a desaceleração da construção, “tornando-se um segmento de vital importância nos negócios”.

AVANÇO

A exceção em relação à divulgação de números é a Case CE. Segundo Gleidson Gonzaga, especialista de marketing de produto da empresa, nos últimos seis anos as vendas de motoniveladoras para uso no campo dobraram. “Nesse período, houve um crescimento da comercialização de todos os modelos para o agronegócio”, informa. “Isso elevou a participação do segmento de 2% para 18% nas vendas.”

De acordo com Vladimir Machado Filho, engenheiro de aplicação e vendas da Komatsu, o crescimento da utilização de máquinas de construção no agronegócio se deve à necessidade cada vez maior de se obter agilidade no preparo da terra, o que implica na criação e manutenção de vias de acesso. “Com a mecanização da lavoura, cada vez mais se faz necessária a manutenção e facilidade de acesso para escoar a produção”, explica. “É preciso rapidez na execução desses serviços e as motoniveladoras tornam isso possível.”

A Caterpillar acrescenta outra explicação para a tendência. Trata-se da versatilidade do equipamento, que – segundo a empresa – é “ideal” para construção e manutenção não apenas das estradas de acesso, como ainda de curvas de nível, muito utilizadas no plantio. Também contribui para o fenômeno o interesse do mercado agropecuário por tecnologia. Esse apetite, segundo a companhia, aliado à força do agronegócio, “tem gerado ótimos negócios para quem atua nesse mercado”.

A motoniveladora também é muito utilizada na preparação do terreno para a semeadura. Isso ocorre porque o produtor percebeu os ganhos de produtividade obtidos na colheita em áreas devidamente niveladas antes do plantio. “Um exemplo disso ocorre na cultura de cana de açúcar”, diz Gonzaga, da Case. “Quanto mais regular o terreno, melhor será o resultado da colheita, pois a maior concentração de sacarose está na parte inferior da cana e só e possível fazer o corte rente ao solo se a área tiver sido bem nivelada.”

VERSATILIDADE

Na realidade, não é bem uma migração das motoniveladoras para o campo o que ocorre, pois elas continuam sendo muito utilizadas em mineração, construção de rodovias e outros trabalhos. “Mas a necessidade do agronegócio por competitividade tem levado os produtores a investirem em meios mais eficientes para o escoamento da produção”, diz José Roberto Damasceno, especialista da Caterpillar. “Os produtores buscam por alternativas que os ajudem a ser mais produtivos e estão descobrindo que este tipo de equipamento é parte da solução.”

Para Rafael Barbosa, especialista de marketing de produto da New Holland Construction, também não há migração. “Talvez seja algo mais sazonal devido à crise na construção”, conjectura. “Além disso, os produtores rurais, que antes não conheciam os equipamentos da Linha Amarela, agora já percebem o seu valor.”

Seja como for, as motoniveladoras estão sendo usadas para realizar várias tarefas em diferentes culturas. Segundo Marques, da Deere, são equipamentos muito versáteis. “No que diz respeito à construção e manutenção de estradas, essas máquinas não substituem nenhuma outra, pois existem as que podem fazer o mesmo tipo de trabalho, mas sem a mesma eficiência, produtividade e precisão no acabamento”, diz. “Quando falamos de construção de curvas de nível, temos diversas opções, incluindo pás carregadeiras e implementos puxados por tratores. Por isso, a escolha do equipamento adequado depende da profundidade do corte, resistência do solo e inclinação do terreno, entre outros fatores.”

Gonzaga, da Case, reitera que a motoniveladora é utilizada em todas as culturas para abertura e manutenção de estradas. Mas, na aplicação direta do processo produtivo, isso ocorre principalmente onde se utiliza a colheita mecanizada, como cana de açúcar, arroz e soja. Em quase todas as tarefas, ela pode ser substituída por outro equipamento, normalmente com perda de produtividade. “Cada máquina é desenvolvida para um trabalho específico”, explica. “Por exemplo, para curva de nível, pode-se usar a pá carregadeira e para nivelamento, o trator de esteiras.”

ANÁLISE

Apesar de ser usada em várias tarefas, para Damasceno, da Caterpillar, um dos usos mais importantes das motoniveladoras é mesmo a abertura e manutenção das vias de acesso na lavoura. “Essa função é fundamental, porque agiliza o escoamento da produção e também propicia uma economia considerável em toda a frota de equipamentos, desde caminhões a colheitadeiras”, comenta. “Isso porque eles passam a rodar em vias bem conservadas, evitando o desperdício de combustível, pneus e suspensão e aumentando a vida útil dos veículos.”

Feita a escolha, o produtor rural também deve definir o porte mais adequado da máquina. De acordo com Damasceno, isso vai depender muito da análise das condições do terreno e do clima e ainda da quantidade de material a ser removida. “Por essa razão, é importante fazer uma avaliação prévia antes de especificar o equipamento”, recomenda. No caso da Komatsu, Machado Filho diz que atualmente as faixas de 140 hp estão entre as mais utilizadas, pela exigência das atividades (na maioria leves), mas também porque os custos de aquisição, operação e manutenção são menores. “Mas dependendo da atividade, se faz necessária uma máquina de potência maior”, ressalva. Marques, da Deere, diz que o tamanho das motoniveladoras usadas na agricultura é geralmente do porte do modelo 670G da empresa, com 154-185 cv. “Essa faixa atende à maioria das operações agrícolas”, garante. “Eventualmente, equipamentos maiores são utilizados, dependendo do tamanho da propriedade e da necessidade de produção.”

Em relação à Case, Gonzaga informa que a empresa fabrica os modelos 800 da Série B – 845B, 865B e 885B –, que têm potência bruta de 193, 205 e 220 hp, respectivamente. “Para realizar tarefas no campo, os mais indicados são o 845B e o 865B”, diz. “Os dois cumprem muito bem suas missões no agronegócio, a diferença é que a 865B possui motor de tripla potência e, portanto, maior eficiência produtiva.”

RECURSOS

Gonzaga ressalta ainda os avanços tecnológicos das motoniveladoras. De acordo com ele, os três modelos são equipados com motor eletrônico Common Rail, turboalimentado, de alto desempenho, baixo consumo e emissão reduzida de poluentes. O capô basculante, com formas arredondadas, permite maior visibilidade em trabalhos com escarificador e fácil acesso aos pontos de manutenção. Já os pontos de lubrificação e abastecimento no nível do solo agilizam o processo e diminuem o tempo de máquina parada. “São tecnologias que trazem benefícios em produtividade”, assegura. “Além disso, a troca de marcha automática, por exemplo, cansa menos o operador, que passa longas horas numa tarefa. Isso beneficia o resultado.”

Barbosa, da New Holland, também ressalta avanços tecnológicos obtidos pela marca. Ele frisa que as motoniveladoras utilizam sistema de nivelamento automático, garantindo menos passadas com maior precisão. Ou seja, na hora de fazer uma manutenção de via, o agricultor tem certeza de que vai continuar na inclinação correta por todo o trecho. “Além disso, em algumas culturas como a cana de açúcar já temos essas máquinas trabalhando com piloto automático”, acrescenta. “Isso é utilizado para garantir que o equipamento passe sempre no local correto, sem perdas na produção.”

ACESSÓRIO

Além dos avanços que tornam as motoniveladoras mais eficientes e produtivas, elas podem ser equipadas com acessórios que aumentam seu campo de aplicação. É o caso, por exemplo, do escarificador (ou ripper), implemento utilizado para romper as camadas mais duras do solo, com objetivo de facilitar o trabalho com a lâmina. “Sua utilização depende da tarefa e das condições do terreno onde a máquina é utilizada, mas em geral é altamente recomendado”, diz Marques, da Deere. Para Damasceno, da Cat, esse acessório é muito importante quando é preciso “homogeneizar” a terra antes de executar a operação de nivelamento. “Além disso, ele ajuda a evitar um esforço demasiado do equipamento, o que se reflete em economia”, assegura.

Na verdade, segundo Machado Filho, da Komatsu, existem três tipos de escarificador, que diferem quanto à posição em que são instalados. “O traseiro tem menor quantidade de dentes e, por isso, aplica maior força por ter menos pontos de contato. Ele é utilizado para romper asfalto e materiais mais difíceis, durante obras de construção de vias e estradas”, explica. “O central é utilizado para obter mais agilidade na desagregação e rompimento do solo. A lâmina retira o material em uma passada só, sem necessidade de refazer o trajeto. Já o dianteiro é usado para prover numa escarificação mais leve e, com isso, garantir maior controle da roda dianteira, fazendo com que a máquina tenha mais contato com solo.”

VIDA ÚTIL

Com ou sem acessórios, as motoniveladoras podem ter uma vida útil mais longa na agricultura do que na construção civil ou mineração. “No primeiro caso, o trabalho executado é mais leve, pois os solos em áreas agrícolas são menos abrasivos e as máquinas sofrem menor impacto”, explica Marques, da Deere.

Mas isso não é uma regra, pois a durabilidade depende muito do tipo de trabalho em que a máquina é empregada e, principalmente, da manutenção. “Outro ponto que podemos salientar é que, diferentemente da construção, o agrícola é sazonal em algumas culturas”, diz Barbosa, da New Holland. “Com isso, é possível fazer uma previsão de trabalho e, assim, realizar uma manutenção ou reforma mais adequada.”

 

 

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