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Revista M&T - Ed.173 - Outubro 2013
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Alpinismo Industrial

Engenharia nas alturas

Uso de alpinismo industrial cresce no Brasil, mas procedimento exige treinamento intenso e adoção de técnicas seguras para os profissionais envolvidos

Uma inusitada modalidade de trabalho realizada acima do solo vem crescendo no setor de construção no Brasil. Trata-se do alpinismo industrial, que reúne várias atividades profissionais realizadas por meio de cordas. Assim como ocorre em outras ações similares, o alpinismo industrial recebeu uma portaria específica na Norma Regulamentadora NR-35, que define os requisitos mínimos de proteção para o trabalho em altura.

“A regulamentação especifica o planejamento, organização e a execução do alpinismo industrial”, explica José Barbosa da Silva Junior, gerente de operações da Victória Qualidade Industrial. Sediada em Salvador (BA), a empresa adota a técnica para suporte em obras tão diversas como a construção de refinarias ou estádios de futebol. Mas, apesar de uma primeira impressão de aventura ou esporte radical, o alpinismo industrial atualmente praticado no Brasil passa bem ao largo da improvisação.

De acordo com o executivo da empresa baiana, todo trabalho em altura deve ser precedido por uma Análise Prévia de Risco, que estabelece o sistema de ancoragem e a seleção, inspeção e forma de utilização dos sistemas de proteção coletiva e individual. A análise inclui até mesmo a avaliação dos riscos adicionais, condições impeditivas, situações de emergência e planejamento do resgate e primeiros socorros. A liderança dos processos deve ser feita por profissionais capacitados e certificados por associações reconhecidas. Outra exigência é a formação dos especialistas, que precisam ser submetidos e aprovados em treinamentos teórico e prático, além de comprovarem aptidão para trabalho em altura por meio de atestado de saúde ocupacional do trabalhador.

ACESSÓRIOS

Para atuar na área, os acessórios vão além dos tradicionais equipamentos de proteção individual (EPIs), envolvendo também sistemas de ancoragem, destinados à proteção de quedas de altura. Nesse caso, a inspeção deve ser feita não só na aquisição como também de forma periódica e sistemática. Materiais que apresentem defeitos, degradação e deformações (ou que sofrerem impactos de queda) devem ser descartados e permanentemente inutilizados. Adicionalmente, as empresas que prestam serviços no segmento precisam obrigatoriamente ter um plano de emergênc


Uma inusitada modalidade de trabalho realizada acima do solo vem crescendo no setor de construção no Brasil. Trata-se do alpinismo industrial, que reúne várias atividades profissionais realizadas por meio de cordas. Assim como ocorre em outras ações similares, o alpinismo industrial recebeu uma portaria específica na Norma Regulamentadora NR-35, que define os requisitos mínimos de proteção para o trabalho em altura.

“A regulamentação especifica o planejamento, organização e a execução do alpinismo industrial”, explica José Barbosa da Silva Junior, gerente de operações da Victória Qualidade Industrial. Sediada em Salvador (BA), a empresa adota a técnica para suporte em obras tão diversas como a construção de refinarias ou estádios de futebol. Mas, apesar de uma primeira impressão de aventura ou esporte radical, o alpinismo industrial atualmente praticado no Brasil passa bem ao largo da improvisação.

De acordo com o executivo da empresa baiana, todo trabalho em altura deve ser precedido por uma Análise Prévia de Risco, que estabelece o sistema de ancoragem e a seleção, inspeção e forma de utilização dos sistemas de proteção coletiva e individual. A análise inclui até mesmo a avaliação dos riscos adicionais, condições impeditivas, situações de emergência e planejamento do resgate e primeiros socorros. A liderança dos processos deve ser feita por profissionais capacitados e certificados por associações reconhecidas. Outra exigência é a formação dos especialistas, que precisam ser submetidos e aprovados em treinamentos teórico e prático, além de comprovarem aptidão para trabalho em altura por meio de atestado de saúde ocupacional do trabalhador.

ACESSÓRIOS

Para atuar na área, os acessórios vão além dos tradicionais equipamentos de proteção individual (EPIs), envolvendo também sistemas de ancoragem, destinados à proteção de quedas de altura. Nesse caso, a inspeção deve ser feita não só na aquisição como também de forma periódica e sistemática. Materiais que apresentem defeitos, degradação e deformações (ou que sofrerem impactos de queda) devem ser descartados e permanentemente inutilizados. Adicionalmente, as empresas que prestam serviços no segmento precisam obrigatoriamente ter um plano de emergência com ações de resposta.

“Quem atua no segmento precisa conhecer os riscos iminentes de cada atividade e as precauções que podem evitar os acidentes”, explica Mario Saragô, diretor da Saragô Serviços Técnicos em Altura, de Teresópolis (RJ). O executivo lembra que cada colaborador deve ter noção da importância não só dos EPIs como também dos equipamentos de proteção coletiva (EPCs).

De acordo com Saragô, atualmente o alpinismo industrial tem sido empregado em várias atividades na construção civil, incluindo o uso de andaimes, escadas, cadeirinhas, montagens de telhado e em obras cujas bordas não tenham guarda corpo.

ABRANGÊNCIA

Silva, da Victória, lembra que as demandas de serviços em altura e em áreas de difícil acesso são casos muito comuns que requerem a adoção da técnica. A abrangência do alpinismo industrial envolve operações específicas, como as atividades de torqueamento ou ainda a solda na montagem de estruturas metálicas pré-fabricadas.

Outras aplicações incluem a montagem de estruturas de cobertura, instalação de pele de vidro e revestimentos especiais, pintura, acabamento e até mesmo limpeza pós-obra em fachadas de edifícios e grandes estruturas. A metodologia tem ainda uma grande aplicação na fiscalização, controle de qualidade e inspeção de serviços como solda, controle dimensional e de concreto, entre outras atividades. O resgate, em casos de acidentes, também integra o escopo dos profissionais da área, principalmente no caso de ocorrerem em locais de acesso restrito ou em espaços confinados. “Em qualquer setor da obra, a equipe de alpinistas estará apta a realizar o resgate de forma imediata e com agilidade”, ressalta Silva.

Representando cerca de 1/4 das atividades da Victória, o alpinismo industrial já induziu modificações na companhia, que inclusive está se reestruturando para aumentar a participação no segmento. A motivação vem do aumento expressivo de adoção da técnica de acesso por cordas, que segundo os especialistas incrementa a agilidade nas obras e é mais rápida na mobilização. Outro aspecto destacado é o aumento do nível de segurança, uma vez que o alpinismo precisa ser executado por profissionais qualificados, em menor número que outros recursos. Ou seja, as equipes são mais enxutas e exaustivamente treinadas, o que acaba resultando em um melhor custo-benefício.

NICHOS

Na Saragô, os serviços especiais com uso de alpinismo industrial já somam 15% do faturamento das demandas da empresa fluminense. Os maiores nichos da companhia envolvem obras como instalação de vidros e de para-raios, assim como limpeza pós-obra, trabalhos em encostas e montagem de esperas de ancoragem, para citar apenas os principais. Um dos exemplos de projeto recente é a construção do Estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ), que envolveu atividades como ativação de linhas telefônicas, iluminação da arquibancada e ações de suporte para escoamento de águas pluviais.

As arenas esportivas, aliás, também são palcos para o alpinismo industrial da baiana Victória. Recentemente, a empresa participou ativamente da finalização da construção da Arena Fonte Nova, em Salvador. “Essa etapa exigia a conclusão e revisão dos últimos serviços, de forma que nos contrataram para a realização de inspeção das atividades de torqueamento e pintura na estrutura da cobertura da arena”, informa Silva. Os trabalhos iniciais foram seguidos pela finalização do restante da pintura, da estrutura até a suspensão, além de montagem e instalação dos painéis eletrônicos do estádio.

Apesar de citar a construção da arena esportiva, o executivo destaca as obras de infraestrutura e de edificações de grande porte como segmentos potenciais para o alpinismo industrial. Alguns fatores explicariam a expectativa de aumento da demanda nesses setores, a começar pela dimensão das obras, que requerem várias frentes de trabalho. Para as empresas do setor, a técnica de acesso por cordas apresenta-se como a solução mais indicada para os serviços em altura e em áreas de difícil acesso nos canteiros desse tipo. Além do volume, a metodologia também pode superar obstáculos de forma mais fácil que as técnicas tradicionais, como a utilização de andaimes e plataformas de trabalho.

O fato de facilitar o acompanhamento visual dos engenheiros que supervisionam as construções é outro aspecto a favor do alpinismo industrial. “Sem contar que os projetos têm cronogramas cada vez mais apertados e que exigem agilidade, rapidez, eficiência e segurança”, pontua Silva. “Nossa vantagem, nesse caso, é conjugar tudo isso a um custo menor.”

QUALIFICAÇÃO

O gerente de operações acrescenta ainda outro ponto importante: em caso de acidente, o procedimento de resgate é feito pela própria equipe, uma vez que todos os profissionais também são certificados para ações emergenciais. Aliás, a formação dos alpinistas industriais exige uma qualificação própria, emitida por associações reconhecidas, incluindo a Industrial Rope Access Trade Association (Irata), que possui validade internacional, e da Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção (Abendi), com validade em território nacional.

De acordo com os especialistas ouvidos pela M&T, as etapas de formação e certificação são divididas em três níveis, indo do básico (Alpinista/Escalador Nível 1) passando por técnico operacional (Alpinista/Escalador Nível 2) até chegar a supervisor de acesso (Alpinista/Escalador Nível 3).

É importante destacar que, para mudar de nível, o profissional deve passar por treinamento específico, cujo requisito é a experiência mínima de mil horas e um ano com envolvimento efetivo em serviços de acesso por cordas no estágio anterior. Quando atinge o nível mais alto, o profissional está tecnicamente capacitado a gerenciar projetos de trabalho com acesso por corda, supervisionar equipes de trabalho e até realizar os mais complexos tipos de resgate. No Nível 3, o alpinista industrial pode ainda realizar as avaliações de risco (Análise Prévia de Risco), relatório de equipamentos e declaração/método de trabalho.

Conheça os equipamentos adotados no alpinismo industrial

Focado em segurança, o alpinismo industrial exige muito mais do que a adoção de EPIs e EPCs. Além deles, indispensáveis, os profissionais da área precisam de dispositivos específicos, uma vez que cada um vai trabalhar suspenso por duas cordas uma de acesso e outra de segurança presas a um cinto de segurança do tipo paraquedista.

Preso à primeira corda fica um conjunto de equipamentos ascensores ou descensores autoblocantes, que possibilitam ao alpinista deslocar-se em sentido ascendente, descendente ou horizontal. Tal flexibilidade permite que o profissional posicione-se exatamente no local onde o trabalho será realizado.

Na corda de segurança, por sua vez, são acoplados dois conjuntos de dispositivos que formam o sistema individual de proteção dos profissionais. São eles: o conjunto de cordas dinâmicas chamadas de cows-tail, que servem como absorvedor de energia, e o mecanismo de backup ou trava-quedas.

Todo o sistema é autoblocante, possibilitando que o trabalhador utilize as duas mãos para realizar o serviço. Além disso, as cordas devem ser instaladas em pontos de ancoragem independentes e previamente inspecionadas. “O uso de equipamentos adequados é fundamental, mas não é o bastante”, adverte Silva, da Victória Qualidade. “Antes de qualquer serviço, deve ser feita uma Análise Prévia de Risco, procedimento que determina as recomendações necessárias para que a tarefa possa ser executada com segurança.”

Além desses cuidados, Silva ressalta a necessidade de elaboração de um Plano de Resgate adequado ao local do trabalho. “É uma condição fundamental para iniciar as tarefas”, diz ele. Saragô, por sua vez, destaca que o uso de equipamentos pode variar de acordo com as atividades, podendo haver combinações com andaimes ou outros recursos. Com isso, pode-se variar desde sistemas de trava quedas até talabartes duplos. “De qualquer forma, os EPIs mínimos incluem cinto tipo paraquedista, capacete e bota de segurança”, finaliza.

 

 

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