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Revista M&T - Ed.159 - Julho 2012
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Centrais de Concreto

Dois pesos e duas medidas

A maior produtividade das usinas misturadoras contra a isenção tributária proporcionada pelas dosadoras é assunto recorrente no setor, mas esses não são os únicos critérios a considerar na escolha da instalação mais adequada para cada aplicação

O índice de consumo de cimento, acompanhado regularmente pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), indica com precisão o nível de atividade na produção de concreto. Tradicionalmente, o maior responsável por essa demanda é o denominado “consumo formiga”, ou seja, as reformas imobiliárias e pequenas obras privadas. Entretanto, de acordo com o último levantamento do Snic, relativo a 2011, a quantidade de cimento consumida por processos industriais já atinge a faixa de 19 milhões t/ano, o equivalente a 30% do total comercializado no país, que foi de 64 milhões t.

A esse volume se soma mais 8 milhões t consumidas pelas construtoras, o que permite afirmar que cerca de 42% de todo o cimento vendido em 2011 foram processado em centrais de concreto. Esse número demonstra o avanço da industrialização nos canteiros de obras e justifica o crescimento na demanda por usinas de concreto. Os fabricantes de equipamentos confirmam esse aquecimento do mercado, impulsionado ainda mais pelo ingresso de novos competidores no país.

Nesse cenário, em que o concreto processado em centrais já se mostra competitivo até mesmo no mercado informal, que sempre se caracterizou por produzir o material no próprio local de aplicação muitas vezes sem um controle tecnológico adequado, as discussões se concentram no tipo de tecnologia mais adequada para o equipamento. Nesse ponto, tanto as usinas dosadoras que apenas pesam os materiais componentes do concreto e os transfere para o balão do caminhão betoneira como as misturadoras que realizam a homogeneização do concreto em seu interior têm as suas aplicações diante de diferentes necessidades.

Predomínio das dosadoras

No mercado brasileiro, entretanto, as centrais dosadoras respondem por mais de 90% do consumo, segundo estimativa de especialistas do setor. A fabricante Ixon exemplifica bem essa tendência de demanda. Segundo Alessandro Almeida, gerente de roadbuilding da Auxter, que distribui os equipamentos da marca, a empresa vendeu 50 unidades de usinas dosadoras em 2011 contra apenas quatro unidades de misturadoras.

Na Liebherr, a avaliação é a mesma. Guilherme Zurita, gerente comercial da divi


O índice de consumo de cimento, acompanhado regularmente pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), indica com precisão o nível de atividade na produção de concreto. Tradicionalmente, o maior responsável por essa demanda é o denominado “consumo formiga”, ou seja, as reformas imobiliárias e pequenas obras privadas. Entretanto, de acordo com o último levantamento do Snic, relativo a 2011, a quantidade de cimento consumida por processos industriais já atinge a faixa de 19 milhões t/ano, o equivalente a 30% do total comercializado no país, que foi de 64 milhões t.

A esse volume se soma mais 8 milhões t consumidas pelas construtoras, o que permite afirmar que cerca de 42% de todo o cimento vendido em 2011 foram processado em centrais de concreto. Esse número demonstra o avanço da industrialização nos canteiros de obras e justifica o crescimento na demanda por usinas de concreto. Os fabricantes de equipamentos confirmam esse aquecimento do mercado, impulsionado ainda mais pelo ingresso de novos competidores no país.

Nesse cenário, em que o concreto processado em centrais já se mostra competitivo até mesmo no mercado informal, que sempre se caracterizou por produzir o material no próprio local de aplicação muitas vezes sem um controle tecnológico adequado, as discussões se concentram no tipo de tecnologia mais adequada para o equipamento. Nesse ponto, tanto as usinas dosadoras que apenas pesam os materiais componentes do concreto e os transfere para o balão do caminhão betoneira como as misturadoras que realizam a homogeneização do concreto em seu interior têm as suas aplicações diante de diferentes necessidades.

Predomínio das dosadoras

No mercado brasileiro, entretanto, as centrais dosadoras respondem por mais de 90% do consumo, segundo estimativa de especialistas do setor. A fabricante Ixon exemplifica bem essa tendência de demanda. Segundo Alessandro Almeida, gerente de roadbuilding da Auxter, que distribui os equipamentos da marca, a empresa vendeu 50 unidades de usinas dosadoras em 2011 contra apenas quatro unidades de misturadoras.

Na Liebherr, a avaliação é a mesma. Guilherme Zurita, gerente comercial da divisão de concreto da empresa, confirma o predomínio das centrais dosadoras e estima que o mercado consumiu no último biênio entre 150 e 180 unidades dos dois modelos. “Desse total, arrisco dizer que mais de 80% dizem respeito a instalações com até 60 m³/h de capacidade nominal”, ele afirma.

O predomínio das centrais dosadoras tem uma explicação clara: a legislação tributária. Como as concreteiras operam como prestadoras de serviço, não podem fornecer um material acabado, ou seja, o concreto já misturado e pronto para ser aplicado na construção, como acontece no caso do material fornecido pelas usinas misturadoras.

Questão tributária

Nesse caso, a empresa precisaria mudar o ramo de atividade para produtora de material industrializado e, naturalmente, passaria a recolher o Imposto Sobre Produto Industrializado (IPI). No fornecimento em regiões urbanas, essa mudança implicaria ainda a incidência de outros impostos, como ICMS e PIS/Confins, elevando a carga tributária a patamares consideráveis. Por esse motivo, as empresas do setor de concreto usinado preferem operar com centrais dosadoras, já que a produção final é realizada fora de suas instalações, no balão do caminhão betoneira, onde ocorre a mistura do material.

Há especialistas no mercado, entretanto, que apontam uma distorção gerada por essa preocupação em aliviar a carga tributária. Para esses profissionais, a maior qualidade e a produtividade superior das centrais misturadoras podem resultar em benefícios que compensam o maior custo tributário. Essa, pelo menos, é a visão da RCO Maschinenfabrik, embora todas as concreteiras digam o contrário e até mesmo fabricantes tradicionais no segmento de misturadoras, como a Liebherr e a Schwing-Stetter, tenham produtos específicos para o atendimento a esse perfil de cliente.

A RCO iniciou a comercialização de centrais de concreto no Brasil no ano passado, trazendo máquinas misturadoras em parceria com a fabricante alemã Elba Werke. “Temos dois modelos em nossa linha, sendo um de 60 m³/h de capacidade nominal e outro de 105 m³/h”, diz Leonardo Cavalcante, coordenador do departamento comercial da empresa.

Ele avalia que os equipamentos suprem duas lacunas do mercado. Uma delas corresponde aos projetos de infraestrutura, como obras de hidrelétricas, que demandam usinas misturadoras de 80 a 150 m³/h de capacidade, e a outra são as indústrias de pré-fabricados, que utilizam instalações de menor capacidade horária. “Há ainda outro nicho com forte demandante, composto pelas concreteiras que optam por centrais dosadoras com capacidade de processamento entre 30 e 80 m³/h”, avalia Cavalcante.

Usinas maiores

Justamente para atender a esse segmento, a Schwing-Stetter oferece a sua central dosadora com capacidade nominal de 60 a 80 m³/h. Segundo Ricardo Lessa, presidente da empresa, os equipamentos se destinam às concreteiras que operam dentro e fora dos grandes centros urbanos, contando com forte participação no volume de concreto consumido na Grande São Paulo para a construção de edifícios comerciais e residenciais. “Há equipamentos desse tipo instalados em três plantas da Engemix e em duas da Cauê Mix nessa região.” Além disso, ele destaca a presença de outras duas centrais dosadoras da marca nas instalações da Ciplan, no Distrito Federal.

Para a Liebherr, que sempre se destacou por disputar apenas o mercado de infraestrutura, com a oferta de centrais misturadoras, os clientes brasileiros tendem a consumir usinas dosadoras de porte cada vez maior. Por esse motivo, Guilherme Zurita explica que a empresa lançou sua primeira instalação desse tipo no país, durante a M&T Expo 2012, com capacidade de 100 m³/h.

O equipamento, segundo o executivo, possui sistema de controle automático, esteira para carregamento e módulo central para balanças de água, cimento e aditivos, além de sistema de segurança nos pontos de manutenção e acesso à planta. Essa usina armazena 70 m³, em quatro silos de 17,5 m³ de agregados, e 200 t de cimento, distribuídas em dois silos de 100 t cada. “Assim, ela admite vários posicionamentos do caminhão betoneira para carga”, diz ele.

Zurita destaca que o equipamento conta com medidor de umidade de areia capacitivo e exclusivo, por ser fabricado pela própria Liebherr. “Esse modelo tem como diferencial a rapidez no processo de dosagem, já que a pesagem dos agregados é feita simultaneamente em duas balanças, diminuindo o tempo de ciclo da dosagem pela metade”, acrescenta Rafael Silva, coordenador de marketing da fabricante alemã. Ele salienta que soluções ambientalmente corretas, como a utilização de filtros de pó e de cimento no ponto de carga, também figuram como diferenciais do equipamento.

Menos espaço, maior capacidade

A chinesa Zoomlion, representada no país pela Brasil Máquinas (BMC), também apresenta novidades no que diz respeito a centrais de concreto. A primeira delas é o Turbomixer, acessório voltado principalmente usinas dosadoras, cuja operação consiste na mistura dos componentes do concreto por agitação, garantindo melhor homogeneidade ao material antes do seu despejo no balão das betoneiras.

“São quatro eixos que giram entre si a 1.400 rpm (rotações por minuto), permitindo realizar misturas homogêneas em ciclos de até 34 s”, explica Marcelo Antonelli Silva, diretor da divisão de equipamentos de concreto da BMC. Ele ressalta que o equipamento também conta com dispositivo para o controle de umidade da areia, fator que pode influenciar significativamente na qualidade do traço do concreto.

Segundo o executivo, duas unidades do Turbomixer já estão entrando em operação em centrais dosadoras de concreteiras brasileiras. Em uma dessas instalações, Antonelli revela que o equipamento fica localizado entre duas bocas de carga da usina dosadora, recebendo material para processar duas linhas de produção de 80 m³/h. “Com isso, ele dobra a capacidade de produção em usinas de layout reduzido, exigindo menos área de terreno para a instalação do equipamento”, diz o executivo.

Tecnologias de controle

O aumento de produção deve ocorrer sem prejuízo ao controle da mistura, algo que as usinas dosadoras da Menegotti empresa que também oferece modelos misturadores visam cumprir com a utilização de software de monitoramento da operação. Os equipamentos da empresa, segundo Alberto Luciano Medeiros, do departamento de engenharia e projetos da fabricante, são dotados de sistema que emite relatórios para controle e planejamento.

“Todas as operações de dosagem são registradas pelo sistema e disponibilizadas em forma de relatórios que podem ser acessados a qualquer momento”, diz ele. “Além disso, informações sobre anomalias, desvios de traços ou inoperância de dispositivos também são registradas e passiveis de consulta por relatório, que pode ser visualizado na tela do computador ou impresso”, ele complementa.

Se, por um lado, fabricantes como a Liebherr, Schwing-Stetter, Zoomlion e Menegotti lançam mão de novas tecnologias para usinas dosadoras, a fim de abocanhar maior fatia desse mercado, por outro, eles não param de avançar tecnologicamente na oferta de modelos misturadores. A cada ano, esses equipamentos incorporam sistemas de automação cada vez mais avançados, além de ampliar sua faixa de capacidade produtiva.

Vantagem das misturadoras

Para esses fabricantes, a oferta de misturadoras visa a atender concreteiras que apostam na maior produtividade desses modelos como diferencial competitivo. “A diferença de produtividade entre os dois tipos de centrais vai depender do traço da mistura”, diz Antonelli, da BMC/Zoomlion. “Porém, se considerarmos o mesmo traço, a eficiência das misturadoras chega a ser 15% maior que a das dosadoras, levando em conta tanto a velocidade de produção pois nesse caso o caminhão betoneira não precisa ficar parado antes da partida para ‘bater’ o concreto por alguns minutos quanto pela qualidade, já que se conseguem misturas mais homogêneas e econômicas, graças ao melhor fator água/cimento”, diz ele.

Por isso, a Zoomlion traz para o Brasil uma gama de modelos de centrais misturadoras, sendo que duas unidades de 120 m³/h já estão em operação em São Paulo e Rio de Janeiro. “São equipamentos totalmente automatizados, com ciclos de carga e mistura de 38 a 42 s, o que permite calcular que a produção é de pelo menos 2 m³/min. de mistura homogênea e com traço aferido”, diz Antonelli.

Foco nas misturadoras também é o que demonstra a Terex, que oferece como item de prateleira quatro modelos com forte apelo à facilidade de montagem. Um dos equipamentos, com capacidade de 76,5 m³/h, é fabricado no Brasil e tem como caso de sucesso a operação pelo 1º Batalhão de Engenharia de Construção (DEC) do Exército brasileiro, na unidade de São Gonçalo do Amarante, a 40 km de Natal (RN).

Produtos de prateleira

Segundo Elton Antonello, gerente de engenharia da fabricante norte-americana, o equipamento é utilizado nas obras do Aeroporto Internacional de Natal e conta com quatro silos dosadores com capacidade de 10 m³ cada, além de staker com capacidade de batelada de 3,8 m³, balança e transportador de agregados e balança de cimento e água.

A Terex ainda disponibiliza no mercado brasileiro usinas misturadoras fabricadas nos Estados Unidos, sendo que o modelo de 153 m³/h já se inclui entre os produtos de prateleira oferecidos pela fabricante. “Esse equipamento tem capacidade de silo de cimento de 57 t e bateladas de 9,2 m³, mostrando que é ideal para grandes projetos que demandam alta produtividade”, diz Antonello.

Quando o assunto é usina misturadora, a Menegotti cita que a preferência dos produtores de bloco, pavimentos, tubos, moldes e demais pré-moldados de concreto é pelas instalações equipadas com misturadores planetários. “Assim como as usinas dosadoras da marca, as misturadoras dispõem de sistema automatizado com software de supervisão responsável pela coordenação do processo e a interação com o operador”, diz Medeiros.

Linha diversificada

Na Schwing-Stetter, a gama de centrais misturadoras é vasta, indo desde o modelo compacto de 30 m³/h, até instalações fixas de 120 m³/h. “O equipamento menor é compacto e bastante utilizado na fabricação de peças de concreto pré-moldado”, diz Ricardo Lessa. Como referência, ele cita que o equipamento foi utilizado na produção dos pré-fabricados utilizados no trecho sul do Rodoanel de São Paulo, além de obras de conjuntos habitacionais onde a usina foi instalada no próprio canteiro de obras. “Outro caso de sucesso desse equipamento foi a produção de pré-moldados para as obras de instalação de torres eólicas da CTZ Tower, em Fortaleza (CE)”, diz ele.

Se o enfoque é a aplicabilidade, todavia, a campeã de vendas da Schwing-Stetter é a central misturadora de 94 m³/h. Dotado de perfil semimóvel, esse equipamento já foi aplicado em grandes projetos, como obras de hidrelétricas e portos, mas também atuou em fábricas de aduelas para atender as obras da Linha Amarela do Metrô de São Paulo e até mesmo em concreteiras colombianas e panamenhas que vendem o material no mercado de varejo.

“Na nossa gama de produtos temos ainda a central fixa misturadora de 120 m³/h, utilizada nas obras das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio e na construção da usina nuclear Angra III, no Rio de Janeiro”, diz Lessa. Como diferencial tecnológico, ele aponta para o sistema de controle das centrais de concreto da marca, que seguem a tendência voltada a uma automação cada vez mais avançada nesse tipo de equipamento.

 

 

 

 

 

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