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Revista M&T - Ed.144 - Março 2011
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Guindastes

Demanda aquecida aumenta a competição

Fabricantes nacionais e importadores de guindastes sobre rodas acirram a disputa por um mercado que pode consumir mil equipamentos em 2011

A decisão do governo de aumentar a taxa de importação para guindastes sobre caminhão com capacidade de içamento acima de 60 t de carga acirrou a disputa nesse segmento do mercado brasileiro. Apesar de ainda ser em caráter temporário, a resolução tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que estabelece uma alíquota de 35% para a importação desse tipo de equipamento – antes, eles eram isentos dessa tarifa – aqueceu a disputa entre fabricantes nacionais e importadores.

Os primeiros, com o apoio da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), defendem a decisão ao apontar que esse tipo de equipamento possui similar nacional, o que justifica a proteção da indústria local com tarifa de importação. Alguns importadores, por sua vez, contestam a tese da similaridade nacional, alegando que os fabricantes de caminhões do País sequer estão aptos a oferecer veículos capazes de suportar içamentos de carga acima de 70 t.

No cerne da disputa está um mercado cuja demanda é estimada em cerca de 850 unidades por ano. Segundo os especialistas entrevistados pela revista M&T, esse foi o consumo brasileiro em 2010 no segmento de guindastes telescópicos sobre rodas, na faixa de 30 a 100 t de capacidade de carga, que figuram como os mais usados em construção. “Esse consumo deverá crescer em 2011, ultrapassando a marca das mil unidades”, avalia Renê Porto, gerente de vendas da área de guindastes da Sany do Brasil.

José Alfredo Marcos da Rocha, diretor-presidente da fabricante brasileira Imap, avalia que os produtores nacionais responderam por cerca de 20% das vendas nesse segmento durante os anos de 2008 e 2009. Com a nova resolução da Camex, ele estima que esse market share deverá saltar para 30% em 2011. “No segundo semestre de 2010, depois da resolução, já sentimos os efeitos positivos, mas ainda não temos os números consolidados.” Mesmo assim, ele acredita que dificilmente a indústria nacional voltará a alcançar os índices de anos anteriores, quando respondia por 50% das vendas no mercado, em média. “Naquela época, a competição era com produtos importados da América do Norte e Europa, cujos parâmetros técnicos impunh


A decisão do governo de aumentar a taxa de importação para guindastes sobre caminhão com capacidade de içamento acima de 60 t de carga acirrou a disputa nesse segmento do mercado brasileiro. Apesar de ainda ser em caráter temporário, a resolução tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que estabelece uma alíquota de 35% para a importação desse tipo de equipamento – antes, eles eram isentos dessa tarifa – aqueceu a disputa entre fabricantes nacionais e importadores.

Os primeiros, com o apoio da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), defendem a decisão ao apontar que esse tipo de equipamento possui similar nacional, o que justifica a proteção da indústria local com tarifa de importação. Alguns importadores, por sua vez, contestam a tese da similaridade nacional, alegando que os fabricantes de caminhões do País sequer estão aptos a oferecer veículos capazes de suportar içamentos de carga acima de 70 t.

No cerne da disputa está um mercado cuja demanda é estimada em cerca de 850 unidades por ano. Segundo os especialistas entrevistados pela revista M&T, esse foi o consumo brasileiro em 2010 no segmento de guindastes telescópicos sobre rodas, na faixa de 30 a 100 t de capacidade de carga, que figuram como os mais usados em construção. “Esse consumo deverá crescer em 2011, ultrapassando a marca das mil unidades”, avalia Renê Porto, gerente de vendas da área de guindastes da Sany do Brasil.

José Alfredo Marcos da Rocha, diretor-presidente da fabricante brasileira Imap, avalia que os produtores nacionais responderam por cerca de 20% das vendas nesse segmento durante os anos de 2008 e 2009. Com a nova resolução da Camex, ele estima que esse market share deverá saltar para 30% em 2011. “No segundo semestre de 2010, depois da resolução, já sentimos os efeitos positivos, mas ainda não temos os números consolidados.” Mesmo assim, ele acredita que dificilmente a indústria nacional voltará a alcançar os índices de anos anteriores, quando respondia por 50% das vendas no mercado, em média. “Naquela época, a competição era com produtos importados da América do Norte e Europa, cujos parâmetros técnicos impunham custos de venda similares aos dos equipamentos nacionais”, diz ele.

Interpretações diferentes
A Imap, juntamente com a Luna ALG, a Madal Palfinger, a TKA e a PHD Guindastes, forma um grupo de fabricantes que, sob a coordenação da Abimaq, vem empreendendo esforços para aumentar a competitividade dos guindastes brasileiros diante dos importados, principalmente os de fabricação chinesa. “Essa resolução temporária, que aumenta a alíquota de importação para 35%, é uma das mudanças que pleiteamos, mas ainda há diversas outras questões que devem ser avaliadas pelo governo Federal”, afirma Rocha. Entre elas, o executivo ressalta que os caminhões-guindastes importados deveriam cumprir todas as exigências técnicas a que são submetidos os veículos de fabricação nacional.

Rocha explica que, diferentemente dos equipamentos de fabricação local – cuja lança telescópica é montada sobre um chassi de caminhão convencional, seguindo todas as adaptações necessárias ao veículo – os modelos importados já são produzidos com chassi e guindaste acoplado, formatando um conjunto único. “Por isso, em termos de legislação eles se enquadram como tratores sobre rodas e não como caminhões equipados com conjunto de guindaste.”

O executivo ressalta que essa interpretação beneficia os produtos importados. “Ao serem classificados como tratores de rodas, eles não precisam atender a uma série de exigências técnicas impostas pela nossa legislação de trânsito para o emplacamento do veículo e, além disso, são isentos de IPVA.” Ele avalia que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) sequer deveria emplacar tratores de rodas, pois essa categoria não está apta a circular por vias públicas. “Mas eles estão sendo emplacados normalmente e essa é uma das nossas reivindicações.”

Avanços tecnológicos
Para Lédio Vidotti, diretor da GTM, que distribui equipamentos da marca chinesa XCMG, os guindastes importados ganharam boa fatia do mercado nos últimos anos devido ao preço competitivo e tecnologia diferenciada, suprindo uma demanda de mercado que os produtores nacionais não conseguiriam atender. “O fato de a XCMG produzir o caminhão e o guindaste como um conjunto único torna o equipamento mais homogêneo e o resultado dessa tecnologia é maior produtividade, pois isso abaixa o centro de gravidade da máquina e, consequentemente, aumenta sua capacidade de içamento”, diz ele.

O executivo da GTM também destaca outros avanços tecnológicos incorporados aos guindastes da XCMG. Como exemplo, ele cita a lança com seção ovalada, que proporciona maior resistência para o içamento de cargas elevadas e resulta numa peça mais leve que as lanças tradicionais, facilitando a rodagem do equipamento por rodovias. “Além disso, seu sistema hidráulico conta com dispositivos do tipo load sense, que ajudam a tornar a operação mais suave.”

Segundo Vidotti, a GTM comercializou cerca de 600 guindastes sobre rodas na faixa de 30 a 100 toneladas nos últimos cinco anos, período no qual atua no Brasil representando a marca XCMG. Os equipamentos abaixo de 70 toneladas, ainda de acordo com o executivo, são o carro-chefe da linha. “Somente em 2010, vendemos 180 equipamentos e este ano esperamos atingir a marca de 250 a 300 unidades comercializadas, superando o recorde de 200 unidades vendidas em 2008.”

Vidotti ressalta que os importadores de guindastes sobre caminhões, principalmente os de origem chinesa, investiram no aperfeiçoamento do serviço de pós-venda oferecido aos clientes. “Nós, por exemplo, mantemos atualmente um estoque de peças com 1.500 itens, um ativo estimado em U$ 4 milhões e que é suficiente para abastecer qualquer demanda que os clientes venham a apresentar”, diz.

Predomínio chinês
A chinesa Sany, que ingressou no mercado brasileiro de guindastes há cerca de um ano, contabilizou a venda de aproximadamente 50 equipamentos sobre rodas durante esse período, quando ainda montava a sua rede de distribuidores locais. “Em 2011, a nossa expectativa é quintuplicar esse volume, principalmente em função do avanço do mercado brasileiro de construção, particularmente no que se refere às obras de infraestrutura, mas também devido à consolidação da nossa estrutura de atendimento ao cliente”, diz Renê Porto.

Ele salienta que a Sany já conta com estoque de peças de reposição, localizado em Osasco (SP), e que pode vir a produzir esses modelos de equipamentos na fábrica que irá instalar na região do Vale do Paraíba, também em São Paulo, cujo início das operações está programado para 2012. De acordo com Renê, a empresa tem investido na adoção de sistemas embarcados de segurança em seus equipamentos, como o uso de sensores de nível e de carga, limitador de carga e dispositivo anti-bloqueio, além de trabalhar no desenvolvimento de tecnologia baseada em sistema de posicionamento global (GPS), que permite monitorar a operação dos guindastes e facilita sua manutenção.

Luciano Dias, vice-presidente de vendas da norte-americana Manitowoc, ressalta que o mercado brasileiro de guindastes sobre rodas foi dominado pelos fabricantes de origem chinesa porque as fábricas locais, cuja produção estava voltada para equipamentos com até 60 t de capacidade de içamento, não conseguiram suprir a demanda interna, que sofreu forte aquecimento entre 2006 e 2008. “Apesar de não terem grande experiência no mercado brasileiro, os chineses praticaram preços cerca de 30% menores em relação aos produtores nacionais e se firmaram nesse mercado, principalmente no de guindastes na faixa de 30 a 100 t de capacidade”, ele avalia.

Prós e contras
Devido à forte demanda brasileira por guindastes nessa faixa de capacidade, a Manitowoc chegou a cogitar a fabricação desses modelos na fábrica que planeja instalar em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul (veja mais detalhes ao lado). “Porém, avaliando o mercado e as oportunidades oferecidas pelas obras com maior prazo de execução, decidimos manter os planos inicias de direcionar essa unidade para a produção de modelos RT (Rough Terrain)”, afirma Dias.

Especialistas do setor ressaltam que os guindastes telescópicos sobre rodas, apesar de serem muito requisitados nos canteiros de obras, costumam ser mobilizados por curto espaço de tempo, nos contratos que as locadoras denominam como spot. Os modelos do tipo todo-terreno de maior porte (AT – All Terrain), por sua vez, são mais solicitados para obras com maior prazo de execução, assim como os guindastes para aplicação em terrenos difíceis (RTs) e os equipamentos sobre esteiras. Por esse motivo, as empresas do setor precisam compor sua frota com um mix que contemple tanto os modelos menores quanto os ATs, os RTs e os sobre esteiras.

Apesar de proporcionarem contratos de locação mais rentáveis – embora suscetíveis a variações de demanda – os guindastes de menor capacidade são bem mais simples que os demais modelos. Por esse motivo, os fabricantes europeus e norte-americanos concentram sua atuação nos segmentos de ATs e RTs, com maior tecnologia incorporada, deixando esse mercado para outros competidores. No caso da Manitowoc, cujos modelos menores não têm grande representatividade para os negócios no Brasil, Luciano Dias estima que a empresa tenha obtido menos de 5% de participação nesse mercado em 2010.

A empresa adotou a estratégia de importar um modelo de 80 t de capacidade, dotado de menos tecnologia embarcada, para oferecer um equipamento com preço competitivo em relação aos importadores asiáticos. “Com isso, conseguimos oferecer guindastes com boa qualidade técnica, atendendo a uma gama de clientes que confiam nos nossos produtos”, explica Dias. “Porém, vale ressaltar que o nosso foco de mercado continua sendo os guindastes dos tipos AT e RT”, ele salienta.

Tendências do mercado
Dias revela que os modelos AT são responsáveis por cerca de 30% das unidades vendidas anualmente pela companhia. “No ano passado, vendemos 41 equipamentos desse tipo e em 2011 esperamos superar a marca de 65 unidades comercializadas.” Ele ressalta que os clientes costumam demandar guindastes AT com elevada capacidade de içamento, na faixa de 70 t a 1.200 toneladas, motivo pelo qual esses equipamentos não concorrem com os TCs, que operam na faixa de 25 a 100 t. “Dos 41 ATs que vendemos no ano passado, somente quatro tinham capacidade de içamento abaixo de 100 t.”

Os guindastes RT, por sua vez, apresentarão forte demanda nos canteiros de obras brasileiros nos próximos anos, segundo as estimativas de Dias. Ele avalia que esse tipo de equipamento se mostra vantajoso em projetos de longa duração, como a construção de hidrelétricas, pois além da alta capacidade de içamento, ele pode se locomover com a carga em distâncias curtas. “No ano passado, vendemos 103 modelos RT no País e neste ano projetamos comercializar mais de 140”, diz ele, estimando que a Manitowoc seja responsável por cerca de 50% do mercado brasileiro de guindastes RT.

Na opinião de Lédio Vidotti, da GTM, os guindastes RT concorrem pouco com os modelos sobre caminhão e os all terrain, justamente pela necessidade de serem transportados sobre carretas para locais mais distantes. “Devido à dimensão territorial do Brasil e à pulverização dos canteiros de obras, sem contar os menores custos de aquisição e de manutenção, os modelos sobre caminhão (TCs) são mais adotados pelas construtoras do que os ATs e os RTs”, diz. “Isso vale até mesmo para os grandes canteiros de obras, que têm várias frentes de atuação para as quais os guindastes precisam ser locomovidos com certa frequência”, ele complementa.

Renê Porto, da Sany, acrescenta que os guindastes TC podem ser aplicados com a mesma eficiência dos AT em muitas operações e, como apresentam um custo cerca de 30% inferior para elevar o mesmo limite de carga, tornam-se os preferidos dos gestores de frota nos canteiros de obras.

Manitowoc direciona fábrica brasileira para a produção de RTs
A fabricante norte-americana estima iniciar a produção local em meados de 2012. O terreno no qual a fábrica de 25 mil m² será construída fica na cidade gaúcha de Passo Fundo e já está em processo de terraplenagem. De acordo com Luciano Dias, os primeiros guindastes produzidos serão do tipo RT, na faixa de 35 a 90 t de capacidade de carga, atendendo à forte demanda prevista no mercado brasileiro para obras de infraestrutura e construção civil em geral.

A resolução do Camex para guindastes sobre rodas
Publicada no Diário Oficial da União em 25 de junho de 2010, a Resolução nº 47 da Câmara de Comercio Exterior (Camex) altera temporariamente três alíquotas de Imposto de Importação. Enquanto a sardinha congelada e o ácido tereftálico foram contemplados com redução da tarifa, os caminhões-guindaste com dois eixos de rodas direcionáveis tiveram elevação da alíquota, passando de zero para 35%. Os caminhões-guindaste com quatro ou mais eixos de rodas direcionáveis continuam com Imposto de Importação de 0%.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

 

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