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Revista M&T - Ed.121 - Fevereiro 2009
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Ergonomia

Conforto no trabalho melhora a produtividade

Fabricantes investem em equipamentos com cabines projetadas ergonomicamente que, segundo suas avaliações, aumentam a produtividade do operador em até 7%

Operar um equipamento de movimentação de solos de grande porte, como escavadeiras hidráulicas e pás carregadeiras, torna-se uma experiência cada vez mais próxima à de pilotar um automóvel de passeio. Apesar de expostas a severas condições de serviço, geralmente sob o sol ou a chuva, escavando e movimentando rochas e outros materiais agressivos em ciclos de trabalho curtos, ditados pela máxima produtividade, muitas dessas máquinas oferecem conforto semelhante ao encontrado num automóvel de luxo. Além da rapidez nas respostas aos comandos e da suavidade dos movimentos, elas dispõem de soluções de ergonomia que minimizam o desgaste físico do operador e contribuem para sua maior produtividade.

Muitos desses equipamentos já incorporam o ar condicionado e as evoluções ergonômicas como itens de série, pelo menos quando se tratam de marcas de primeira linha, viabilizando o conforto dos operadores nas obras de infraestrutura em execução no País. Tal situação decorre das estratégias dos fabricantes, cujos equipamentos são produzidos para atendimento aos mercados globais – incluindo os mais rigorosos em relação à saúde e segurança do trabalho – mas também reflete a conscientização das empreiteiras, principalmente em função das exigências impostas pelos maiores contratantes de obras, como a Petrobras, Vale do Rio Doce e outras.

Mas essa situação não se reproduz em todos os canteiros de obras do País e, em algumas situações, é comum se deparar com equipamentos antigos e sem condições de operação, que expõem seus condutores à poeira, a más condições de acomodação e calor excessivo. Na falta de uma pesquisa sobre o assunto, um estudo realizado pelo Sesi-SP (Serviço Social da Indústria), órgão ligado à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), constatou que o desrespeito à segurança e saúde do trabalho está comprometendo a qualidade de vida dos operários da construção civil.

Situação nos canteiros

Ao analisar 21 canteiros de obras de edificação no estado de São Paulo, totalizando 777 operários entrevistados, a entidade identificou problemas decorrentes da operação, como falha de postura durante o trabalho, esforços e movimentos repetitivos, entre outros. Como resultado, 11% dos entrevistados apresentaram dores nos braços, pernas ou região lombar, 40% registra


Operar um equipamento de movimentação de solos de grande porte, como escavadeiras hidráulicas e pás carregadeiras, torna-se uma experiência cada vez mais próxima à de pilotar um automóvel de passeio. Apesar de expostas a severas condições de serviço, geralmente sob o sol ou a chuva, escavando e movimentando rochas e outros materiais agressivos em ciclos de trabalho curtos, ditados pela máxima produtividade, muitas dessas máquinas oferecem conforto semelhante ao encontrado num automóvel de luxo. Além da rapidez nas respostas aos comandos e da suavidade dos movimentos, elas dispõem de soluções de ergonomia que minimizam o desgaste físico do operador e contribuem para sua maior produtividade.

Muitos desses equipamentos já incorporam o ar condicionado e as evoluções ergonômicas como itens de série, pelo menos quando se tratam de marcas de primeira linha, viabilizando o conforto dos operadores nas obras de infraestrutura em execução no País. Tal situação decorre das estratégias dos fabricantes, cujos equipamentos são produzidos para atendimento aos mercados globais – incluindo os mais rigorosos em relação à saúde e segurança do trabalho – mas também reflete a conscientização das empreiteiras, principalmente em função das exigências impostas pelos maiores contratantes de obras, como a Petrobras, Vale do Rio Doce e outras.

Mas essa situação não se reproduz em todos os canteiros de obras do País e, em algumas situações, é comum se deparar com equipamentos antigos e sem condições de operação, que expõem seus condutores à poeira, a más condições de acomodação e calor excessivo. Na falta de uma pesquisa sobre o assunto, um estudo realizado pelo Sesi-SP (Serviço Social da Indústria), órgão ligado à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), constatou que o desrespeito à segurança e saúde do trabalho está comprometendo a qualidade de vida dos operários da construção civil.

Situação nos canteiros

Ao analisar 21 canteiros de obras de edificação no estado de São Paulo, totalizando 777 operários entrevistados, a entidade identificou problemas decorrentes da operação, como falha de postura durante o trabalho, esforços e movimentos repetitivos, entre outros. Como resultado, 11% dos entrevistados apresentaram dores nos braços, pernas ou região lombar, 40% registraram doenças auditivas e 20% acusaram problemas de coluna. Apesar de a pesquisa abranger todas as atividades envolvidas num canteiro, desde os operadores de máquinas até os pedreiros, serventes, pintores e gesseiros, entre outros profissionais, ela serve de termômetro também para a área de equipamentos.

Para os especialistas do setor, tais problemas se relacionam diretamente à inadequação dos dispositivos e equipamentos mobilizados nesses canteiros, que na maioria das vezes não atendem às especificações da Norma Regulamentadora número 17 (NR-17), sobre ergonomia nas instalações de trabalho. Segundo essa norma, qualquer dispositivo usado pelo profissional deve ter altura ajustável a sua estatura, desde uma cadeira em um escritório até a bancada para suporte de argamassa ou o banco do equipamento. “Nos canteiros de obra, identificamos a falta de cuidados básicos, como a ausência de escadas ergonomicamente projetadas para facilitar o acesso do operador ao equipamento”, diz Augusto Dorado, gerente de segurança do trabalho do Sesi-SP.

O levantamento do Sesi não se restringe apenas a questões de ergonomia, abrangendo também os demais itens relacionados à saúde e prevenção de acidentes no canteiro, como o uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) e procedimentos de segurança. Segundo Dorado, os problemas ergonômicos identificados referem-se mais às atividades não mecanizadas – como o transporte manual de cargas e o assentamento de tijolos e argamassa – que à operação de equipamentos pesados.

Ganho de produtividade

Em algumas operações com equipamentos, aliás, as preocupações ergonômicas são levadas ao extremo, com vistas aos ganhos de produtividade obtidos ao se proporcionar maior conforto e comodidade aos operadores. Um exemplo desse procedimento é a Vale do Rio Doce, que a partir deste ano vetou o uso de equipamentos em suas minas que não sejam dotados de cabine fechada e ar condicionado. “Essa iniciativa, além de preservar o bem estar dos funcionários e dos demais profissionais que prestam serviços em suas unidades, demonstra uma postura inteligente”, avalia João Zarpelão, gerente de engenharia de vendas da Volvo Construction Equipament (VCE).

Segundo ele, estudos realizados pela Volvo detectaram que as cabines fechadas, refrigeradas e projetadas ergonomicamente melhoram de 5% a 7% a produtividade do operador do equipamento em uma jornada de 8 horas de trabalho. “Isso acontece porque, simplesmente, quando chega ao fim do dia, ele está menos cansado e continua produzindo dentro de índices elevados”.

Ele explica que o benefício, nesse caso, não se restringe à climatização produzida pelo ar condicionado. O ruído e a poeira a que o operador fica exposto quando conduz um equipamento com cabine aberta acabam provocando danos a sua saúde e reduzem a produtividade. As máquinas com cabines fechadas, por sua vez, contam com sistemas de filtragem dimensionados para reter partículas de 0,1 a 0,5 micra de diâmetro. “Nos nossos equipamentos, eles têm 90% de eficiência de filtragem e contam com um elemento filtrante principal e outro secundário”, complementa
Walter Victorino, gerente de produtos da VCE.

Para manter a cabine de seus equipamentos livre de impurezas, a Komatsu desenvolveu uma tecnologia de pressurização conjugada ao sistema de ar condicionado, que, dessa forma, mantém a atmosfera interna sempre com pressão ligeiramente superior à externa. “Isto faz com que o ar seja repelido de dentro para fora constantemente, evitando o ingresso de poeira na cabine e os efeitos que causaria na saúde do operador”, diz Marcos Carlutto, gerente de serviços e treinamento da fabricante.

Ambiente silencioso

Quando o assunto é a proteção contra ruídos, Carlutto ressalta que os equipamentos modernos já são projetados para proporcionar um ambiente com menos de 75 dB, mesmo trabalhando em operações severas. Para se ter uma idéia do nível de conforto, basta comparar com a exigência da NR-17 para o máximo de ruído permitido em ambientes de trabalho que exigem solicitação intelectual e atenção, como salas de controle, laboratórios e escritórios: 65 dB.

Segundo a Norma Regulamentadora número 31 (NR-31), um operário não pode ser submetido a ruídos acima de 85 dB, no interior da cabine da máquina, ou de 108 dB, quando se encontra do lado de fora. “Como o ruído é medido por uma escala do tipo logarítmica, mesmo uma pequena redução abaixo desses 85 dB representa um benefício expressivo para a audição dos operadores”, completa João Zarpelão, da Volvo.

Os ganhos de ergonomia também se entrelaçam com a evolução do sistema de controle dos equipamentos, que substituiu o uso de alavancas, pedais e volantes por joysticks. Além do conforto e maior praticidade na operação das máquinas, tais dispositivos possibilitam respostas mais rápidas ao comando do operador. Segundo avaliação da Caterpillar, o uso de joysticks reduz a movimentação de braços e mãos dos operadores em até 78%, diminuindo sua fadiga durante a jornada de trabalho e direcionando-os para sua atividade fim, que é conduzir o equipamento.

Operação simplificada

Por esse motivo, recentemente a fabricante lançou uma nova geração de motoniveladoras cujos modelos substituem o volante e as 16 alavancas tradicionalmente usadas em sua operação por um par de joysticks. Dessa forma, com a suave movimentação das mãos e o aperto de alguns botões, o operador realiza todos os comandos necessários para a movimentação da máquina e da lâmina, mantendo sempre o braço sobre apoios ergonomicamente projetados. Quem conhece uma motoniveladora e a complexidade de sua operação – talvez uma das mais trabalhosas entre os demais equipamentos de terraplenagem – consegue dimensionar o que isto representou em termos de simplificação.

Completando a lista de aperfeiçoamentos realizados pelos fabricantes, a evolução ergonômica dos equipamentos passa ainda pela incorporação de apoio para os braços e os pés, o desenvolvimento de bancos ajustáveis e, no caso dos equipamentos de grande porte, a instalação de câmera de TV na traseira da máquina. Nesse caso, diante da dificuldade de visualizar esse espaço externo, mesmo com o uso de espelho retrovisor, o operador pode realizar as manobras necessárias com segurança, graças às imagens exibidas em um monitor no painel do equipamento.

Para Victorino, da Volvo, de nada adianta todo esse aparato se o operador não dispuser de ajustes para seu posicionamento confortável, na hora de iniciar o trabalho, como o melhor posicionamento dos apoios, do banco e volante. “Também não podemos nos esquecer dos aspectos ergonômicos presentes fora da cabine.” Ele explica que os equipamentos já são projetados com escadas mais confortáveis para acesso à cabine, com piso dotado de superfície antiderrapante. “Além disso, colocamos coxins nos apoios da máquina, tapete de borracha e assentos com sistema de suspensão, o que diminui a percepção de vibração pelo operador.” A vibração, aliás, é uma das causadoras de dores lombares identificadas no estudo do Sesi-SP.

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