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Revista M&T - Ed.157 - Maio 2012
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Mob/Desmob

Como equipar a obra com eficiência

Gestores de equipamentos detalham a logística para mobilização e desmobilização dos equipamentos nos canteiros de obras diante das adversidades no deslocamento desses ativos e do cumprimento à legislação de transporte
Por Camila Waddington

Em um país com a vastidão geográfica do Brasil, transportar equipamentos pesados até as frentes de obras não é uma tarefa simples. E esse processo se revela igualmente difícil ao final do projeto, quando o equipamento precisa ser removido do canteiro para envio ao pátio central da construtora ou redirecionado para outro contrato. Conhecida no mercado como mobilização e desmobilização de equipamentos, ou simplesmente como mob/desmob, essa atividade merece atenção especial por parte dos gestores de frotas, já que ela pode até mesmo inviabilizar determinado projeto se não for perfeitamente analisada antes da contratação da obra.

Apesar de rara, a situação na qual o transporte de equipamentos inviabiliza um novo contrato pode acontecer, como afirma Luiz Carlos Nóbrega, gerente de manutenção da Construtora Barbosa Mello. “São casos muito específicos onde vale a atenção às questões que compõem esse emaranhado de variáveis presentes no processo de mobilização e desmobilização”, diz ele.

Nóbrega se refere a alguns países nos quais os costumes religiosos, culturais ou crenças impedem que as equipes sejam inseridas no contexto local, obrigando as construtoras a criarem verdadeiras cidades para seus funcionários.

“Isso pode comprometer a lucratividade da obra”, ele complementa. O especialista acrescenta que também há regiões com incidência de doenças endêmicas ou com dificuldade de ambientação climática, o que pode acarretar doenças desconhecidas e acabar afastando os operários do canteiro de obras.

Inviabilizando a obra

Gerson Andretta, gerente de equipamentos da Ivaí Engenharia, concorda que é possível determinada situação de mobilização e desmobilização inviabilizar uma obra. Ele também pondera que isso é difícil de ocorrer, mas cita um caso real: “em uma barragem no Amapá, licitada há cerca de dois anos, fizemos um estudo que comprovava a inviabilidade da obra”, diz ele. “A contratante havia determinado um prazo exíguo para a realização da obra antes da chegada das chuvas e, devido à distância entre o canteiro e os centros urbanos mais próximos, percebemos que era inviável mobilizar as máquinas no prazo solicitado”, completa.


Em um país com a vastidão geográfica do Brasil, transportar equipamentos pesados até as frentes de obras não é uma tarefa simples. E esse processo se revela igualmente difícil ao final do projeto, quando o equipamento precisa ser removido do canteiro para envio ao pátio central da construtora ou redirecionado para outro contrato. Conhecida no mercado como mobilização e desmobilização de equipamentos, ou simplesmente como mob/desmob, essa atividade merece atenção especial por parte dos gestores de frotas, já que ela pode até mesmo inviabilizar determinado projeto se não for perfeitamente analisada antes da contratação da obra.

Apesar de rara, a situação na qual o transporte de equipamentos inviabiliza um novo contrato pode acontecer, como afirma Luiz Carlos Nóbrega, gerente de manutenção da Construtora Barbosa Mello. “São casos muito específicos onde vale a atenção às questões que compõem esse emaranhado de variáveis presentes no processo de mobilização e desmobilização”, diz ele.

Nóbrega se refere a alguns países nos quais os costumes religiosos, culturais ou crenças impedem que as equipes sejam inseridas no contexto local, obrigando as construtoras a criarem verdadeiras cidades para seus funcionários.

“Isso pode comprometer a lucratividade da obra”, ele complementa. O especialista acrescenta que também há regiões com incidência de doenças endêmicas ou com dificuldade de ambientação climática, o que pode acarretar doenças desconhecidas e acabar afastando os operários do canteiro de obras.

Inviabilizando a obra

Gerson Andretta, gerente de equipamentos da Ivaí Engenharia, concorda que é possível determinada situação de mobilização e desmobilização inviabilizar uma obra. Ele também pondera que isso é difícil de ocorrer, mas cita um caso real: “em uma barragem no Amapá, licitada há cerca de dois anos, fizemos um estudo que comprovava a inviabilidade da obra”, diz ele. “A contratante havia determinado um prazo exíguo para a realização da obra antes da chegada das chuvas e, devido à distância entre o canteiro e os centros urbanos mais próximos, percebemos que era inviável mobilizar as máquinas no prazo solicitado”, completa.

O resultado dessa experiência relatada por Andretta é que nenhuma construtora se apresentou para a concorrência, devido à impossibilidade de cumprir os prazos estabelecidos. Tal situação forçou o contratante a esperar o próximo período de estiagem para então liberar outro edital com prazo de execução de obras mais alongado.

É à logística que Sérgio Barrêto, diretor de equipamentos e logística da construtora GDK, também credita a possível inviabilização de determinadas obras. Como exemplo de complexidade, ele cita a região amazônica, onde predomina o modal fluvial para transporte de pessoal e equipamentos. “Conhecemos bem essa realidade, pois em uma obra realizada há dois anos tivemos que dragar até 15 km de rios para a mobilização de determinados equipamentos.” Ele recorda que essa foi uma solução de emergência, adotada para evitar que o transporte fosse postergado por seis meses, até o próximo período de cheia.

Obviamente, os casos relatados pelos três especialistas são atípicos, mas ilustram com veemência as dificuldades encontradas nos processos de mobilização e desmobilização de equipamentos. No dia a dia, porém, regras bem estabelecidas de apoio tecnológico – principalmente as ancoradas em sistema de gestão empresarial (ERP) asseguram um processo de logística eficiente para as construtoras.

Frentes simultâneas

Com uma frota de 650 equipamentos pesados, a GDK é especializada em obras de dutos e mantém um processo de mobilização e desmobilização diferente das construtoras voltadas para obras de terraplanagem. O primeiro aspecto é que a construção de linhas de dutos demanda, na maioria dos casos, uma quantidade grande de equipamentos. Como projetos desse tipo se desenvolvem ao longo de grandes extensões lineares, as máquinas são mobilizadas simultaneamente em várias frentes de serviço.

Barrêto explica que, além disso, projetos dessa natureza exigem equipamentos específicos, como side booms, curvadeiras, power welders, acopladeiras e carregadores de tubos, entre outros. “Como essas máquinas não são encontradas facilmente no mercado, precisamos de uma gestão totalmente segura”, ele completa. Apesar dessas peculiaridades, a mobilização é semelhante à dos equipamentos de terraplanagem.

Nesse processo, todas as máquinas constam no histograma de obra, no qual estão imputados os períodos de manutenção preventiva e preditiva, o check list das revisões realizadas, as certificações e todas as questões documentais que respaldam a qualidade técnica dos equipamentos. “Fazemos toda a inspeção técnica em cada equipamento, como análise de material rodante e da pressão hidráulica, inspeções visuais, testes de carga, entre outras, para então encaminharmos relatórios completos, inclusive com fotografias, sobre o equipamento mobilizado.”

O executivo ressalta que esse detalhamento assegura a qualidade da máquina recebida para a operação na obra.

Operação centralizada

A desmobilização segue o sentido inverso, mas a obra fica isenta de manutenções corretivas na entrega de cada máquina. Os equipamentos desmobilizados pela GDK, aliás, seguem para uma das duas oficinas centrais da construtora, localizadas em Caçapava (SP) e Salvador (BA), onde serão revisados e recuperados. “Enquanto estão em operação, as máquinas recebem manutenções preditivas, preventivas e corretivas no próprio canteiro, com a gestão de um engenheiro mecânico e sua equipe técnica, além dos controladores, que são profissionais da área de equipamentos da construtora designados justamente para supervisionar a manutenção de máquinas em cada obra.”

Ele explica que somente em casos complexos, como a retífica de motores e o reparo de outros subconjuntos pesados, a oficina central assume a manutenção corretiva, enquanto mobiliza outro equipamento ou componente para

cobrir provisoriamente a baixa daquele ativo na obra. O fato de operar com frota centralizada em duas centrais de equipamentos facilita a mobilização para as diversas regiões do país, segundo Barrêto. Como exemplo, ele cita as obras do mineroduto de 400 km entre Minas Gerais e o Espírito Santo, no qual a GDK opera com 200 equipamentos mobilizados pelas duas centrais.

“Durante as mobilizações, informamos diariamente para a obra, por meio de planilha, os equipamentos que serão liberados, os que estão disponíveis e a data de liberação daqueles que ainda estão em manutenção”, diz Barrêto. Ele explica que nesse relatório consta também o local de onde sairá o equipamento. “O transporte é feito em parte por carretas próprias e em parte por transportadoras subcontratadas, e as informações circulam diariamente entre os controladores e os profissionais de logística da obra e da sede, de forma a operarem em perfeita harmonia.”

Controle da informação

O apoio tecnológico também auxilia as operações de mobilização e desmobilização de equipamentos na Construtora Barbosa Mello. Luiz Carlos Nóbrega explica que os planos de manutenção estão inseridos em um sistema que integra todas as áreas da empresa: Financeira, Recursos Humanos, Administrativa etc. “Assim, quando surge a necessidade de manutenção, o sistema emite relatórios e avisos às equipes de manutenção para que as intervenções sejam realizadas. Os equipamentos são inseridos no sistema para que tenhamos todo o seu histórico operacional”, diz ele.

As informações centralizadas em um ERP permitem que as equipes de manutenção das obras executem seus trabalhos de acordo com o planejado. Quando surgem situações atípicas ou sugestões para alteração dos planos de manutenção pré-estabelecidos, Nóbrega diz que são feitos adendos para serem analisados pela gerência de manutenção da matriz. “O que foi proposto será discutido em comitê”, ele afirma.

A frota atual da Barbosa Mello é composta por cerca de 600 equipamentos e a manutenção com controle centralizado pelo ERP padroniza, segundo Nóbrega, as instruções e a forma de trabalhar das equipes, facilitando o intercâmbio entre os profissionais nas diversas operações. Além disso, ele cita que uma das consequências mais importantes de manter o controle de manutenção centralizado é a retenção das informações sobre a vida útil das máquinas, permitindo a realização de analogias sobre falhas, o que facilita o diagnóstico em equipamentos similares ou com componentes em comum.

Planejando o transporte

A política de uniformidade não está enraizada somente na gestão de manutenção da Construtora Barbosa Mello. No processo de mobilização de equipamentos para as frentes de obras, o desejável é que as máquinas sigam em blocos, ou seja, que diversas unidades sejam deslocadas de uma só vez. “Isso permite que as equipes de produção tenham todas as máquinas operacionalmente ativas no mesmo período, otimizando os prazos da obra”, diz Nóbrega.

Alguns equipamentos fogem à regra nessa mobilização em massa. Nóbrega destaca que tais exceções se aplicam a máquinas cujo transporte exige condições específicas ou licença especial. Nesses casos, determinados pelas grandes dimensões do equipamento ou por suas características especiais, a equipe da construtora elabora um plano de ação associado a um cronograma de remessa.

O planejamento leva em conta o tempo médio de tramitação das licenças requeridas, além de contemplar um prazo de transporte maior para cumprimento da legislação sobre tráfego pelas rodovias brasileiras. “Após essa etapa, entram em cena as equipes que irão realizar a montagem e dar o start-up desses equipamentos.” Nóbrega explica que a mobilização dos equipamentos é programada para ocorrer simultaneamente à chegada dos funcionários no canteiro de obras.

Licenças especiais

Dos 320 equipamentos que compõem a frota própria da Ivaí Engenharia, a maior parte – cerca de 70% – é composta por maquinas de terraplanagem que não necessitam de licenças especiais para transporte rodoviário. Outros 20% correspondem a equipamentos de pavimentação, como rolos compactadores, enquanto os 10% restantes compreendem equipamentos de grande dimensão e que exigem licença especial para transporte. “Nesse último grupo é que reside a principal ‘dor de cabeça’ no processo de mobilização e desmobilização”, desabafa Gerson Andretta.

Ele diz que, conforme o trajeto, é necessário expedir licença especial de transporte estadual, federal e, em rodovias concedidas, da concessionária responsável. “Isso tudo resulta em prazos muito extensos de transporte. Há pouco tampo nos pediram 100 dias para liberar uma máquina de grande porte que precisava passar por rodovias no Sul de Santa Catarina. A solução foi fazermos outro trajeto, que somava o dobro da quilometragem, mas que demoraria menos tempo”, exemplifica Andretta.

Para o caso das máquinas mais usuais em canteiros de obras – como escavadeiras hidráulicas e rolos compactadores – o mercado já desenvolveu formas de reduzir o impacto dos transportes especiais. Na Ivaí, por exemplo, nas escavadeiras cuja bitola das esteiras mede 3,40 m de largura, a mesma é automaticamente reduzidas para 3,20 m, de forma a viabilizar seu transporte sem a necessidade de licença especial.

“Caso contrário, certamente teremos que contabilizar um prazo mínimo de 10 dias para sua mobilização”, ressalta Andretta. Nessa reconfiguração das máquinas, ele cita o caso dos rolos compactadores estáticos, que antes mediam 3,40 m de largura e agora saem da linha de produção com 3,20 metros, o que representa uma atitude dos fabricantes em prol da simplificação dos processos de mobilização e desmobilização.

 

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