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Revista M&T - Ed.169 - Junho 2013
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A Era das Máquinas

Além dos trilhos: A vez das esteiras e soluções alternativas

Por Norwil Veloso

Talvez o momento de maior aceleração tecnológica da história, o período entre o final do século XIX e o início do XX foi caracterizado por uma sucessão vertiginosa de invenções que literalmente mudaram a face do mundo. Telefone (1876), motor a explosão (1876), lâmpada elétrica (1879), automóvel (1886), cinematógrafo (1895), avião (1903) e outras inovações rapidamente se espalharam pela Europa e Estados Unidos.

Paralelamente, o crescimento da população nos países da Europa e a colonização de novos territórios na América criaram a necessidade de se obter meios mais aperfeiçoados de transporte e distribuição de alimentos, roupas, combustível, equipamentos e outros itens, levando a um incremento substancial de ferrovias, portos e canais, assim como a uma ampliação das vias e infraestrutura urbana.

MECANIZAÇÃO

Evidentemente, não havia qualquer possibilidade de se executar a grande quantidade de obras iniciadas nas duas primeiras décadas do século XX sem a utilização de equipamentos mecanizados, principalmente nos Estados Unidos. Na Europa, paradoxalmente, até a Primeira Guerra Mundial os trabalhadores continuavam a escavar manualmente e a transportar o material em carrinhos de mão, reservando as escassas máquinas existentes para os grandes projetos.

Naquela época, a escavadeira já havia se firmado como a principal máquina de movimentação de terra. Além da já consolidada configuração shovel, outros conceitos estruturais foram surgindo, como retroescavadeira, dragline e clamshell.

CONCEITO

Na Europa, o principal fabricante passou a ser a Menck & Hambrock, cuja máquina já possuía um giro de 360°, em lugar dos 180° das máquinas sobre trilhos. Esse conceito foi seguido pelos ingleses da Ruston & Proctor que, em 1902, já produziam uma máquina com características similares.

Gradualmente, as correntes de caçambas também foram sendo substituídas por escavadeiras a cabo. Em 1900, o engenheiro norte-americano W. A. Robinson deixou a Bucyrus e, ao migrar para a Atlantic Equipment, projetou a primeira escavadeira controlada por cabos no lugar de correntes. Em termos de produtividade, essa mudança cr


Talvez o momento de maior aceleração tecnológica da história, o período entre o final do século XIX e o início do XX foi caracterizado por uma sucessão vertiginosa de invenções que literalmente mudaram a face do mundo. Telefone (1876), motor a explosão (1876), lâmpada elétrica (1879), automóvel (1886), cinematógrafo (1895), avião (1903) e outras inovações rapidamente se espalharam pela Europa e Estados Unidos.

Paralelamente, o crescimento da população nos países da Europa e a colonização de novos territórios na América criaram a necessidade de se obter meios mais aperfeiçoados de transporte e distribuição de alimentos, roupas, combustível, equipamentos e outros itens, levando a um incremento substancial de ferrovias, portos e canais, assim como a uma ampliação das vias e infraestrutura urbana.

MECANIZAÇÃO

Evidentemente, não havia qualquer possibilidade de se executar a grande quantidade de obras iniciadas nas duas primeiras décadas do século XX sem a utilização de equipamentos mecanizados, principalmente nos Estados Unidos. Na Europa, paradoxalmente, até a Primeira Guerra Mundial os trabalhadores continuavam a escavar manualmente e a transportar o material em carrinhos de mão, reservando as escassas máquinas existentes para os grandes projetos.

Naquela época, a escavadeira já havia se firmado como a principal máquina de movimentação de terra. Além da já consolidada configuração shovel, outros conceitos estruturais foram surgindo, como retroescavadeira, dragline e clamshell.

CONCEITO

Na Europa, o principal fabricante passou a ser a Menck & Hambrock, cuja máquina já possuía um giro de 360°, em lugar dos 180° das máquinas sobre trilhos. Esse conceito foi seguido pelos ingleses da Ruston & Proctor que, em 1902, já produziam uma máquina com características similares.

Gradualmente, as correntes de caçambas também foram sendo substituídas por escavadeiras a cabo. Em 1900, o engenheiro norte-americano W. A. Robinson deixou a Bucyrus e, ao migrar para a Atlantic Equipment, projetou a primeira escavadeira controlada por cabos no lugar de correntes. Em termos de produtividade, essa mudança crucial permitiu que um único operador experiente executasse seis ciclos por minuto, ou um ciclo a cada 10 segundos. Ao todo, foram fabricadas cerca de 120 máquinas desse tipo, até que a Bucyrus assumisse o controle da empresa e paralisasse a produção.

EVOLUÇÃO

Em 1907, a Marion Steam Shovel produziu uma escavadeira sobre trilhos de 100 ton com capacidade para escavar 220 m³/h. Além do pessoal de operação (seis pessoas), o equipamento demandava  mais 15 trabalhadores só para a movimentação dos trilhos.

Essa dificuldade, comum a todas as máquinas do período, levou a diversas tentativas de substituição do sistema de locomoção sobre trilhos. Em 1912, a Bucyrus produziu uma máquina para um projeto de irrigação no Texas que, além de ser provavelmente a primeira escavadeira com motor a explosão, se deslocava sobre esteiras.

Em 1913, um jovem engenheiro chamado Oscar Martinson, da Monighan Machine, desenvolveu um sistema de locomoção baseado em “patas”, que posteriormente ficou conhecido como “walking dragline”. Essa solução, que até é utilizada hoje para locomoção de máquinas de tamanho gigante, fez com que a Monighan adquirisse status de fabricante importante, sendo também adquirida pela Bucyrus em 1931.

LOCOMOÇÃO

Nos Estados Unidos, as escavadeiras sobre trilhos continuaram a ser produzidas, embora alguns fabricantes desenvolvessem sistemas diferenciados de locomoção que podiam ser adaptados nas máquinas, tanto esteiras como rodas de aço. Na Europa, a substituição foi mais rápida: já em 1911, uma escavadeira da Menck com capacidade de 1 m³ tinha locomoção sobre rodas metálicas com propulsão a motor.

As esteiras permitiram não só que  as escavadeiras, mas também os tratores puxadores e agrícolas (ainda não se tinha pensado em colocar uma lâmina na frente do trator), pudessem trafegar sobre terrenos mais moles ou brutos, devido à grande capacidade de tração. Com isso, as escavadeiras podiam deixar suas vias “rígidas” e se deslocar com maior facilidade sobre o terreno.

As primeiras máquinas desse tipo datam do início do século, havendo registros de patentes já em 1901, que vieram a resultar no trator a vapor Lombard nº 205, de aproximadamente 15 ton e que teve mais de 200 unidades produzidas.

A partir de então, os fatos se sucederam com maior rapidez. Em 1907, foi construída na Inglaterra a primeira máquina com motor diesel. Nesse mesmo ano, o termo “trator” foi usado pela primeira vez para definir esse tipo de equipamento.

LAGARTA

Buscando reduzir os problemas causados pelas grandes dimensões e peso das máquinas a vapor, que comprimiam demais o solo ou acabavam por atolar, Benjamin Holt desenvolveu em 1904 um trator de esteiras cujo movimento se assemelhava ao de uma lagarta (caterpillar). Ao ouvir essa observação, Holt exclamou: “Esse é o nome dela!” e assim nasceu o nome que viria a ficar famoso no mundo inteiro.

O uso dos motores a explosão, contudo, não oferecia uma resposta de torque equivalente à dos motores a vapor, já amplamente testados. Com isso, a introdução do motor diesel foi lenta, tanto pela confiabilidade dos antigos motores a vapor como pela dificuldade de partida do novo dispositivo (que na origem apresentava 19 passos a serem seguidos). Mas, a partir de 1909, os motores a vapor começam a desaparecer, com a substituição dos equipamentos por máquinas sobre esteiras equipadas com motor a explosão, mais versáteis e adequados aos novos tempos.

Leia na próxima edição: Tratores de esteiras – Da agricultura para a construção

 

 

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