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Revista M&T - Ed.165 - Fevereiro 2013
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Mão de Obra

A inadiável tarefa da qualificação

Déficit de mão de obra especializada é hoje o principal gargalo da construção, fazendo com que fabricantes e instituições criem programas de treinamento para sanar essa lacuna

Com o avanço da economia brasileira, a mão de obra especializada tornou-se um gargalo para mercado brasileiro da construção, sendo que a operação das máquinas e o treinamento adequado ocupam papeis de destaque nesse cenário de insuficiência de pessoal.

Segundo a mais recente Sondagem da Indústria da Construção, publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em setembro do ano passado, a falta de mão de obra qualificada ainda é o principal problema enfrentado pelas construtoras brasileiras. O problema foi apontado por 61,7% dos entrevistados na pesquisa, que durante o mês de outubro de 2012 reuniu e analisou dados sobre 465 companhias de diferentes portes, com atividades concentradas em construção de edifícios, infraestrutura e serviços especializados.

O estudo da CNI não especifica os profissionais mais requisitados nos canteiros de obras, mas a M&T foi a campo ouvir profissionais que atuam diretamente com a questão para dimensionar o tamanho do gap e suas possíveis soluções de operadores de máquinas de construção e de cursos de capacitação atualmente existente no país.

Ritmo

De saída, o problema tem uma lógica incontornável. Como pontua Wilson de Mello Junior, diretor do Instituto Opus, que cita dados do Estudo de Mercado da Sobratema, somente no ano passado foram incorporados 29.760 equipamentos pesados à frota de máquinas no Brasil, e outras 33.350 unidades devem chegar em 2013.

Só na área de plataformas aéreas de trabalho, uma das que mais crescem no país, o número de equipamentos em operação é de cerca de 20 mil máquinas. Elas ingressaram no país nos últimos cinco anos, sendo que, somente em 2011 e 2012, foram vendidas cerca de 10 mil unidades, equivalente ao volume total comercializado no país entre 2007 e 2010.

“Se consideramos apenas um turno de operação, precisaríamos ter, pelo menos, o mesmo número de novos operadores e de máquinas ingressantes”, compara Mello Junior. “Mas o ritmo de crescimento do parque de máquinas é evidentemente muito maior que o da formação de operadores”, diz o especialista, ressaltando que o país ainda não consegue formar adequadamente essa quantidade de profissionais.

Fabricantes


Com o avanço da economia brasileira, a mão de obra especializada tornou-se um gargalo para mercado brasileiro da construção, sendo que a operação das máquinas e o treinamento adequado ocupam papeis de destaque nesse cenário de insuficiência de pessoal.

Segundo a mais recente Sondagem da Indústria da Construção, publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em setembro do ano passado, a falta de mão de obra qualificada ainda é o principal problema enfrentado pelas construtoras brasileiras. O problema foi apontado por 61,7% dos entrevistados na pesquisa, que durante o mês de outubro de 2012 reuniu e analisou dados sobre 465 companhias de diferentes portes, com atividades concentradas em construção de edifícios, infraestrutura e serviços especializados.

O estudo da CNI não especifica os profissionais mais requisitados nos canteiros de obras, mas a M&T foi a campo ouvir profissionais que atuam diretamente com a questão para dimensionar o tamanho do gap e suas possíveis soluções de operadores de máquinas de construção e de cursos de capacitação atualmente existente no país.

Ritmo

De saída, o problema tem uma lógica incontornável. Como pontua Wilson de Mello Junior, diretor do Instituto Opus, que cita dados do Estudo de Mercado da Sobratema, somente no ano passado foram incorporados 29.760 equipamentos pesados à frota de máquinas no Brasil, e outras 33.350 unidades devem chegar em 2013.

Só na área de plataformas aéreas de trabalho, uma das que mais crescem no país, o número de equipamentos em operação é de cerca de 20 mil máquinas. Elas ingressaram no país nos últimos cinco anos, sendo que, somente em 2011 e 2012, foram vendidas cerca de 10 mil unidades, equivalente ao volume total comercializado no país entre 2007 e 2010.

“Se consideramos apenas um turno de operação, precisaríamos ter, pelo menos, o mesmo número de novos operadores e de máquinas ingressantes”, compara Mello Junior. “Mas o ritmo de crescimento do parque de máquinas é evidentemente muito maior que o da formação de operadores”, diz o especialista, ressaltando que o país ainda não consegue formar adequadamente essa quantidade de profissionais.

Fabricantes

Felizmente, já existem algumas experiências que podem apontar caminhos. A Ciber Equipamentos Rodoviários, por exemplo, representa um grupo relativamente novo no que tange ao treinamento de operadores para equipamentos móveis: o de fabricantes. Assim como outras do setor, a empresa oferece um programa de treinamento de operação que inclui aulas teóricas e práticas em máquinas reais ou simuladores.

“Centrados em nosso portfólio, os cursos englobam instruções de aplicação, manuseio, manobras, carga e descarga, segurança operacional e manutenção para cada categoria de máquina”, diz Derli Macagnam, gerente de treinamento da empresa, salientando que o certificado só é emitido após 40 horas de aula e sob condição de que o aluno obtenha as notas de avaliação requisitadas pelo programa.

Para ele, o número de treinamentos de operadores só vai aumentar no país se as empresas contratantes e compradoras de equipamentos passarem a exigir certificação. “Nesse sentido, já percebemos um cuidado maior nas mineradoras e, mais recentemente, em algumas construtoras maiores, que também começam a agir dessa maneira”, diz Macagnam.

Fabricante de plataformas aéreas, a Haulotte realiza treinamentos para uma vasta gama de empresas que atuam em diversos ramos da indústria brasileira, como metalúrgico, de petróleo e gás, de construção civil e outros. “Fomos a primeira fabricante certificada pelo Ipaf no Brasil e, atualmente, nosso Centro de Treinamento tem padrão internacional compatível com a ISO 18.878”, diz Alexandre Vaccari, coordenador de treinamentos da Haulotte do Brasil.

Detalhando as exigências qualitativas dos cursos, o coordenador destaca que a carga horária é definida de acordo com o número de participantes dos cursos e que os treinamentos são programados de tal forma que não haja excedente do número de alunos por instrutor.

Para Vaccari, o crescimento acentuado da utilização de plataformas aéreas nos últimos anos agravou a carência de operadores de equipamentos qualificados no país, levando fabricantes e instituições do setor alarmadas a tentar reverter o quadro por conta própria, criando e aperfeiçoando seus programas de treinamento técnico intensivo.

Entidades

Com tal necessidade, outros esforços também se dão no âmbito institucional. Voltada para a formação de profissionais, a Federação Internacional de Plataformas Aéreas (Ipaf) já oferece no país um padrão internacional de treinamento que é reconhecido pelo Powered Access License, de quem é representante. Segundo Antônio Barbosa, diretor-geral da seção brasileira da entidade, o curso atual tem carga de oito horas, entre atividades práticas e teóricas. “Somente em 2012, formamos cerca de 400 operadores de plataformas aéreas”, diz ele. “Mas o objetivo é certificar mil em 2013.”

No Instituto Opus, por usa vez, que já capacitou cerca de cinco mil operadores em diversas categorias de equipamentos, o certificado só é emitido após o aluno passar pelas provas de conhecimento prático e teórico, sendo que a nota média de corte é sete, reprovando automaticamente o aluno que obter menos de cinco. “Nossos cursos variam de 16 horas nos quais certificamos apenas a aptidão do operador até 80 horas, para atualização de profissional já experiente, mas que não teve uma formação inicial adequada”, explica Mello. “Já para a formação completa de um novo operador, o curso pode ter de 160 a 240 horas.”

Mas o diretor adverte que não se trata de uma mera questão de carga horária, mas também de imprimir qualidade à formação. “Criamos nossos próprios parâmetros, pois, nesse aspecto, a legislação brasileira é muito genérica, exigindo apenas que o profissional seja capacitado por um instrutor habilitado sem especificar como deve ser essa habilitação”, avalia. “Na lei, não se define número de horas de treinamento, conteúdo programático e, tampouco, critérios de avaliação do aluno.”

Impasse

Como se vê, a certificação de operadores no Brasil ainda esbarra na falta de diretrizes claras. Conforme destaca Mello, a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) estabelece apenas que o postulante tenha o ensino fundamental e comprove a realização de um curso básico de qualificação de até duzentas horas.

Inevitavelmente, a questão da escolaridade mínima é muito criticada pelo mercado, criando um impasse entre déficit de pessoal e necessidade de maior qualificação. “Não há exigência maior de escolaridade na formação de operadores, apesar de o aluno precisar, por exemplo, ler e analisar os manuais de operação, que é a principal literatura de referência sobre os equipamentos”, exemplifica Juliano Cesar Costa, supervisor de serviços da Genie, marca de plataformas da Terex.

Ele recorda, entretanto, que no ano passado alguns fabricantes de equipamentos, empresas de locação e integrantes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) se reuniram para definir diretrizes e padronizações de treinamento operacional no segmento de plataformas de trabalho aéreo. Dessas reuniões, como revela Costa, resultou um documento que será adicionado à Norma Regulamentadora 18 (NR-18), que trata do trabalho em alturas elevadas.

Oportunidade

Em relação ao nível técnico da mão de obra brasileira, o avanço do setor como um todo pode estar começando aqui. Isso porque, a partir da publicação dessas alterações, todo operador de plataforma aérea de trabalho (PTA) deverá ser certificado de acordo com a NR-18, como lembra Barbosa, da Ipaf Brasil.

Segundo ele, as alterações na normalização devem ser publicadas ainda no primeiro trimestre de 2013. “As exigências legais e normativas eram realmente muito vagas, algo que certamente irá mudar com o novo texto da NR-18”, diz.

A maior exigência normativa, de acordo com o diretor, é consonante à evolução do mercado e pode significar uma oportunidade de virada do jogo. “Cada vez mais, estamos percebendo que os contratantes de plataformas aéreas um mercado cuja venda de máquinas é majoritariamente para empresas de locação estão começando a exigir que os operadores sejam certificados por empresas ou instituições especializadas”, diz ele. Nesse sentido, resta esperar que os demais segmentos sigam pelo mesmo caminho.

Solaris treina clientes de locação

Certificada pelo Ipaf desde 2011, a locadora de plataformas aéreas de trabalho também oferece treinamentos para operadores. Recentemente, a empresa anunciou que está investindo na reestruturação do seu programa de treinamentos, que inclui ainda a classe de manipuladores telescópicos, passando a oferecer um número limitado de certificações como cortesia.

De acordo com a empresa, a iniciativa foi tomada para aumentar o padrão de qualidade dos operadores brasileiros. “Essa e outras medidas darão maior sustentabilidade ao plano de intensificar a qualidade dos nossos processos de treinamento, mantendo os altos níveis de segurança pelos quais somos reconhecidos no mercado”, diz Paulo Esteves, diretor da Solaris.

 

 

 

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