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Revista M&T - Ed.246 - Agosto 2020
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Coluna do Yoshio

A construção do futuro

Entre míopes laborais e hipermétropes funcionais, falta a conexão entre o agora e o futuro. Esta conexão é o que traduz as visões em realidade, transformando ideias em fatos concretos

Quando o assunto são as faculdades anatômicas humanas, certamente muitos considerarão que a visão é o mais importante dos nossos sentidos. A despeito da adaptabilidade de muitos deficientes visuais, é evidente que sem esta faculdade as atividades mais corriqueiras da vida humana tornam-se muito mais complicadas.

Em um estágio intermediário entre a visão humana perfeita e a mais completa escuridão existem outras formas de limitações que também comprometem nossa capacidade de discernir os fatos e as coisas desta vida. Em oftalmologia, as disfunções mais comuns incluem a miopia e a hipermetropia. Muitos convivem cotidianamente com estas dificuldades, que são corrigidas pelas lentes e óculos adotadas como solução paliativa.

Mas já há soluções mais modernas – e eficazes – para estas distorções, incluindo cirurgias e transplantes.

Todavia, para além do caráter biológico, a visão turva também tem um aspecto filosófico, que passa pela metáfora. Quando pensamos no atual governo brasileiro, por exemplo, uma das situações tragicômicas – talvez mais trágica do que cômica, ao gosto do freguês – repousa sobre a má impressão que nos causam alguns dos políticos mais influentes da atualidade.

Em muitas ocasiões, o nosso governo parece míope, com total incapacidade de enxergar muito além do próprio nariz. Só os fatos mais corriqueiros e imediatos conseguem participar de seu universo de atuação, como se todo o resto não existisse. São ocasiões em que ficamos a imaginar se é para isso que elegemos alguém. Afinal, não deveriam as esferas do poder tratar de coisas mais sérias ou urgentes?

Outros, porém, parecem sofrer de hipermetropia. Enxergam tão-somente o “ponto futuro” que querem alcançar. Assim, são incapazes de perceber o que deveriam f


Quando o assunto são as faculdades anatômicas humanas, certamente muitos considerarão que a visão é o mais importante dos nossos sentidos. A despeito da adaptabilidade de muitos deficientes visuais, é evidente que sem esta faculdade as atividades mais corriqueiras da vida humana tornam-se muito mais complicadas.

Em um estágio intermediário entre a visão humana perfeita e a mais completa escuridão existem outras formas de limitações que também comprometem nossa capacidade de discernir os fatos e as coisas desta vida. Em oftalmologia, as disfunções mais comuns incluem a miopia e a hipermetropia. Muitos convivem cotidianamente com estas dificuldades, que são corrigidas pelas lentes e óculos adotadas como solução paliativa.

Mas já há soluções mais modernas – e eficazes – para estas distorções, incluindo cirurgias e transplantes.

Todavia, para além do caráter biológico, a visão turva também tem um aspecto filosófico, que passa pela metáfora. Quando pensamos no atual governo brasileiro, por exemplo, uma das situações tragicômicas – talvez mais trágica do que cômica, ao gosto do freguês – repousa sobre a má impressão que nos causam alguns dos políticos mais influentes da atualidade.

Em muitas ocasiões, o nosso governo parece míope, com total incapacidade de enxergar muito além do próprio nariz. Só os fatos mais corriqueiros e imediatos conseguem participar de seu universo de atuação, como se todo o resto não existisse. São ocasiões em que ficamos a imaginar se é para isso que elegemos alguém. Afinal, não deveriam as esferas do poder tratar de coisas mais sérias ou urgentes?

Outros, porém, parecem sofrer de hipermetropia. Enxergam tão-somente o “ponto futuro” que querem alcançar. Assim, são incapazes de perceber o que deveriam fazer hoje para alcançar o porvir sonhado. Perdem-se ao redor de seus próprios pés na incapacidade de definir o próximo passo, enquanto discorrem sobre o grande cenário futuro, ou o seu “Big Picture”.

E o mesmo ocorre nas empresas, tanto quanto no governo e nas esferas políticas. Algumas figuras são excepcionais para desenhar uma visão grandiosa do futuro e traçar objetivos para a organização. Outros são excepcionais unicamente em solucionar as questões operacionais e táticas. Entre tais míopes laborais e hipermétropes funcionais, falta uma conexão entre o agora e o futuro. Esta conexão é o que traduz as visões em realidade, transformando ideias em fatos concretos.

Tal visão conectora é a estratégia que transforma a ideia projetada em ações, estabelecendo um caminho para que as organizações e países possam prosperar. Justamente o que mais nos falta hoje – no governo, na sociedade e nas organizações – para encontrarmos o caminho da construção do futuro.

*Yoshio Kawakami é consultor da Raiz Consultoria e diretor técnico da Sobratema

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